A cantora alagoana Naná Martins está concorrendo na sétima edição da premiação Bogotá Music Video Festival, da Colômbia. Indicada na categoria "Melhor Videoclipe" com a música Oyá Ê, ela disputa o prêmio com artistas de renome mundial, como Don Omar e Dj Khaled.

A votação teve início na última quinta-feira (1º) e tem encerramento nesta terça (6), quando será anunciado o ganhador da categoria. Em entrevista ao Jornal de Alagoas, Naná não escondeu a felicidade pelo reconhecimento internacional e contou um pouco sobre o processo de criação da música e do videoclipe. [Assista ao clipe ao final da reportagem]

"A música fala de todo o povo preto, de toda uma ancestralidade, e é uma música alagoana. Poder estar levando nossa terra para movimentos tão importantes é uma responsabilidade muito grande. Ver todo esse esforço, desse trabalho feito com tanto amor, ultrapassando fronteiras, é muito emocionante para mim."

A artista alagoana utiliza fortes referências às culturas de matriz africana em sua arte, marcada por traços de sua religiosidade, não sendo diferente em Oyá Ê.  Nascida e criada em terreiro na periferia de Maceió, Naná produziu, ao lado de Rita Moura e Anderson Rufino, o roteiro do clipe, que traz bastantes elementos da cultura negra e das religiões de matriz africana. 

"Foi tudo pensado e escolhido com bastante atenção. Eu sou uma mulher negra, nasci em meio aos tambores dos terreiros, da música afro, da dança, da capoeira e tudo que eu faço tem essa ligação. Seja na letra, seja num tambor que tá lá inserido na música, um batuque de afoxé, nos mínimos detalhes. Quando eu coloco esses elementos, eu estou colocando um pouco de mim", comentou a cantora. 

Quando perguntada sobre a inspiração para a canção, Naná apontou sua mãe como musa. "É uma música que fiz em homenagem a minha mãe, mãe Neide, que é mãe de santo, mas é também minha mãe de sangue, foi um momento de muita delicadeza".

Naná Martins em fotografia produzida para o clipe de Oyá Ê (Foto: Rui Guimarães/Reprodução)

Segundo Naná, a música surgiu enquanto sua mãe viajava e ela sentiu saudade: "Peguei o violão e comecei a cantar. Foi um processo rápido de criação, mas foi pensando nela e no que os orixás significam para ela".

Ela conta que apesar de nascer rapidamente, a música passou cerca de cinco anos guardada, pois, ela queria colocar "o filho no mundo" quando achasse que tinha algo a altura dessa letra. "O significado da beleza, da pureza que é essa música para mim, afinal de contas é uma música que fiz pra minha mãe", explica. 

O trabalho, que esteve presente na Mostra Sururu de Cinema, tem sido muito bem recebido em diversos festivais de todo o país, passando pelo Pupila Film Festival, em Pernambuco, II Mostra Sumé de Cinema, na Paraíba, 29° Festival de Cinema de Vitória, no Espírito Santo e 23° Festival de Cinema e Vídeo Ambiental, em Goiás

Além do Bogotá Music Video Festival, outros festivais internacionais também receberam o clipe de Oyá Ê, como o Lisboa Indie Film Festival, de Portugal, Festival Internacional Cámara Corporizada, da Argentina e o Lift-Off Filmmaker Sessions, da Inglaterra.

Veja o vídeo:

Ela não para por aí. A artista revelou que já tem outros trabalhos autorais prontos e um DVD saindo: "Depois do DVD eu já estou pensando na produção da música. A música já existe, eu ainda não soltei, mas quero que esse próximo clipe também seja lindo e que ela vá para o mundo do jeito que eu acredito que ela merece ir".

Além disso, quem quiser conferir as apresentações da cantora deve ficar atento em sua agenda de shows, que conta com datas no réveillon, além de outros projetos no início do próximo ano. "A gente investe em shows bonitos para que o público se envolva e cante junto com a gente", celebra a artista. 

*Estagiária sob supervisão.