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Orochi se consagra na cena rap e bate recordes de execuções em plataformas digitais

Das batalhas de rima do Tanque para o topo, o poderoso eco da voz do rapper gonçalense

Por O Globo 10/06/2020 08h08
Orochi se consagra na cena rap e bate recordes de execuções em plataformas digitais
Orochi - Foto: Divulgação/Pedro Darua

 Acostumado a vencer desde cedo as batalhas da vida e da poesia nas ruas de São Gonçalo, Orochi se consagra na cena rap e é hoje o brasileiro mais ouvido em plataformas digitais no segmento. Com 3,1 milhões de ouvintes mensais no Spotify, passou nomes como Emicida e Projota. Suas letras falam de amor e protesto e, em homenagem ao Dia dos Namorados, o rapper vai lançar nesta quinta-feira, no YouTube, o clipe da música “Vermelho Ferrari”, que faz parte do álbum “Celebridade”, apresentado em março.

Hoje com 21 anos, o cantor ficou conhecido aos 14 ao percorrer o circuito de batalhas de rap, com destaque na Batalha do Tanque, perto de onde morava, em São Gonçalo. Nessa época, Orochi participou do grupo de rap Modéstia Parte, que emplacou diversos hits como “Te encontrar”, “Cálices” e “Goles perdidos, somando mais de cem milhões de visualizações.

Provedor de sonhos

Orochi conta que passa a maior parte do isolamento social no seu estúdio, em casa, e que o período tem sido de inspiração e foco na produtora que está abrindo, a Mainstreet, para ajudar a alavancar o sonho de outros jovens na música. Suas lives também fazem sucesso.

— O álbum “Celebridade” é um projeto que venho produzindo há muito tempo, com cuidado e paciência, porque eu sou um cara muito perfeccionista no estúdio. E, quando estava tudo pronto, veio a quarentena. Mas como eu mesmo falo na música “Nova colônia”, “uma dificuldade é apenas um intervalo entre duas felicidades” — avalia Orochi, comemorando o sucesso e o retorno que vem recebendo nas redes sociais, com três milhões de seguidores no Instagram e mais de meio bilhão de visualizações de suas músicas do YouTube.

Sobre o momento de efervescência de manifestações antirracistas pelo mundo, o rapper acredita que, no Brasil, os protestos devem sair das redes sociais para as ruas :

— O que está acontecendo nos Estados Unidos é muito importante, um basta que está na garganta da galera preta há muito tempo. Só sinto que ainda falta esse sentimento por aqui, onde a cada 23 minutos morre um jovem negro. Parece que o racismo já é banal, e é preciso morrer um preto no exterior para chamar a atenção. Lutamos contra o racismo diariamente, escrevemos sobre isso nas nossas músicas. Uma hora, essa manifestação deve acontecer na vida real também — destaca.

Até lá, ele leva suas experiências para as composições. No início do ano passado, Orochi foi detido por porte de maconha e desacato à autoridade, mas a divulgação da notícia apontava equivocadamente que ele portava uma arma, o que, segundo ele, não consta do registro. O artista estava a caminho de um show na Região dos Lagos, quando foi parado pela Polícia Rodoviária.

Nove dias depois do ocorrido, o rapper lançou a música “Balão”, sabendo a importância da sua mensagem no rap. Com os versos “Quase que eu caio na ilusão, na ilusão/Mas vi que aquilo lá não era pra mim”, ele desabafa por quase ter tido o mesmo destino de muitos jovens negros do Brasil, a prisão.