Economia
'Haddad é meu ministro. E não vamos fazer ajuste fiscal em cima dos pobres', diz Lula
Presidente blinda ministro da Fazenda, assegura que enquanto for presidente ele não será enfraquecido e que não será refém de um sistema financeiro que domina a imprensa brasileira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu categoricamente o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, como co-piloto de seu projeto de governo de inverter prioridades e de incluir os pobres no orçamento. "Eu não sou presidente de um ano e já vivi isso muitas vezes: estamos cada vez mais reféns de um sistema financeiro que praticamente domina a imprensa brasileira", lamentou, observando que a questão do déficit fiscal sempre tem muito mais destaque no noticiário do que os juros de 10,25% ao ano mantido pelo Banco Central, antes uma inflação inferior a 4%.
"Enquanto isso fazem festa para o presidente do Banco Central em São Paulo. Normalmente os que foram na festa devem estar ganhando dinheiro com a taxa de juros. Então, a questão econômica é coisa séria."
Lula identificou uma campanha em andamento nos meios de comunicação e em alguns setores na tentativa de fragilizar o ministro Fernando Haddad em meio a dificuldades no Congresso de emplacar ações que melhorem a arrecadação do governo. Por exemplo, o fim das desonerações que diminuem as contribuições previdenciárias de 17 setores empresariais.
"O Haddad jamais ficará enfraquecido enquanto eu for presidente da República. Ele é o meu ministro da Fazenda, escolhido e mantido por mim. Então, é o seguinte: se o Haddad tiver uma proposta, o que vai acontecer? Ele vai me procurar esta semana pra discutir economia comigo", resumiu. "E eu quero antecipar: a gente não vai fazer ajuste (fiscal) em cima dos pobres."
Lula disse que os que "ficam criticando os gastos do governo" são os mesmos que foram para o Senado pressionar pela manutenção da desoneração dos 17 setores. E responsabilizou parlamentares e os grupos empresariais a apresentarem uma alternativa. Isso porque o governo propunha uma reoneração gradual em até três anos, e o Supremo Tribunal Federal espera por um acordo em 45 dias para não acabar com essas vantagens fiscais de uma vez só.
6ª economia, mas com ascensão social
O presidente lembrou aos jornalistas que seu o governo passou o primeiro ano construindo propostas para que o país consolide sua estabilidade de forma completa, em quatro níveis. "Nós fizemos o que ninguém esperava e que precisava ser feito. Fizemos a regulação do marco fiscal e aprovamos a reforma tributária. Nós estamos demonstrando a nossa seriedade de garantir estabilidade jurídica, estabilidade política, estabilidade econômica e estabilidade social. Isso está garantido", listou.
Ao reclamar que os opositores se preocupam mais com a questão dos gastos do que com os juros altos, criticou os que acham que é preciso piorar a saúde e a educação para acalmar os que se preocupam com o déficit fiscal. "Isso é feito há 500 anos no Brasil. Há 500 anos o povo pobre não participava do orçamento. Se não tem dinheiro, deixa o pobre pra lá. Isso não é possível", emendou. "Eu quero acabar com a pobreza neste país. Eu quer um país de classe média baixa, que possa comer, estudar, ir num restaurante usando terno, e ainda ir passear com sua família. É possível construir esse país."
Lula avaliou que ser um presidente que se preocupa com os pobres incomoda a elite e disse que "eu não acabo porque eu não sou eu, eu sou vocês, e represento as aspiração que uma parte do povo brasileiro tem".
Reiterou que trabalha por uma ascensão social dos pobres e que é desse modo que pretende reconduzir o Brasil à posição se sexta economia mundial, voltando a elencar compromissos. "Presta atenção: a economia vai crescer mais do que todas as previsões; vamos continuar gerando empregos; vamos continuar fazendo parcerias com o setor privado para gerar investimentos; e vamos continuar investindo em saúde e educação, porque precisamos dar ao povo o respeito que ele merece".
*Com Agência Gov