Economia
“Dano geológico em AL” faz parte de nova proposta de venda da Braskem
A Unipar anunciou no sábado proposta não vinculante para aquisição indireta do controle acionário da Braskem
Maior produtora de cloro e soda da América do Sul, a Unipar Carbocloro fez uma oferta de compra do controle acionário da Novonor (antiga Odebrecht) na Braskem.
Em aproximação com bancos, Petrobras e Novanor há cerca de um ano e meio, a Unipar divulgou fato relevante para o mercado no sábado (10) à noite, informando que está negociando com a Novonor e os bancos credores da Braskem a aquisição do controle acionário, através de uma oferta não vinculante.
No fato relevante (veja aqui) a Unipar deixa claro que antes da conclusão das negociações espera que a Braskem chegue a um acordo final sobre os danos geológicos em Alagoas. Na prática isso quer dizer que a Unipar pode comprar Braskem deixando o passivo ambiental no estado para os atuais acionistas.
“Adicionalmente, caso ainda haja alguma questão em aberto sobre o dano geológico em Alagoas, a Companhia espera haver a negociação final de uma solução, de forma satisfatória a todos os agentes públicos e partes prejudicadas”, diz trecho do fato relevante.
Leia a esse respeito trecho de reportagem da Revista Exame:
“Foi fechado acordo só com a esfera municipal e não teve nada com a esfera estadual. Ninguém vai entrar nesse negócio para pagar a conta do que foi feito no passado. Isso é uma responsabilidade dos acionistas atuais da Braskem. Ninguém vai assumir esse risco”, diz uma pessoa familiarizada com a negociação. O interesse da Unipar é que seja contratada uma auditoria externa à Braskem para apuração e levantamento de todos os valores a serem indenizados, apurou a EXAME Invest. O entendimento é de que o valor provisionado terá de ser revisado para cima. Até março, o saldo em provisão era de R$ 6,08 bilhões. Em abril a Justiça bloqueou R$ 1 bilhão das contas da Braskem a pedido do Governo do Estado.
A proposta
A Unipar anunciou no sábado proposta não vinculante para aquisição indireta do controle acionário da Braskem, atualmente de titularidade da Novonor (ex-Odebrecht) – que detém 50,1% do capital votante e 38,3% do total do capital social.
Esta é a segunda proposta de compra da Braskem nas últimas semanas.
A proposta prevê pagamento parcial dos bancos credores. A dívida é de cerca de R$ 15 bilhões.
A Unipar também quer negociar a participação da Petrobras na operação, na sequência, “buscando um formato satisfatório para todas as partes envolvidas”. A estatal detém 36,1% da Braskem.
Segundo o presidente do conselho da Unipar, Bruno Uchino, a proposta prevê um equilíbrio entre os interesses e necessidades da Novonor, Petrobras, acionistas minoritários e bancos credores da Braskem. “Temos uma postura de composição que resulta de mais de um ano de estudos e considerações, até chegarmos ao formato atual, que representa a melhor alternativa em um cenário com tantos stakeholders”, diz em nota enviada pela empresa.
Credores
A operação prevê o pagamento parcial dos bancos credores e uma renegociação para o saldo da dívida remanescente. Hoje, cinco bancos detém as ações de controle da Braskem como garantia: Santander, Banco do Brasil, BNDES, Bradesco e Itaú Unibanco.
Não vinculante – o que é:
Quer dizer que ainda não há um compromisso definitivo, e as condições de negociação podem se alterar, ou mesmo uma das partes desistir, sem que haja nenhuma de espécie de ônus para ambas as partes.