Esportes
Atleta trans é proibida de jogar etapa feminina e compete entre homens
A atleta transexual de vôlei de praia Carol Lissarassa foi proibida de participar da competição feminina da etapa de Cruz Alta do Circuito Verão Sesc de Esportes. Por conta disso, Carol acabou disputando o torneio ao lado de Hélio Lucena, entre os homens.
Em 2017, a jogadora já havia disputado a mesma competição e foi vice-campeã em Ijuí-RS, mas pelo lado feminino.
"Fiquei indignada com a organização, porque no ano passado disputei uma etapa do Circuito Sesc e fui vice-campeã. O documento que apresentei é o mesmo que usei em todas as competições femininas que disputei até hoje, que é minha identidade social como Carolinna Lissarassa, vinculada ao mesmo número de RG do meu nome de batismo. Sempre joguei com esse documento e nunca tive resistência. Para mim, foi um ato de discriminação. Ano passado joguei e fui para o pódio. Esse ano, após todas as matérias que saíram, acho que estou sendo perseguida", afirmou ao GloboEsporte.
Carol alega que o jurídico da competição afirmou que, se ela quisesse jogar, deveria ser na etapa masculina.
"Joguei no masculino para combater essa discriminação e para mostrar que, independentemente de masculino ou feminino, tenho talento e não vou parar. Se esse ato de me proibir no feminino foi uma maneira de me fazer não jogar, eles não conseguiram. Perdemos dois jogos apenas. Na semi, perdemos para os campeões da etapa em um jogo parelho", disse.
Segundo Carol, o SESC, organizador da competição, utilizou o registro civil da jogadora como forma de vetar sua participação entre as mulheres:
"Minha certidão de nascimento, ainda consta o sexo masculino. Estou em processo de retificação de nome e sexo na Justiça, e estou aguardando sair. Mas eu já ganhei a carteira provisória com o nome de Carolina Lissarassa, vinculado ao meu RG do nome de nascimento. Meu questionamento é: por que ano passado, quando era a mesma situação, eu pude jogar? Inclusive, fui vice-campeã. Esse ano fui proibida. É um ato de discriminação e preconceito."
CASO TIFFANY
Recentemente, a entrada de Tiffany na Superliga feminina tem causado controvérsia no vôlei. A participação da atleta trans foi liberada pela Confederação e médicos, embora contestada por algumas jogadoras e ex-jogadoras, como o caso de Ana Paula.
Na última semana, a bicampeã olímpica olímpica Thaísa defendeu a presença de Tiffany.
NOTA DO SESC
A organização do evento, em contato com o Notícias ao Minuto, afirmou que
"Carol Lissarassa participou da etapa Cruz Alta do Circuito Verão Sesc de Esportes 2018, no naipe masculino, pois o regulamento do evento esportivo prevê que a inscrição ocorra de acordo com a documentação exigida (registro civil). Salientamos que o mesmo segue orientações da FGV e CBV."
Sobre a participação dela no ano anterior com as competidoras femininas, eles alegam que:
"Com relação à etapa de Ijuí em 2017, conforme relatada participação, identificamos que na ocasião a mesa de arbitragem não fez a devida conferência da documentação exigida. Lamentamos a falha na revisão da documentação ocorrida em 2017."
O Sesc reforça ainda que prima pela "transparência dos nossos processos e o respeito à diversidade em todas as suas ações."