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Clowns de Quinta apresenta a arte da palhaçaria em vídeo da Diteal
Uma arte milenar com uma missão nobre: fazer rir, que se mantém atual e necessária. Estamos falando do circo e seu universo repleto de magia, atividades, artistas, técnicas e estudos. Foi bebendo dessa fonte de inspiração, por meio de pesquisas e projetos, que surgiu o Grupo Clowns de Quinta, em Maceió, no ano de 2012, e se tornou uma referência quando o assunto é a arte da palhaçaria.
A Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (Diteal) convidou os palhaços Coxinha (atriz Nathaly Pereira), Salsichinha (Wanderlândia Melo), Frella (Elaine Oliveira) e Nores (David Oliveira) para a gravação de um vídeo apresentando um trecho de um espetáculo do grupo, contando a trajetória deles e trazendo depoimentos sobre esse trabalho.
Para assistir, basta acessar o site diteal.al.gov.br, as redes sociais ou o canal do Teatro Deodoro no Youtube.
“O Clowns de Quinta é um grupo com forte representatividade e importância nas artes cênicas de Alagoas. Seus integrantes já realizaram diversos projetos em parceria com a Diteal, seja com o intuito de formação de plateia e de profissionais das artes. É uma grande satisfação poder mostrar esse trabalho na nossa série de vídeos institucionais”, diz a diretora presidente da Diteal, Sheila Maluf.
O Clowns de Quinta realiza pesquisas e eventos artísticos na linguagem circense, tendo como foco principal o estudo do cômico e apropriação da linguagem do palhaço, com suas possibilidades para as formações e construções artísticas. O grupo é composto por graduados em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Alagoas - UFAL.
“Eu fiz uma oficina, em 2010, que a Secult/AL trouxe, com a pioneira do circo aqui em Alagoas, nossa referência, a Peró. Foi uma semana bem intensa, primeira que fiz relacionado ao artístico, ao palhaço, atuação, criação, improviso. Depois, a gente conseguiu estudar mais e, eu e Nathaly, decidimos formar o grupo, dois anos após. Em seguida, veio a formação do palhaço, voz, jeito, fala, o improviso, piadas...”, contou o ator David Oliveira (palhaço Nores).
A atriz Elaine Oliveira complementou: “O palhaço Nores bebeu muito da fonte dos circos tradicionais, já a gente veio desse percurso de ver a palhaçaria masculina e, quando a gente chega, começa a olhar pra esse lugar, fazer a nossa leitura de mundo e pensar como mulheres palhaças reagiriam nessas esquetes, que eram feitas por homens. A Nathaly fala muito bem disso, no trabalho acadêmico dela, que a nossa formação acabou se dando através do espetáculo Cenas Clownssícas e até hoje a gente refaz algumas leituras para a nossa linguagem de palhaçaria feminina, tanto de atuação, como do olhar da mulher palhaça”, explicou.
Em seu repertório, o Clowns de Quinta tem quatro encenações: “Cenas Clownssícas”, “Para Magnólia” e “Cabaret de Quinta”, além de eventos como: “Cadê meu nariz? Encontro de palhaços de Maceió” e “FEME – Festival de Mulheres Engraçadas”. Faz parte da trajetória do grupo também formações de palhaçaria, malabares, criatividade e improviso, por meio de oficinas e grupos de estudo.
“É uma grande intenção nossa, enquanto palhaços e grupo, ter esse viés de multiplicar. A gente já vem de olhar para esses outros palhaços e palhaças. Então, temos isso como compromisso de repassar e multiplicar a palhaçaria feminina, a palhaçaria como um todo”, conta a atriz Elaine Oliveira (palhaça Frella).
O gerente artístico e cultural da Diteal, Alexandre Holanda, destaca os diversos momentos em que os Clowns estiveram nos palcos administrados pela diretoria. “É uma satisfação muito grande para a Diteal receber esse tipo de expressão artística, que veio ganhando uma força muito grande na cidade. Já tivemos a grande alegria de ser parceiros no F.E.M.E, no Encontro dos Palhaços de Maceió com ações formativas, no Teatro Deodoro é o Maior Barato, um projeto muito importante na grade artística e cultural de Alagoas. Temos muito respeito e admiração pela forma profissional, de resistência, de luta com que eles realizam a arte deles, unem os artistas da palhaçaria, pesquisam o cômico, o humor, em Alagoas, já realizando grandes encontros, inclusive, com artistas de outros estados brasileiros e outros países”, pontuou.
O artista circense, Henrique Nagope, também comentou sobre o trabalho do Clowns de Quinta. “Eu acompanhei desde a descoberta dos palhaços até os primeiros ensaios, apresentações e, logo depois, outros grupos e acontecimentos surgiram. Em 2017, o Bora Circar surgiu, que é um movimento que agrega vários artistas independentes, de rua e de palco. E, logo em seguida, o Sururu Circo, outro grupo importante em Maceió. Teve o Mambembe, que esteve presente no Festival Ficar, movimentando muito a cena do circo local. O Clowns de Quinta é uma grande referência”, disse.
Ainda no vídeo, entre outros assuntos, o Clowns de Quinta fala sobre o ser palhaço. “Pra mim, é um estilo de vida. É como você escolhe olhar o mundo, a gente acaba vendo o mundo pelo viés do cômico, do engraçado. Toda tragédia tem o lado cômico. No momento que a gente se distancia um pouco dessa tragédia, encontra o riso. O palhaço é isso, o estilo de vida dele é olhar pro mundo enxergando essa potência criativa que a gente tem. Muitas vezes, achamos que não, que ficou na infância, mas a gente carrega ali com a gente, afirmou Elaine Oliveira (palhaça Frella).
A atriz Nathaly Pereira (palhaça Coxinha) acrescenta: “Ser palhaça, pra mim, é desconstrução e aceitação. Desconstruo aquela ideia monótona do dia, dos padrões da sociedade que a gente vai criando e aceito o que eu sou, como eu sou, e isso me traz outro olhar”, revelou.
Já para a atriz Wanderlândia Melo ser palhaça é “uma forma de existir no mundo, de ver as coisas e me relacionar com o mundo”.