Entretenimento
Carla Diaz fala em entrevista sobre a descoberta de câncer
Participante confirmada do BBB21 contou detalhes da doença dias antes de entrar no reality
Carla Diaz, atriz e participante confirmada do BBB21, deu uma entrevista poucos dias antes de entrar em confinamento, falando sobre descoberta de câncer e carreira profissional. provavelmente já estava arrumando as malas.
Carla faz parte do grupo de dez famosos convidados para a nova edição do reality show, entre os 20 participantes selecionados.
A atriz passou por um turbilhão individual no ano passado, simultaneamente à pandemia do coronavírus, às vésperas de completar 30 anos, em novembro:
"A descoberta do câncer na tireoide foi o maior susto da minha vida. Assim como superei a fase ruim, desejo que o mundo todo recupere a saúde neste 2021."
Ansiedade à flor da pele
“Uma semana antes da pré-estreia dos filmes ‘A menina que matou os pais’ e ‘O menino que matou meus pais’, veio a pandemia, e os cinemas fecharam. Eu estava com a ansiedade a mil para esse lançamento, e entrei numa fase muito reflexiva. A frase que eu mais usava era: ‘Mãe, o que vai ser da minha vida?’. Porque é difícil ser artista e brasileira. Não sou de família rica. Trabalho desde os meus 2 anos de idade, amo o que faço, mas é muita instabilidade. Vários amigos artistas tiveram que voltar para a casa de seus pais porque ficaram sem trabalho e as contas não paravam de chegar. Mas a vida é tão louca, que dá respostas pra gente das mais variadas formas. A minha foi: ‘Carla, você tem coisas mais importantes com o que se preocupar’. Aí veio a descoberta do nódulo”.
A descoberta do nódulo
“O nódulo não tem sintoma algum, hoje eu sei, depois de tudo o que passei. Mas senti um desconforto no pescoço, uma sensação como se tivesse alguém apertando, e falta de ar constante, sempre depois do jantar, quando eu relaxava no sofá. Minha mãe tem hipotiroidismo, e levantou essa hipótese quando comentei com ela. Minha ginecologista me recomendou exames de rotina, e fiz um ultrassom, que descobriu um nódulo suspeito. Aí fui encaminhada para o endocrinologista. O médico me disse com toda a delicadeza do mundo que eu precisaria passar por uma biópsia. Foi quando comecei a me preocupar com coisas que, de fato, são importantes. Isso foi em julho. Tive que fazer duas biópsias, porque a primeira deu resultado indeterminado. É uma punção, em que colocam uma agulhinha no seu pescoço para chegar ao nódulo. A segunda detectou categoria 5 de malignidade. Foram três meses de tensão da descoberta de que era câncer até a cirurgia, em outubro. Um medo...”.
O apoio dos fãs
“No mesmo dia em que descobri o nódulo, ainda sem saber se era maligno, recebi uma homenagem, um clipe que meus fãs fizeram pra mim. Eles nem imaginavam pelo que eu estava passando. Isso me tocou muito. Emocionada, eu fui aos stories do Instagram falar que eles estavam me dando força sem saber. E acabei chorando, dividindo minha angústia com meus fãs. Muita gente coloca o artista no lugar de intocável, de perfeito. Somos seres humanos, que passam por vitórias e por problemas”.
Sem marcas
“Acompanhando minha mãe numa consulta ao otorrino, comentei com ele sobre a cirurgia pela qual eu precisaria passar. Ele me examinou também e diagnosticou que a sensação que eu tinha de aperto na garganta era causada por um refluxo. Não tinha a ver com a tireoide, mas me ajudou a descobrir o nódulo. Nada é por acaso, né? Além disso, ele me sugeriu fazer a retirada pela boca, um método novo que um amigo dele trouxe dos Estados Unidos. Na Ásia, essa operação é muito difundida, por uma questão cultural: as asiáticas que tinham marcas no pescoço, antigamente, eram consideradas adúlteras. Passei pela cirurgia indicada e não fiquei com cicatriz aparente. Como meu corpo é meu instrumento de trabalho de atriz, foi bom”.
A cura
“O nódulo era único e de um lado só da tireoide. Como era muito pequeno e foi descoberto logo no início, só tirei metade da glândula. Não precisei fazer iodoterapia, nenhum outro tratamento. A cura se deu com a cirurgia. Quando o médico me falou: ‘Você está curada, agora é vida normal’, foi a minha maior alegria. De seis em seis meses, vou ter que fazer exames para ver se a glândula está funcionando direitinho. Mas, por enquanto, tudo ok comigo”.
"A fé foi fundamental nesse período de incertezas", diz ela sobre a descoberta do câncer Foto: Reprodução de Instagram
Andar com fé
“A fé foi fundamental nesse período de incertezas. Eu digo que minha religião é Deus. Ser positiva me ajudou muito. Não foi fácil, eu sei quantas noites fiquei sem dormir. Mas me apeguei a uma energia superior, que me tranquilizou nos momentos mais complicados. Eu passei por várias fases. No dia em que descobri o nódulo, chorei muito. Mas, como o resultado da biópsia demorou, acho que o tempo e a força dos fãs e dos amigos foram me preparando psicologicamente para superar tudo. Quando soube que era maligno, óbvio, foi um susto, mas estava mais preparada”.
Drama documentado
“Até hoje, recebo mensagens de fãs desesperados, que passaram ou ainda passam pela mesma situação. Por isso, o documentário (‘Metamorfose’, de 15 minutos, está disponível no IGTV da atriz). Eu quis orientar quem pede a minha ajuda, entrevistando médicos especialistas. Pensei: tenho tantos seguidores, minha vida é exposta há tanto tempo, tem que haver um propósito além do trabalho. Queria passar algo de útil. Tudo foi feito de maneira caseira. Chamei um amigo diretor e criamos a simbologia da comparação entre a tireoide e a borboleta, porque a glândula tem esse formato. Minha piração foi querer gravar num borboletário, e achei um no interior de São Paulo. E aí teve uma borboleta que cismou comigo. Ela não desgrudava, posava na minha mão, no meu nariz, no meu peito. Quando fui reparar, tinha uma asinha quebrada. Era igual a mim. Estava querendo dizer que uma parte da minha asa estava pela metade, mas ia ficar tudo bem, eu ia voar da mesma forma. Eu saí de lá tendo a certeza de que tudo ia dar certo”.