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MC Rebecca e Elza Soares ressignificam adjetivos associados à negritude em novo single
“Por que que a fome é negra, se negra é a beleza?/ Se todo mundo canta e tá feliz, é que a coisa tá preta”. Esses versos de A coisa tá preta – composição inédita gravada por MC Rebecca com Elza Soares – dão o tom afetuosamente engajado da música que será lançada em single na sexta-feira, 27 de novembro.
Em A coisa tá preta, as cantoras cariocas ressignificam adjetivos relativos à negritude, atribuindo positividade a esses adjetivos até então envolvidos em aura de negatividade na sintaxe da língua portuguesa por conta do racismo enraizado na sociedade brasileira.
A conexão de Elza Soares com MC Rebecca no single A coisa tá preta é significativa por si só, até porque une duas artistas nascidas e criadas no subúrbio carioca em diferentes gerações e épocas. Rebecca Alves tem 22 anos. Elza completou 90 bravos anos em 2020.
Embora associada primordialmente ao funk carioca, MC Rebecca deu os primeiros passos artísticos no universo do samba, como passista da escola de samba Salgueiro, e desde que se lançou como cantora vem lutando para escapar do enquadramento em rótulos mercadológicos.
Elza Soares também veio orgulhosamente do mundo do samba, mas tampouco aceitou ficar restrita a nichos e segmentos musicais, extrapolando rótulos com a voz cheia de bossa negra, sobretudo a partir do álbum Somos iguais (1985).
Tanto Elza como MC Rebecca são exemplos de que o adjetivo preta deve denotar beleza e positividade.