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Espetáculo teatral gratuito aborda a criação do mundo a partir da visão de religiões de matriz africana

'Cabaça da Criação - Orixás: O sopro Que Deu Vida' será apresentado no dia 27 de dezembro, às 20h, no Centro Cultural Arte Pajuçara

Por Assessoria 22/12/2022 10h10 - Atualizado em 22/12/2022 10h10
Espetáculo teatral gratuito aborda a criação do mundo a partir da visão de religiões de matriz africana
Objetivo do espetáculo é estimular a reflexão sobre a criação do mundo na visão de religiões de matriz africana de culto aos orixás - Foto: Roger Silva

Rezas cantadas, toques de atabaques e sons de tambores que podem ser ouvidos de longe, canções entoadas para o sagrado, o movimento dos pés em reverência a algo maior que o mundo, personagens imensos, a sabedoria e a curiosidade sobre a existência no palco. Assim será apresentado o espetáculo teatral ‘Cabaça da Criação – Orixás: O sopro Que Deu Vida”, no dia 27 de dezembro, às 20h, no Centro Cultural Arte Pajuçara. A entrada é gratuita e os ingressos devem ser retirados 1h antes da apresentação.

O objetivo do espetáculo é estimular a reflexão sobre a criação do mundo na visão de religiões de matriz africana de culto aos orixás, e desmistificar a cultura Iorubá (grupo étnico da África Ocidental) em relação à temática, colocando em pauta, assim, uma versão diferente da que é comumente ouvida na sociedade cristã. A classificação indicativa é livre.

A peça retrata uma personagem feminina representando Exú (O guardião da comunicação) e entoando as Àdúràs (rezas cantadas) e tocando atabaque na evocação do sagrado (orixás). Ao mesmo tempo em que uma Yalorixá (sacerdotisa ou mãe de santo) conta Ìtàns (histórias, mitos) para uma de suas filhas de santo. A mãe, um grande símbolo griô ou griote (feminino de griô) ensina sua filha através da oralidade, utilizando dos Ìtàns, Àdúràs, Orins (músicas) e Oríkìs (louvor recitado). Paralelamente, enquanto as histórias são contadas, se personificam ao fundo seres místicos gigantescos que representam os próprios orixás da história.

O espetáculo é dirigido pelo artista alagoano, autor e co-diretor da peça “As Marias, as Rosas e os Espinhos”, Rilton Costa. Integram o elenco as atrizes Sirlene Gomes e Diamante Preta, e o ator Gyl Alcântara. A atriz e percussionista Gi Prettah também faz a parte musical da peça.

Para Rilton, realizar a estreia do espetáculo sobre os orixás está sendo e será gratificante. “A gente traz um símbolo do sagrado, pois é algo que a gente acredita, que fazemos com amor. É importante e gratificante para a gente do axé estar louvando ali no palco, cantando com o coração, com força e energia que são próprias e verdadeiras. A gente sente isso na pele, nos terreiros, e trazemos isso tudo para o teatro”, afirmou o diretor.

Ao falar sobre o processo criativo e o espetáculo em si, Diamante Preta contou que sua personagem se assemelha a ela em muitos aspectos, principalmente na curiosidade sobre as coisas. Ela também disse que todo o processo de construção da peça a tem levado a se reconectar com sua ancestralidade.

“A personagem que venho construindo está em uma redescoberta e eu me identifico com ela. Esse espetáculo e essa personagem têm mexido muito comigo, de forma positiva. Cada dia que ensaio com essa persona vou descobrindo coisas da minha própria existência. Espero que todos que venham se sintam contemplados, que consigam sentir essa história e que, de fato, estejam abertos a essa nova descoberta”, disse a atriz.

“Cabaça da Criação” tem o incentivo da Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas (Secult-AL), por meio da Lei Aldir Blanc, auxílio distribuído ao setor cultural através de editais regulamentados pelo Governo Federal. O espetáculo é realizado pela Auá Produções, que busca visibilizar temas relevantes para a sociedade, trazendo, mais uma vez, as religiões de matriz africana para o debate e a desmistificação. A empresa foi criada e é dirigida pelo produtor cultural Alex Zampielly, e vem se consolidando no ramo da cultura em Alagoas, Sergipe e Bahia.