Esportes

Ginastas brasileiros revelam ter sofrido abusos sexuais de ex-técnico

Ao todo, 42 atletas relataram ter sofrido abusos sexuais

Por Notícias ao Minuto 30/04/2018 09h09
Ginastas brasileiros revelam ter sofrido abusos sexuais de ex-técnico

Escândalo na ginástica brasileira! Uma reportagem do programa "Fantástico", da TV Globo, em parceria com o Globoesporte.com, publicada na noite deste domingo (29), revelou que 42 ginastas brasileiros alegaram ter sofrido abusos sexuais, físicos e morais cometidos pelo ex-técnico da seleção brasileira Fernando de Carvalho Lopes. Entre as vítimas, está Petrix Barbosa, que foi medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2011.

Fernando de Carvalho Lopes trabalhou no Mesc (Movimento de Expansão Social Católica), um clube privado que fica em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e por dois anos integrou a comissão técnica da seleção brasileira, tendo treinado nomes como Diego Hypolito e Caio Souza. Ele foi afastado da equipe olímpica um mês antes dos Jogos Rio 2016, logo após ter sido denunciado por um menor de idade.

De acordo com a emissora, Fernando de Carvalho teria praticado crimes de assédio moral, agressão física e abuso sexual por quinze anos, uma vez que o primeiro relato é de 2001 e o último é de 2016.

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Fernando de Carvalho Lopes / Ricardo Bufolin

“O que mais fazia comigo era todo dia tentar molestar, esse sufoco, essa pressão psicológica para um moleque de 10 anos. Banho junto, espiar. Dormir na cama comigo quando eu não queria. Já acordei com ele, não sei quantas vezes, com a mão na minha calça e eu conseguia tirar e dormir porque eu não ficava parado. Teve gente que não conseguiu ter as mesmas reações que eu. E eu não quero que aconteça mais”, relatou Petrix Barbosa, que fez questão de mostrar seu rosto à reportagem do GE.

“Eu era o queridinho. Ele tinha uma paixão por mim que eu nunca soube explicar. E todos viam e sabiam disso”, acrescentou Petrix, que também começou no Mesc e na época tinha entre 12 e 13 anos de idade.

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Petrix Barbosa / Ricardo Bufolin

“O que mais fazia comigo era todo dia tentar molestar, esse sufoco, essa pressão psicológica para um moleque de 10 anos. Banho junto, espiar. Dormir na cama comigo quando eu não queria. Já acordei com ele, não sei quantas vezes, com a mão na minha calça e eu conseguia tirar e dormir porque eu não ficava parado. Teve gente que não conseguiu ter as mesmas reações que eu. E eu não quero que aconteça mais”, relatou Petrix Barbosa, que fez questão de mostrar seu rosto à reportagem do GE.

“Eu era o queridinho. Ele tinha uma paixão por mim que eu nunca soube explicar. E todos viam e sabiam disso”, acrescentou Petrix, que também começou no Mesc e na época tinha entre 12 e 13 anos de idade.

Outros depoimentos:

Vítima A

“Todos os atletas morriam de medo dele, inclusive eu, e na época eu não tive coragem de falar nada”.

Vítima B

“Teve uma competição que a gente foi. E na madrugada eu acordei porque tava com sede. Acordei outro atleta para ir comigo porque tinha medo. Era escuro. E quando eu levantei, dei de cara com a cama e o Fernando deitado com o Petrix. Essa cena nunca vai sair da minha mente. Nunca”.

“Quando a gente caia da barra, ele puxava pelo pescoço e fazia a gente subir de novo assim. "Sobe e faz de novo". pegava a gente pelo pescoço e arremessava. (…) Tinha medo dele, com certeza. (…) Foram dos 10 aos 15 (anos) frequentemente sendo tocado nos treinamentos, sendo visto nos banhos. (…) Não é fácil. Hoje, eu virar e falar “olha, fui abusado por um cara que era meu treinador”. Quem aceita isso? Graças a Deus minha noiva aceita super numa boa. Ela me apoia muito a dar a cara a tapa.”

Vítima C

“O Fernando mandava a gente tomar um banho num horário que ele podia entrar no banheiro. Se você ficasse de costas para ele, quando você estivesse tomando banho, ele falava que queria conversar com você. E você, de costas, falava que ele podia falar. Mas ele falava: “Não, você tem de virar para frente". Ele ficava olhando nossas partes íntimas. E ficava pedindo para tocar no nosso pênis.”

“Ele pedia pra gente ir na salinha dele. (...) Só podia entrar lá com ele. E lá ele ficava perguntando se a gente já se masturbava, pedia para ficar fazendo na frente dele. E não podia reclamar. Porque dizia que a gente não ajudava. Dizia que ele precisava saber disso, precisava ver as coisas pra poder montar um treino pra gente, entendeu?”

Vítima D

“Ele colocava atletas de castigo, de frente para a parede, como se fosse um tipo de repressão. De apertões no braço a beliscões a empurrões a arremessar objetos nos atletas. (...) Teve um episódio que ele arremessou um rolo de esparadrapo, duro. Outra vez, arremessou um taquinho, pedaço de madeira. (...) Era uma pressão psicológica que eu achava sempre desnecessária. De pequeno, das primeiras lembranças, era o que mais me incomodava. Às vezes, ele pegava um cabo de vassoura. Quando não estendia o joelho, ele batia.”

O OUTRO LADO

Fernando de Carvalho se defendeu das acusações e afirmou que vai procurar reparação judicial.

“Nunca fui um técnico legal, sempre fui muito rigoroso, eu me achava mais do que um técnico e meu erro pode ter sido confundir o papel de treinador com o de um pai, um amigo. Eu não tenho o que falar (sobre as acusações). Eles vão ter que provar na Justiça. Estou com a minha consciência tranquila”, disse.