Muito para além da música, o alagoano e independente Festival Carambola, é marcado em sua sexta edição pelos conceitos de representatividade, diversidade e afeto. Os shows serão realizados neste sábado (2) e domingo (3), no estacionamento do Parque Shopping Maceió, em Cruz das Almas e contam com artistas locais e de renome nacional como Céu, Gilsons e Tuyo.

De volta às apresentações presenciais, após um hiato de dois anos onde o Carambola resistiu e existiu de forma virtual, o publico alagoano poderá desfrutar de um festival idealizado, encabeçado e produzido por mulheres, mas que traz em seu line-up uma pluralidade de ritmos, gêneros e atrações para a cena artística e musical das Alagoas.

“Acho que pra gente do Carambola ter uma escalação diversa não é uma exigência: é fundamental”, diz Lili Buarque, uma das fundadoras do Carambola. Segundo ela, a diversidade tem a ver com a própria essência do evento e de quem o faz. "Nossos critérios acompanharam bastante o que o nosso público já vinha pedindo via redes sociais, fomos notando - e anotando, os sons que estavam ecoando a partir e entre eles”.

Cantora Céu vai apresentar seu novo álbum no Domingo (3) 

Ela conta que hoje o cuidado da curadoria para o evento vai além do equilíbrio entre homens e mulheres, mas que há uma preocupação em privilegiar também a cena lgbtqia + e pretos nos palcos do Carambola, além dos artistas locais e independentes.

A potência da nova musica brasileira será ecoada e celebrada em solo alagoano através de artistas como Jup do Bairro, que esteve recentemente no gigante Lollapalooza, os baianos Gilsons e Rachel Reis, essa última uma das grandes revelações da música nacional e o fenômeno pop Getúlio Abelha, diretamente do Ceará.

“São artistas que Maceió não via a hora de receber! Além disso, também observamos o que movimentou a cena nacional nos dois últimos anos como um todo e fomos atrás de projetos novos e que repercutiram muito bem Brasil afora”, explica Lili.

De Alagoas, o Carambola escalou o DJ Cleiton Rasta, que convida a artista Luana do Reggae, a banda Marinho e os cantores e compositores, LoreB, Cris Braun, Ítallo França e Naty Barros, nomes que representam muito bem o estado no panorama nacional.

A alagoana Naty Barros se apresenta no Festival

“A gente vibra e valoriza muito as produções do Estado de Alagoas, por compreender todas as dificuldades” diz Lili, que também é musicista. “Nossa inspiração somos nós mesmos, a riqueza da cultura alagoana e a vontade de fomentar a nossa própria cena”, completa.

Arte é vida

O Carambola disponibilizou de forma gratuita 50 ingressos para pessoas trans e travestis. De acordo com o Festival, essa iniciativa é uma forma de exercer a escuta e entender a posição do festival na sociedade, além de fundamental para criar uma rede de apoio que possa alavancar esse público.

Jup do Bairro - Divulgação

“Conseguimos organizar uma porcentagem das nossas entradas para este público específico por entender que a realidade financeira da comunidade T muitas vezes não contempla um ingresso de festival. Ainda é um gesto simples e pequeno diante uma situação bastante complexa, mas sabemos que para quem for será um momento muito especial. A arte é vida e estamos precisando muito disso, esperamos que as pessoas trans possam se ver e se curtir dentro do Carambola, pulsando vida enquanto se divertem com suas bandas e artistas prediletes”, destacou.

Retomada da cultura

Ao todo, dezesseis artistas, entre bandas e Djs se apresentarão no Carambola, bem como grupos de Bumba Meu Boi e Maracatu que vão desfilar manifestações populares genuinamente alagoanas no decorrer da festa.

O Bordado Boa Noite e outras formas de arte construídas pelos artesãos da Ilha do Ferro, do município de Pão de Açúcar, no Sertão de Alagoas compõem a identidade visual do festival.

Na gastronomia, chefs de cozinha alagoanos como Danilo Toledo, do restaurante Okàn e Rodrigo Aragão, do Oxe Comidas Nordestinas, entre outros, vão saciar a fome de quem vai passar o dia e noite curtindo.

“Foram dois anos de muito esforço para quem sobrevive de arte no Brasil, o Carambola quer festejar essas bandas e artistas que conseguiram não apenas segurar a própria barra, mas tornaram este período todo um pouco mais leve. Estamos muito animadas e ansiosas! Estamos de olho e produzindo tudo, nos mínimos detalhes, com muito capricho e dedicação. Queremos que o Carambola seja inesquecível para quem for e que seja lembrado como um episódio importante na retomada da vida musical e cultural de boa parte da nossa plateia", conta Lili.

Passado e futuro

Consolidado no calendário cultural alagoano, o Carambola nasceu pequeno, em 2017, a partir de uma inquietação de suas fundadoras que ao perceber a ausência de espaços para a música autoral alagoana decidiu dar vazão à demanda dos artistas independentes de Alagoas, num encontro onde a arte feita em Alagoas pudesse ser expressada e dialogar entre si. 

O Carambola deu frutos e o Brasil todo já passou pelos palcos do Festival. Vibrações, Tequila Bomb, Flora Uchoa, Letrux, Marina Sena, Baiana Soundsystem e Linn da Quebrada, são alguns exemplos de nomes da terra e também nacionais que estiveram no festival. 

A expectativa para o futuro, segundo a organização é de que o Brasil também possa enxergar Maceió como mais um espaço fértil e diverso no que diz respeito à produção da música autoral e independente brasileira contemporânea. 

Serviço:

Festival Carambola 2022
Data: Sábado e Domingo, 2 e 3 de Abril de 2022
Horário de abertura dos portões: 17:00 no sábado (2) e 16:00 no domingo (3)
Local: Parque Shopping Maceió (Estacionamento) – Av. Comendador Gustavo Paiva, 5945 – Cruz das Almas, Maceió – AL
Ingressos: a partir de R$ 60 – acesse aqui
Classificação etária: 18 anos
Protocolos sanitários (Covid-19): necessário comprovante de vacinação para acesso ao evento
Formas de pagamento: cartão de débito, crédito e boleto

Última edição presencial do Carambola aconteceu em 2019