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Material periciado pode conter músicas inéditas de Renato Russo
Discos rígidos de computador, CDs e cartuchos de gravação foram apreendidos na Operação Será
Os discos rígidos de computador, CDs e cartuchos de gravação apreendidos nesta segunda-feira, dia 26, pela Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) na Operação Será vão passar por uma perícia em busca de gravações inéditas do músico Renato Russo, líder da banda Legião Urbana morto em 1996. Um relatório apreendido nesta segunda dá conta da existência de pelo menos 30 músicas em versões inéditas gravadas por Renato. O material foi encontrado pelos agentes durante a Operação Será, deflagrada nesta manhã, em cumprimento de mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça do Rio, em dois estúdios de gravação e na residência de um produtor musical, no Centro e na Zona Sul do Rio.
Um inquérito que apura violação de direitos autorais foi instaurado na DRCPIM após o filho de Renato, Giuliano Manfredini, procurar a especializada há um ano. Giuliano, que é detentor dos direitos autorais do pai, procurou a especializada para denunciar que um dono de um perfil fake nas redes sociais mencionava a existência de obras inéditas de Renato Russo. A Polícia Civil localizou quem estava por trás do perfil e apurou que ele havia entrado em contato com o produtor musical Marcelo Froes.
Nesta segunda-feira, o delegado Maurício Demétrio, que investiga crime de violação de direitos autorais, deflagrou uma operação para cumprir os mandados de busca e apreensão expedidos pela Justica. Além do relatório das versões inéditas também foram apreendidos HDs e cartuchos de gravação.
— Há indícios de que a denúncia feita pelo filho de Renato Russo estava correta e que há mesmo versões de músicas inéditas. Vamos agora analisar este material. Foi importante diligência realizada hoje. Foi possível arrecadar elementos de provas cruciais para a continuidade da investigação e esclarecimento total dos fatos — disse o delegado.
O filho do cantor Renato Russo, Giuliano Mafredini, já foi ouvido nas investigações, mas o delegado Maurício Demétrio disse que irá chamá-lo para depor novamente. A previsão é de que a investigação chegue ao fim em 15 ou 20 dias. Segundo o delegado, a polícia já sabe que as gravações mencionadas no relatório estariam numa gravadora.
— Foi feito um serviço (pelo produtor) a pedido de uma gravadora e há menções de canções e versões de canções inéditas. Nós temos que confrontar isso com o dono do direito autoral, que é o filho do Renato Russo. Queremos saber se ele tinha conhecimento deste material que está no chamado caixa-forte de uma gravadora — disse Demétrio.
O produtor musical Marcelo Froes seria ouvido ainda nesta segunda-feira na DRCPIM, mas seu advogado, Marcelo Tse, esteve na especializada e pediu remarcação da oitiva para quinta-feira.
O pesquisador musical e produtor Marcelo Froes creditou à “falta de comunicação” com Giuliano Manfredini, herdeiro do cantor e compositor Renato Russo, o mandado de busca em sua casa pela Polícia Civil.
— Conversei uma época com uma menina, a Ana Paula, que depois de um tempo eu descobri que não era uma menina, mas o cara do Arquivo Legião (Josivaldo Bezerra da Cruz Junior, que administra a página de fãs no Facebook, e que teve sua casa revistada pela polícia no ano passado, acusado por Giuliano de ter se apropriado de obras inéditas de Renato). Entrei de gaiato, devem ter achado uma dessas conversas e vieram bater aqui, fui surpreendido por um delegado querendo saber se eu tinha coisas da Legião Urbana — conta, chateado com o processo movido por Giuliano.
O pesquisador era amigo pessoal de Renato Russo e foi representante artístico da gravadora junto à família do cantor até Giuliano atingir a maioridade.
— Ele nunca me procurou, nunca demonstrou interesse em saber o que eu sabia. Infelizmente, ele virou as costas para todo mundo. Eu sempre fui aliado, sempre tentei ajudar — lamenta Froes.