O escritor chileno Luis Sepúlveda morreu hoje (16), aos 70 anos, na Espanha, em consequência da doença covid-19. A confirmação veio da Porto Editora.

Sepúlveda estava internado desde o final de fevereiro num hospital de Oviedo, onde foi diagnosticado com a doença. Os primeiros sintomas ocorreram dias antes, quando esteve no festival literário Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim.

A ministra chilena das Culturas, Artes e Património, Consuelo Valdés, lamentou a perda através das mídias sociais. "Hoje amanhecemos com uma notícia muito dolorosa e triste. A vida de Luis Sepúlveda apagou-se devido à covid-19 e a sua partida nos deixa em silêncio, a tentar assimilar a magnitude desta pandemia e a enorme perda para as letras no Chile e na Ibero-América", disse em publicação compartilhada na sua conta oficial no Twitter.

O Governo da Argentina também lamentou através da conta oficial do Ministério da Cultura no Twitter. "Autor de romances, contos, guiões e realizador de cinema. Militante comprometido, viajante incansável, foi perseguido pelo Governo de Pinochet. Um grande defensor do Meio Ambiente e da diversidade cultural", diz a publicação.

Luis Sepúlveda nasceu no Chile no dia 04 de outubro de 1949. Estreou nas letras em 1969, com "Crónicas de Piedro Nadie" ("Crónicas de Pedro Ninguém"), dando início a uma bibliografia de mais de 20 títulos, que inclui obras como "O Velho que Lia Romances de Amor" e "História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar".

Além da escrita, a sua vida foi marcada também por forte atividade política, tendo sido expulso de Moscovo, em 1970, onde estudava graças a uma bolsa conseguida através de um prémio literário, e posteriormente, regressado ao Chile, expulso do partido comunista.

Entrou então no círculo mais próximo do Presidente Salvador Allende, que acabou por ser destituído e morto, e com a instituição da ditadura de Pinochet no Chile, foi parar à prisão, primeiro, e depois ao exílio.

Luis Sepúlveda tem toda a obra publicada em Portugal - alguns títulos estão integrados no Plano Nacional de Leitura -, e era presença regular em eventos literários no país.

O escritor era casado com a poetisa Carmen Yáñez, que também esteve hospitalizada e em isolamento.