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Projeto de lei torna hip hop patrimônio cultural de Maceió
Projeto de Lei que tramita na Câmara Municipal de Maceió e torna patrimônio cultural imaterial da capital a cultura hip hop e todas as suas manifestações artísticas foi apresentado na manhã desta segunda-feira (16), durante audiência pública no Plenário da Casa. O projeto é de autoria do vereador Silvânio Barbosa (MDB), que convocou o debate para discutir a temática e iniciativas que possam contemplar o movimento hip hop.
O parlamentar fez a apresentação do projeto e lembrou que não vê uma política permanente de órgãos públicos voltadas para o hip hop, daí a importância da matéria que se encontra na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e da discussão em torno do assunto. O parlamentar disse ainda que foi procurado por grupos de jovens no ano passado, o que despertou nele, enquanto vereador, a necessidade de ampliar a discussão de políticas para a juventude.
“Não sou vereador apenas do Benedito Bentes. Como vereador, temos que trabalhar a política de toda Maceió”, ele disse, ao citar a realização do 1º Encontro de “MCs” no bairro, durante o réveillon, que reuniu quase 40 mil pessoas.
“Estamos programando o segundo encontro e qualquer bairro que quiser agregar pode participar”, afirmou, ao apresentar em detalhes o Projeto de Lei, que em um de seus artigos diz que “compete ao Poder Público assegurar e fomentar a cultura do hip hop, a realização de suas manifestações próprias, sem quaisquer regras discriminatórias, nem diferentes das que regem outras manifestações da mesma natureza”.
O superintendente de Formação e Difusão Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, Edlúcio Donato, informou que desde 2015 vêm sendo desenvolvidas diversas oficinas e cursos em bairros como o Ouro Preto e Osman Loureiro, nas quais o hip hop está inserido, além do Festival Encantos que será realizado em maio, no Centro de Convenções, em Jaraguá, que também contempla o hip hop. “É a oportunidade para vocês se inscreverem”, disse.
RESISTÊNCIA -Geison Santos, representante da Via Hip Hop, no Village Campestre, fez a defesa da manifestação como instrumento de libertação dos jovens negros e da periferia. Destacou a importância do debate na Câmara e disse que “o hip hop é um movimento de resistência negra”, por isso defendeu que o projeto de lei seja destinado especificamente a este público.
“É preciso traduzir o que representa essa cultura pra gente. Maceió é uma das capitais que mais matam jovens negros no mundo. Jovens que estão fazendo cultura enquanto morrem. O hip hop precisa ser entendido não apenas como ferramenta de cultura, mas de transformação de vida. Qual a política que a gente tem para a juventude? A de criminalização. O que estamos discutindo aqui é uma política de vida ou morte. No Village Campestre, por exemplo, a gente não tem uma praça pública, como vai fazer hip hop?”, questionou Geison Santos.
Marcos Sampaio, representando a Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), disse reconhecer que não houve avanços no diálogo com os movimentos hip hop. “Acho que essa audiência pode abrir essa instância de diálogo. Nos colocamos abertos para executar políticas que venham contemplar esses movimentos, que precisam e devem ser ouvidos pelo Poder Público. Trazer a juventude para dentro da arte, para que possamos enfrentar essa difícil fase de violência em nossa cidade é, com certeza, um dos caminhos”, disse.