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Comédia Alagoana é adaptada e será transmitida ao vivo
Peça era ensaiada ao vivo, mas durante a pandemia foi modificada e será transmitida pelo YouTube
Luz, palco em casa e ação! Foi assim que os integrantes do espetáculo de comédia “O Pastelão e a Torta”, do Instituto de Preparação para Cena (IPC) e Victor Satti Produções, conseguiram adaptar a obra, pensada inicialmente para os palcos do teatro e da rua, para o audiovisual por causa do isolamento social imposto pela Covid-19. O filme será exibido de forma gratuita neste sábado, às 20h, no canal do instituto no YouTube.
O projeto audiovisual foi contemplado pelo prêmio Funarte RespirArte, edital lançado em 2020 como um plano emergencial para seleção de trabalhos dos artistas do Brasil que foram afetados pela pandemia.
Com direção do ator Cleyton Alves, quatro atores e atrizes alagoanos interpretam seus personagens a partir de uma leitura dramatizada filmada durante a pandemia com seus próprios celulares. O espetáculo também tem a participação de um músico e da equipe técnica do IPC.
A história é uma farsa medieval e retrata a relação do rico e do pobre e os impactos desse contexto na sociedade.
“Este trabalho foi idealizado justamente para que a gente pudesse lançar algum material nessa época de isolamento social já que os teatros foram todos fechados, e já que a gente não tinha perspectiva de como e quanto apresentar este espetáculo. Daí a gente decidiu de apresentá-lo de forma remota", disse o diretor da peça.
Clayton contou ainda que o espetáculo vinha sendo ensaiado antes da pandemia. "A gente já estava no processo de ensaios presenciais, leitura de textos, construção de personagens, projeto de cenário, já estávamos dentro desse fluxo. A nossa meta era ter estreado em abril do ano passado, entretanto não conseguimos fazer isso por causa da pandemia, e o projeto parou”, relatou ele à reportagem.
Durante a preparação on-line, todos os atores estudaram o texto e cada um ensaiou separadamente, já pensando na fala do outro ator, para que na edição da filmagem eles saíssem como se conversassem entre eles, mesmo interpretando sozinhos em suas casas.
“A gente começou a fazer leituras do espetáculo e eu comecei a pensar como essas leituras poderiam ser transformada em um espetáculo remoto onde tivesse uma interação entre os atores, uns com os outros, mesmo sem eles estarem atuando no mesmo local, no mesmo espaço. A ideia seguinte foi bater texto com eles, deixar eles afiados com o texto. Eu comecei a dirigir um por um, separadamente, e já pensando na fala do outro ator, para que no momento que a gente fizesse a edição, ficasse o espaço da fala em uma conexão interessante para que não parecesse que os atores estivessem falando sozinhos, mas que parecesse que eles estavam contracenando ao mesmo tempo e se vendo”, disse Cleyton.
O ator e diretor David André é um dos integrantes do espetáculo e interpreta o personagem Gauthier. Ele está desde 2008 no teatro e contou a reportagem que nunca passou por uma experiência como essa e que está sendo uma sensação diferente. André explicou que a história do espetáculo é antiga, mas reflete nos dias atuais.
“No meu trabalho de ator, estudando o meu personagem, eu vejo esse espetáculo como uma crítica social sobre o machismo na sociedade. A experiência de participar do espetáculo durante uma pandemia foi extremamente diferente, mas eu tive uma sensação gostosa, de algo novo. Venho do teatro desde 2008 e nunca tinha passado por essa sensação, foi tudo on-line. As gravações foram feitas todas na casa de cada um. Foi todo um trabalho muito diferente e está sendo uma sensação maravilhosa. Espero que tenha um público muito bom e que as pessoas entendam a crítica social do espetáculo. Estou muito ansioso para estrear o trabalho”, disse David.
Ainda segundo o diretor do espetáculo, temas como a violência contra a mulher, a desigualdade social e a discriminação serão retratados no espetáculo não como uma piada, mas uma sátira que trata de uma forma crítica as ações da sociedade. Ele também contou à reportagem que foi uma surpresa ter o grupo entre os selecionados no edital da Funarte.
“Foi uma surpresa estar entre os grupos que foram selecionados no edital da Funarte porque raramente a gente vê um espetáculo de Alagoas sendo patrocinado ou aprovado em algo da Funarte. Segundo porque a concorrência é enorme nacionalmente, concorrendo a uma vaga para poder entrar entre os espetáculos que são exibidos. E o mais interessante ainda foi uma metodologia que a gente descobriu junto de como o espetáculo poderia ser feito on-line, e a metodologia acabou dando certo em outras áreas também. A gente fica muito feliz”, concluiu.