Direto do estado de Zumbi dos Palmares, o autodeclarado pardo, João Henrique Caldas, JHC (PL), prefeito de Maceió e candidato à reeleição, não possui nenhum tópico em seu plano de governo com temática racial. Apesar de ter criado, em 2023, um conselho de igualdade racial, não há menções sobre políticas de combate ao racismo ou sobre os trabalho do próprio conselho. 

Enquanto isso, adversários do atual prefeito na corrida eleitoral, Lobão (Solidariedade), Rafael Brito (MDB) e Lenilda Luna (UP), apresentaram destaques a essa questão. Os três candidatos inseriram o combate ao racismo como um dos pilares de seus respectivos planos de governo.Nina Tenório (PCO) e Rony Camelinho (AGIR), outros dois candidatos que disputarão as eleições deste ano, não possuem programas de combate ao racismo em seus planos de governo.

Os candidatos Lobão e Lenilda, tem como proposta a criação de secretaria de igualdade racial e combate ao racismo. Rafael Brito, por sua vez, prevê a promoção de campanhas de conscientização. 

A ausência de um plano claro sobre a questão racial evidencia a falta de preparo da gestão pública acerca do assunto. Em Alagoas, uma pessoa negra tem 23,7 vezes a chance de ser assassinada, aponta o dado do Atlas da Violência deste ano. Além disso, Maceió é a quarta capital do Brasil com a maior taxa (57,5) de homicídios de pessoas negras para cada 100 mil habitantes.

Ainda este ano, uma aluna da rede municipal sofreu racismo em sala de aula, o caso virou notícia nacional. Após o fato, a criança foi garota propaganda de uma campanha da prefeitura contra o racismo, mas parece que as ações de combate e conscientização de JHC terminaram por aí mesmo.

Mesmo não tendo nenhum projeto no plano atual, em 2023, JHC sancionou o Projeto de Lei que institui o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir), que tem a finalidade de promover a igualdade racial e atuar no controle social de políticas públicas relacionadas ao tema na capital alagoana.

Em 2023, a Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL), registrou 25 denúncias de racismo, um aumento de 80%, comparado ao ano de 2022.

De acordo com a Comissão de Promoção da Igualdade Racial da Ordem, os casos são diversos e vão desde discriminação racial no ambiente de trabalho, em lojas, nas escolas e no convívio público, mas, principalmente, no que se refere aos casos de racismo contra praticantes de religião de matriz africana.

*Estagiário sob supervisão