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Imprensa Oficial lança 7 obras de autoria feminina, na 10ª Bienal Internacional do Livro de AL

Lançamento, fruto do maior investimento do Governo do Estado em escritoras alagoanas, reuniu mais de 200 pessoas no maior evento literário local

Por Redação 14/08/2023 05h05 - Atualizado em 14/08/2023 17h05
Imprensa Oficial lança 7 obras de autoria feminina, na 10ª Bienal Internacional do Livro de AL
Imprensa Oficial lança 7 obras de autoria feminina, na 10ª Bienal Internacional do Livro de AL - Foto: Reprodução

A Imprensa Oficial Graciliano Ramos lançou, neste sábado (12), na 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, as obras da Coleção Mulheres Extraordinárias, que contempla sete livros de autoria exclusiva de escritoras alagoanas, por meio de recursos próprios e em parceria com a Secretaria de Estado da Comunicação. O lançamento foi um dos pontos altos da segunda noite do maior evento literário e cultural de Alagoas, realizado de 11 a 20 de agosto, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso.

O momento foi marcado por sessão de autógrafos e homenagens às escritoras, com uma programação que reuniu um público mais de 200 pessoas no estande da Imprensa Oficial, para prestigiar as obras Anil da Cor do Céu, de Anilda Leão; Cor, som e sentido: a metáfora da poesia de Djavan, de Maria Heloísa de Moraes; Em Pau d’Arco Muitas Flores, de Anna Araújo; O dom do segredo, de Larissa Fontes; Razão Mutilada, de Edilma Bomfim; e Wa Jeun: Sabores Ancestrais Afro-indígenas, de Mãe Neide Oyá d’Oxum.

A coletânea conta com o maior investimento do governo estadual em obras de autoria feminina – na ordem de R$ 300 mil – e traz livros de diversos segmentos – entre eles, Antropologia, Fotografia, Gastronomia, Poesia e Ficção –, o que reflete a pluralidade da literatura alagoana e da editora oficial do Estado.

Segundo o diretor-presidente da Imprensa Oficial, Maurício Bugarim, a publicação das sete obras representa o compromisso do Governo de Alagoas com a inclusão e o fortalecimento da participação feminina em todos os espaços, sobretudo na construção da memória alagoana para as próximas gerações.

“Organizamos este momento na Bienal, para, antes de tudo, darmos os parabéns a essas mulheres extraordinárias, pelo brilhantismo de suas obras. O governador Paulo Dantas nos incumbiu da missão de valorizar a literatura alagoana e dar voz às mulheres, às nossas escritoras. Por isso, eu me sinto muito feliz de estar como diretor-presidente nesta jornada da Imprensa Oficial, neste resgate da nossa literatura, após três anos de pandemia. Fazer isso em plena Bienal é sinal de que entramos com o pé direito”, destacou Bugarim.

As obras


Em Cor, som e sentido – A metáfora na poesia de Djavan, a escritora imortal da Academia Alagoana de Letras, Maria Heloísa de Moraes, estuda as conexões da poesia com a música popular, defendendo a tese de que a melhor poesia brasileira atual está na Música Popular Brasileira (MPB). O livro não só leva ao entendimento de Djavan, mas é uma efetiva contribuição para o conhecimento da poesia e da metáfora.

“Este livro é uma reedição e, nele, eu tento provar que a música de Djavan não é incompreensível. Ele tem sentido, sim. Mas, isso é muito longo para explicar... Por isso, convido a todos a lerem o livro, para conseguirem entender”, explica Heloísa.

Já no livro Em Pau d’Arco muitas flores, a Antropologia alagoana cumpre papel pioneiro na construção de outro imaginário acerca das quilombagens locais, à medida em que restaura as fronteiras do silenciamento e mergulha no processo de territorialização e reterritorialização identitária de uma comunidade incrustada no Agreste alagoano, deixando brotar as vozes de seus interlocutores como sementes de um futuro que reclama justiça social e reconhecimento no tempo presente.

Anna Araújo, autora do livro, refletiu sobre o impacto da obra para a construção da memória dos povos locais. “Gostaria de agradecer ao Governo de Alagoas, à Imprensa Oficial, pela publicação deste trabalho, que joga luz sobre as mulheres quilombolas que lutam, há mais de cem anos, de geração em geração, enfrentando o racismo, dentro do contexto do município de Arapiraca”, ressaltou.

No livro O dom do segredo, fruto dos estudos de Larissa Fontes, no Mestrado em Antropologia, o público se depara com um livro quase de fotografia, que propõe reflexões sobre as relações de negociação do segredo ritual das religiões de matriz africana em Alagoas. Tudo tem início a partir da experiência na produção de um ensaio fotográfico de uma iniciação no candomblé, realizado em 2011.

“O segredo não é nada que alguém me disse e que eu prometi não contar. O segredo é experiência, é responsabilidade, acima de tudo. Não existe Antropologia sem transformação. A gente também mergulha e não sai a mesma pessoa do campo. Então, esse trabalho, realmente, mudou a minha vida, me fez antropóloga. Então, agradeço bastante ao Governo de Alagoas por este momento”, salientou Larissa Fontes.

Já a obra Razão Mutilada, de Edilma Bomfim, consiste no ensaio literário dessa imortal da Academia Alagoana de Letras, a partir de uma análise dos contos do livro João Urso (obra-prima de Breno Accioly), sob a ótica da Psicologia de Carl Gustav Jung. Na obra, a autora reflete sobre os perfis psicológicos dos personagens e a abordagem ficcional inovadora do autor sobre temas relacionados aos transtornos psicológicos e comportamentais que fascinam e são amplamente discutidos na atualidade.

“O livro é resultado da minha tese de doutorado, quando tive a oportunidade de conhecer Breno Accioly, que tinha sua obra esquecida e precisava que ela fosse revisitada. Foi um encanto... Ao mesmo tempo em que ficava perplexa com as loucuras marcadas por Breno, ficava perplexa com a forma poética e instintiva com a qual ele fazia seu texto. Eu tenho certeza que vocês não vão achar que ele se trata apenas do contista da loucura... Não, trata-se de um grande narrador”, destaca Edilma Bomfim.

Em Anil da cor do céu – Antologia poética de Anilda Leão, a Imprensa Oficial apresenta uma antologia organizada pelo poeta Milton Rosendo, em homenagem ao centenário do nascimento da escritora alagoana. A escritora, além de escrever em diversos estilos, foi atriz, cantora, jornalista e atuante feminista na luta pela garantia dos direitos das mulheres às mais diversas formas de expressão.

O lançamento da obra foi prestigiado pela filha de Anilda, Luciana Leão, que compartilhou com o público a influência da matriarca para a literatura alagoana. “Agradeço à Imprensa Oficial e ao Milton Rosendo, por esta antologia, que reúne poesias de quatro livros de Anilda Leão, neste ano, em que ela completaria 100 anos de idade. Convido o público a conhecer esta obra, porque, nela, todos poderão ter uma ideia da sua poesia, de quem ela era... Minha mãe está ali, sua rebeldia, sua emoção e suas preocupações sociais estão ali”, reforça Luciana.

Olho de Besouro, de Heliônia Ceres (in memorian), por sua vez, é uma coletânea de contos que traz narrativas ao estilo do Realismo Fantástico, reunindo algumas das melhores criações da premiada escritora alagoana. Mesclando situações e cenários cotidianos com elementos mágicos, Helônia apresenta histórias envolventes e misteriosas, com pitadas de terror, bem ao gosto do público jovem.

A Coleção Mulheres Extraordinárias também é composta pela obra Wa Jeun: Sabores Ancestrais afro-indígenas, da chef Mãe Neide Oyá d’Oxum, que terá lançamento oficial no próximo sábado (19), às 19h, na Sala Ponta Verde, na Bienal Internacional do Livro de Alagoas. O momento será marcado por sessão de autógrafos, apresentações artísticas e degustação assinada pela autora.

Nesta obra de caráter gastronômico, étnico e cultural, a ativista e premiada chef Mãe Neide pretende consagrar receitas tradicionais de povos pretos e indígenas de Alagoas, transmitindo conhecimento sobre a culinária do sagrado dos orixás e dos ancestrais negros e indígenas. O livro aborda, ainda, a trajetória de vida da autora ialorixá, mestra do Patrimônio Vivo de Alagoas, reconhecida também pela sua liderança religiosa e pelo seu trabalho assistencial.

“As palavras de hoje são fé, amor e gratidão. Obrigada ao Governo do Estado de Alagoas, à Imprensa Oficial Graciliano Ramos, que, colocando nós, mulheres – e mulheres pretas quilombolas –, está incentivando as pessoas a terem orgulho de serem da terra de Zumbi. Alagoas está se transformando, de fato e de direito, a terra da liberdade, a terra da igualdade”, refletiu Mãe Neide, durante o pré-lançamento de Wa Jeun.

Homenagem às autoras


Durante o lançamento, o público assistiu ao vídeo de lançamento da Coleção Mulheres Extraordinárias, que trata-se de uma homenagem do Governo de Alagoas às autoras alagoanas. O material encontra-se disponível no perfil oficial do governo estadual no YouTube e pode ser acessado aqui.

Outros lançamentos


Além do projeto Mulheres Extraordinárias, a Imprensa Oficial também lançará mais três coleções, durante a 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas: a coletânea completa de Breno Accioly, no domingo (13), às 19h, na Sala Siriguela, e as coleções Raízes e Legado, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), na quinta-feira (17), às 19h, no estande da Imprensa Oficial.

*Com As Imprensa Oficial