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Cultura aposta em novas ações e amplia investimentos em 2019
O ano de 2019 foi de investimentos para a Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC). Em julho, a fundação anunciou uma destinação histórica de R$ 7 milhões e 770 mil em ações que movimentaram a cena cultural da capital alagoana, no segundo semestre deste ano. O anúncio aconteceu uma semana após a realização de uma das festas de São João mais bem sucedidas da atual gestão, que, desde 2013, tem apostado na disseminação e valorização das manifestações culturais de Maceió.
Os R$ 7 milhões e 770 mil possibilitaram a instalação de duas novas esculturas de personalidades alagoanas feitas de bronze, a confecção de novos figurinos de folguedos, a implantação da nova fase da Rede de Pontos de Cultura de Maceió e a produção de 33 projetos audiovisuais.
A primeira escultura foi inaugurada em 30 de julho, no Corredor Vera Arruda, em homenagem à médica psiquiátrica Nise da Silveira. Já a segunda, inaugurada em 3 de setembro, na orla marítima da Jatiúca, é dedicada ao escritor Lêdo Ivo.
Os dois monumentos foram feitos pelo artista plástico e escultor mineiro Léo Santana, que também assina a famosa escultura do poeta Carlos Drummond de Andrade, instalada no calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro, e as esculturas de Graciliano Ramos, Aurélio Buarque de Holanda e Paulo Gracindo, posicionadas na orla marítima de Maceió.
A maior parte do recurso foi destinada ao Edital do Audiovisual de Maceió, que está viabilizando a produção de 12 curtas-metragens, 3 longas-metragens, 3 festivais nacionais de cinema, 3 telefilmes, 8 cineclubes, além de garantir ações de capacitação voltadas ao segmento, por meio de uma parceria da FMAC com a Agência Nacional de Cinema (Ancine). A chamada pública selecionou 33 projetos a serem executados a partir do próximo ano.
Ulisses Arthur, jovem cineasta de 25 anos, foi um dos selecionados na categoria Longa-Metragem. Para ele, a iniciativa da Fundação conduz o talento alagoano à materialização de bons projetos no campo do audiovisual.
“Eu acho que esse edital é de uma importância extrema em muitas esferas porque quem dá certo no cinema, quem sobrevive vivendo de cultura, é quem consegue criar em volta de si uma boa estrutura de trabalho. Às vezes, é muito difícil produzir ‘fora da curva’, quando não se tem um incentivo”, disse o cineasta.
Ulisses Arthur, que carrega em sua bagagem autoral as produções “CorpoStyleDanceMachine” (2017), “As Melhores Noites de Veroni” (2017) e “Ilhas de Calor” (2019), alcançou a primeira posição da categoria Longa-Metragem com o projeto cinematográfico “Não Estamos Sonhando”. Segundo o cineasta, o segmento passa por um momento de efervescência, em Maceió, apesar do cenário de incertezas da produção audiovisual brasileira.
“A comunidade do audiovisual está maior, está expandida, está ganhando visibilidade. E o filme consegue circular de uma maneira muito interessante. É um arquivo digital que pode ser exibido num festival no Rio de Janeiro ou numa escola pública da periferia de Maceió porque ele cabe em múltiplas telas e toca diferentes públicos”, destacou.
Outra iniciativa, incluída neste pacote de investimentos, foi o lançamento do edital destinado à produção de novos figurinos de folguedos. Com o intuito de valorizar e dar visibilidade às tradições e manifestações da cultura popular local, a Fundação selecionou 20 grupos de folguedos, atuantes na capital alagoana e nos municípios da região metropolitana, para que estes tivessem seus figurinos renovados. A ação contou com um investimento de R$ 100 mil.
A valorização da cultura popular tem sido uma das prioridades da atual gestão da Fundação. Neste ano, além das duas edições do projeto Giro dos Folguedos, realizadas no Centro e no Pontal da Barra, os grupos culturais também tiveram a oportunidade de participar do Natal dos Folguedos, uma iniciativa que cresce a cada ano e encanta maceioenses e turistas, levando cores e ritmos à orla marítima.
Um dos momentos mais emblemáticos da edição deste ano do Natal dos Folguedos foi o cortejo de abertura do evento, realizado no dia 24 de novembro, com a participação de 100 grupos culturais de Maceió e de municípios da região metropolitana. O cortejo foi iniciado no antigo Alagoinhas e seguiu em direção à Praça Multieventos, onde aconteceu, no mesmo dia, o acendimento da iluminação temática de Natal.
O Fandango do Pontal, que desfilou ao lado da Chegança Silva Jardim, de Coqueiro Seco, sob o carro alegórico Nau Catarineta, foi uma das atrações do cortejo. Para o coordenador do grupo, Jorgeval Santos Lisboa (Vavá), as iniciativas do Poder Público são fundamentais para a manutenção das tradições populares. “A gente reconhece o esforço da FMAC, que tem criado oportunidades para os nossos folguedos através da realização de eventos que dão visibilidade para a nossa cultura popular”, disse.
“O fandango, que é um dos folguedos mais antigos do nosso País, originado nas grandes navegações dos séculos XV e XVI. Foi trazido para o Pontal da Barra na década de 1930 e, agora, através de iniciativas como o Natal dos Folguedos, temos oportunidade de mostrar os nossos folguedos para o mundo”, finalizou.
Neste ano, além do Natal dos Folguedos e Giro dos Folguedos, a agenda cultural de Maceió contou com os polos carnavalescos, Xangô Rezado Alto, festas literárias, São João, 27º Festival de Bumba Meu Boi, Vamos Subir a Serra, Festa das Águas e os eventos 9ª Bienal Internacional do Livro e Jazz Panorama Ao Vivo, que receberam apoio da FMAC.
O que vem por aí
A Rede Municipal de Pontos de Cultura de Maceió, que já beneficiou cerca de três mil alunos de escolas municipais da capital com atividades de dança, cultura popular, teatro, circo, literatura, cultura afro-brasileira e música, irá ampliar o número de crianças atendidas. A partir do próximo ano letivo, serão cerca de seis mil estudantes atendidos.
O projeto Ginga Capoeira, que realiza oficinas de capoeira em oito escolas da Rede Municipal de Ensino, beneficiando cerca de 400 alunos, também irá dobrar o número de escolas e, consequentemente, de estudantes atendidos. Em 2020, o projeto beneficiará 800 alunos por meio de oficinas promovidas em 16 unidades de ensino de Maceió.
Além disso, após alcançar bons resultados através de iniciativas realizadas em escolas públicas de Maceió, a Fundação ampliará a parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semed), no próximo ano, com a implantação do projeto Folguedos na Rede, em que 20 mestres da cultura popular alagoana irão colaborar com a formação de cerca de seis alunos de escolas municipais da capital.
Com a implantação do Folguedos na Rede e a ampliação da Rede de Pontos de Cultura e do Ginga Capoeira, a Fundação irá investir R$ 2 milhões e 200 mil em recursos próprios, e também oriundos de emendas parlamentares. À frente da FMAC desde 2013, o gestor Vinicius Palmeira tem boas expectativas para o próximo ano.
“2019 foi, sem dúvida alguma, um dos anos mais produtivos da nossa gestão. Apesar de todos os desafios enfrentados, diante de um cenário difícil para a cultura em nosso País, encerramos o ano com a sensação de dever cumprido e já vislumbramos mais trabalho e mais avanços para o próximo ano, que promete bons resultados, sobretudo, para os segmentos do audiovisual e da cultura popular, que também estão sendo inseridos em nossas escolas”, destacou.