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Pedro Cabral e sua Teia de Sentidos no Complexo Cultural Teatro Deodoro
Exposição entra em cartaz na quinta-feira (10/10) e fica até 17 de novembro, com visitação diária e gratuita
A arte vai muito além da beleza, assumindo vários papéis cruciais na sociedade. Por meio dela, artistas buscam alertar, educar, esclarecer, questionar, protestar, chamar a atenção dos espectadores sobre a função social de cada um diante do mundo. Neste contexto, o alagoano Pedro Cabral toma para si a responsabilidade de unir arte e conscientização ao propor um olhar mais atento para o próximo.
“Teia dos Sentidos busca, por meio da arte, se posicionar favoravelmente pelos bons sentimentos inerentes aos seres humanos em sociedade. Num mundo ainda permeado por comportamentos inadequados à vida em sociedade, a intenção é propor um recomeço, a partir dos sentidos mais primários: os cinco sentidos físicos e o sensorial. Assim, desconstruo certas formas, como uma criança faz num castelo de areia, e tento de novo uma proposta alicerçada na harmonia onde cabe ouvir o amigo, a boa música, ver o sorriso de alguém ou a paz lunar, aspirar ou aspergir o perfume de uma flor no ser amado, sentir o sabor de um beijo, poder abraçar as pessoas, intuir o carinho. As obras nessa exposição tentam dizer isso”, explica o artista.
Com aproximadamente 40 obras, entre pinturas a óleo, em acrílico e instalação, a exposição Teia de Sentidos será aberta na quinta-feira (10/10), às 19h, no Complexo Cultural Teatro Deodoro, Centro de Maceió. As visitas podem ser feitas até 17 de novembro, de segunda a sexta, das 8h às 18h; as quartas, das 8h às 20h; e, aos domingos e feriados, das 14h às 17h. Grupos de escolas e instituições devem agendar a visita guiada pelo [email protected] ou (82) 9884-6885. A visita e o agendamento são gratuitos.
“É uma honra e uma alegria para a Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas receber o trabalho do Pedro Cabral, um artista muito talentoso, com uma bela trajetória, que nos presenteia com suas obras. Convidamos ao público que prestigie a arte do nosso povo, a exposição está muito bonita, com uma proposta muito interessante, vale a visita”, pontuou a diretora presidente da Diteal, Sheila Maluf.
Na mostra, os cinco sentidos físicos – audição, visão, palato, olfato, tato – serão constituídos cada um por três telas individuais de 1,20x1, 50m, num total de 15 telas. O chamado sexto sentido será composto por diversas obras de tamanhos variados, expressando, assim, uma cognição da realidade presente e sua intenção é despertar as intuições humanas, alicerçadas nos pressentimentos e nas impressões desprovidas muitas vezes de lógica. Elas tentarão também agregar o afeto, a alegria ou sua ausência com base nos sentidos físicos. A teia significa, numa alusão ao encadeamento cerebral, um conjunto de amarrações, células sentimentais necessitam do conjunto físico para salvaguardar as emoções, na tentativa de revalorizar os significados da vida, os sentidos humanos em sua convivência social. Um castelo de areia desmontado para renascer uma sociedade mais civilizada.
“Estar com a belíssima exposição Teia dos Sentidos, de Pedro Cabral, é certeza de mais um grande momento para a Galeria de Artes Visuais do Complexo Cultural Teatro Teodoro e, neste trabalho, reencontrar o ser humano, na pureza primária dos seus sentidos, sensibilidade e emoção, a arte nos permitindo um resgate existencial, sejam todos bem-vindos para esse abraço à vida”, disse o gerente artístico e cultural da Diteal, Alexandre Holanda .
Pedro Cabral conta como foi construída a concepção da mostra: “A exposição surgiu no momento em que dar um abraço na rua é um ato desconfortável. Beijar o ser humano é uma ofensa, atirar em alguém, não. Milhares de anos para a sociedade chegar ao século 21 com essas idiossincrasias. Um verdadeiro retrocesso, então, precisamos desconstruir e começar a sentir como primeiras aulas, os nossos próprios sentidos. E o que de bom eles têm para nos engrandecer. E retomar a vida em harmonia. O Complexo Cultural Teatro Deodoro é um dos maiores e melhores espaços de arte de Alagoas. Qual o artista, até de renome, que não sente prazer em atuar em uma de suas manifestações, como ator, cantor, artista visual? A mim, é como se eu pusesse meu nome num templo ”, revela Cabral.
Arquiteto e urbanista por formação acadêmica com mestrado em desenvolvimento sustentável, professor aposentado de Arquitetura e Urbanismo da UFAL, artista plástico por diletantismo, com várias participações em exposições coletivas, autor da novela: As picarescas aventuras de um célebre vigarista internacional, Pedro Cabral chega a sua quarta exposição individual. A curadoria é de Geísa Brayner.
“Descobri que os conceitos narrados por Pedro Cabral irrompem em cada pincelada de cor, poesia e sedução, em cada explosão de movimento, de luz e sombra, provocando o observador a tecer os seus próprios sentidos; que seu enredo é feito de memória, evocada com delicadeza e sensibilidade, das cores fortes desse lugar tropical do seu pertencimento e da poética do artista-arquiteto que o constitui; que sua trama desperta os sonhos e os desejos insaciáveis, por vezes esquecidos em nós. O olhar sobre a produção de Pedro Cabral revela, por um lado, o contínuo amadurecimento do seu fazer artístico e, por outro, o intenso e permanente diálogo que tece, por meio dela, com o mundo e com a vida”, observa a curadora.