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Prison Break retorna com mais do mesmo, mas isso não é ruim

Por Omelete 05/04/2017 10h10
Prison Break retorna com mais do mesmo, mas isso não é ruim

Condenado por um crime que não cometeu, Lincoln Burrows (Dominic Purcell) recebe ajuda do irmão, o engenheiro Michael Scofield (Wentworth Miller), para executar uma fuga impossível da prisão. A premissa de Prison Break sugeria uma série baseada em intrigas e ação, mas de vida curta. Para onde a trama caminharia depois da evasão prometida no título? Paul Scheuring, criador do programa, alongou essa resposta em quatro temporadas, colocando um ponto final em 2009. Ou não.

Inesperado, o retorno de Prison Break em 2017 é mais um dos revivals nascido do saudosismo fruto da proliferação dos serviços de streaming. Séries antigas se tornam novidade no catálogo de Netflix e Cia e ganham novos fãs. Assim, Scheuring transformou o ponto final de 2009 em reticências para criar novas perguntas a serem respondidas em nove capítulos.

Os dois primeiros episódios mostram que pouco mudou nos mais de sete anos entre a 4ª temporada e o revival. Visualmente, a fotografia “filtrada”continua a pontuar os diferentes cenários, com Iêmen sendo recriado em uma paleta alaranjada, enquanto nos EUA as cenas se limitam a cores frias. Os personagens continuam os mesmos, apenas com mais linhas de expressão, e os diálogos continuam limitados a trocas de frases de efeito e longas explicações.

Ser um drama profundo, porém, nunca foi a proposta de Prison Break. Seu atrativo está na despretensiosa teoria da conspiração que amarra a trama, na ação e no carisma dos personagens e das suas relações. Tudo mantido pelo revival. É como se a série continuasse de onde parou, aproveitando cada minuto com Lincoln, Michael, T-Bag (Robert Knepper) e Cia. em apenas mais uma temporada. As verdadeiras intenções da genialidade de Michael são questionadas, algo que deve servir mais para movimentar alguns episódios do que para questionar o arquétipo de bom moço atormentado do personagem. 

É uma forma datada de fazer TV, em uma época em que a qualidade narrativa e o experimentalismo da telinha chega muitas vezes a superar o cinema. Ao mesmo tempo, é um formato que explora a informalidade que ainda existe na televisão, que tem seu espectador em casa, à vontade, em busca de entretenimento depois de um dia de trabalho, não da transcendência da existência pela arte. Nesse sentido, o retorno de Prison Break é a pedida perfeita para um fim de noite. Com ação e um toque de sentimentalismo, mas nada que faça perder uma boa noite de sono.