Manoel de Barros se foi em novembro do ano passado, mas deixou um baú de felicidades para seus leitores. Na arca simbólica, há coisas inéditas que devem chegar em breve às prateleiras das livrarias. Uma semana antes da morte do poeta, a Alfaguara adquiriu os direitos de publicação que antes pertenciam à Leya. Em março, a editora começou o relançamento da obra do matogrossense sob coordenação da artista plástica Martha de Barros, filha dele. 

O primeiro volume, Meu quintal é maior do que o mundo, é uma antologia de poemas coletados nos 18 livros que a editora pretende relançar. A seleção ficou a cargo de Martha, que queria um livro capaz de iniciar leitores novos. “O que buscamos foi não apenas suprir a necessidade imediata, como também lançar um formato inédito que contivesse um pouco de toda a obra: uma antologia”, explica. “Podemos atender não apenas a quem já é leitor e fã, mas também aos que não conhecem bem a obra, já que a antologia organiza e retoma cada fase da produção literária do poeta, como espécie de iniciação à poesia dele.”

A Alfaguara vai reeditar os infantis Poeminha em língua de brincar e Cantigas por um passarinho à toa e um volume de prosa da coleção Para ler na escola, com poemas voltados ao ambiente escolar. O novo projeto incorpora material iconográfico inédito - como manuscritos, desenhos e cartas - e os caderninhos do poeta. Em Meu quintal..., fac-símile de carta de Antônio Houaiss lembra como as palavras do poeta podem ser filtros contra “arrogância, exploração, estupidez, cobiça, burrice.”