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Artesã alagoana Sil de Capela expõe sua arte no Museu Théo Brandão nos próximos meses

Por Agência Alagoas 20/05/2019 11h11
Artesã alagoana Sil de Capela expõe sua arte no Museu Théo Brandão nos próximos meses
Reprodução

Mãos no barro, muita imaginação e uma faquinha pra moldar os detalhes finais. As peças de Sil da Capela, artesã alagoana com talento de sobra, não precisam de nada muito grandioso para começar a nascer. Seu dom já dá conta do recado.

 

Nascida no município de Cajueiro, Maria Luciene da Silva Siqueira, nome original de Sil, trabalhou desde muito cedo, aos oito anos, em canaviais da Zona da Mata alagoana para ajudar na criação dos 11 irmãos mais novos junto aos pais no povoado onde morava.

 

Só aos 16 anos a cidade Capela adotou Sil. Foi lá que nasceu sua primeira filha, Cristina, diagnosticada com autismo. Em busca de novas oportunidades para a família, a artesã participou de uma oficina para mães com filhos especiais, ministrada pelo ceramista João das Alagoas, mestre do Registro do Patrimônio Vivo do estado. Daquele em dia em diante sua vida começou a mudar. 

 Sil de Capela  (Foto: Thiago Sobral)

Depois de descobrir e persistir em seu talento e a aperfeiçoá-lo, Sil da Capela fez do barro o alicerce para o seu sucesso. Hoje, a ex-cortadora de cana é considerada por especialistas da área uma das mais expressivas artistas populares do Brasil, e já teve seu trabalho exposto em museus como o Museu Afro, em São Paulo. A artesã coleciona um bom número de clientes que são galeristas de todo o Brasil e suas esculturas já foram para o México, Espanha, França e Estados Unidos. Mas, apesar de sua arte ganhar o mundo, Sil ainda não se vê longe da cidade que a adotou. “Eu e Capela nos pertencemos, ainda não me vejo morando em outro lugar”, conta a artesã.

 

Discípula de João da Alagoas desde seu início como artesã, Sil acompanhou a reforma do Ateliê de João, em Capela, e reconhece aproximação do Governo do Estado como essencial na valorização de sua arte. Com investimentos na ordem de R$ 200 mil, a reforma do Ateliê João das Alagoas, em 2018, foi parte do Programa Alagoas Feita à Mão, marca criada pelo Governo com o objetivo de divulgar a arte produzida no Estado. Suas novas acomodações agora facilitam o comércio, movimentam a economia local e dão o devido reconhecimento à arte popular feita por Sil e outros artesãos do município.

 

Na mídia

Aos 39 anos, Sil com seu notável trabalho já passou por algumas boas experiências. Em 2017, participou de uma novela da Globo (A Lei do Amor) interpretando a si mesma, contracenando com Reynaldo Gianecchini e Claudia Abreu, que interpretava uma galerista. Em 2019, a escritora pernambucana Naide Nóbrega produziu a biografia da artesã, intitulada “Do barro eu vim, do barro eu sou”, lançada em janeiro. 

 

Representando a arte popular e carregando consigo o exemplo de superação, Sil recentemente fez parte do quadro do Fantástico (Globo) “Mulheres Fantásticas”, onde foi comparada com Frida Khalo. “Fazer parte disso é muito importante em termo de conhecimento nacional e na valorização do artista, acaba enriquecendo muito o nosso trabalho. Ser comparada com Frida Kahlo parece um sonho, mais é real”, relembra. 

 

Exposição Sil

Com nova exposição, intitulada “Sil”, no Museu Theo Brandão, em cartaz desde o último dia 17, a artesã foi homenageada pelo equipamento cultural com a entrega do Prêmio Gustavo Leite de Artista Popular do Ano.  A mostra conta com 12 peças da artista alagoana feitas de sonhos, garra, fé e barro, além de fotografias das peças, de autoria do fotógrafo Thiago Sobral. As obras da alagoana retratam brincadeiras de infância geralmente com uma Jaqueira, marca registrada da artista, presente na escultura. 

 

“Receber esse prêmio me deixa bastante emocionada. Expor, me traz uma felicidade enorme. Eu ainda não me considero a melhor artesã porque aqui em Alagoas existem muitos artistas renomados, mas me sinto orgulhosa de estar fazendo parte da sociedade artística, principalmente na minha terra”, comemora.

 

O evento, realizado pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), por meio do Museu Theo Brandão, conta com o patrocínio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), da Prefeitura de Capela e com o apoio do curso de Design da Ufal.