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Conta de água vai ficar 10,36% mais cara em julho
Reajuste afeta consumo residencial, comercial e industrial; para usuários, aumento é incompatível com serviço oferecido
A partir de julho, 1,9 milhão de alagoanos vão sentir diferença no bolso, com o reajuste de 10,36% anunciado pela Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) na tarifa de água e esgoto. Com o aumento, a taxa, que hoje custa R$ 24,60 – para o consumo de até 10 metros cúbicos –, passa a custar R$ 27,14. Já para o cidadão inserido na tarifa social, destinada às pessoas de baixa renda, o ajuste é de R$ 1,27, totalizando uma tarifa de R$ 13,57.
O anúncio não foi bem recebido pelos usuários, que reclamam da insuficiência dos serviços da companhia. Alexandre da Silva, morador do bairro do Trapiche, conta que a tubulação do conjunto é muito antiga e como a oferta de água á baixa, os moradores foram obrigados a comprar bombas para levar a água para a caixa. “Acho um crime a taxa que é cobrada hoje e aumentar a tarifa, sendo ruim o serviço oferecido, é um absurdo”, afirmou. Ele lembra que a aquisição de bombas também aumenta a conta de energia elétrica.
Como o reajuste é linear, além das residências, o comércio, a indústria e o setor público também sofrerão aumento na tarifa. Para empreendimentos hoteleiros, dentro da categoria comercial, as despesas com água representam uma boa parcela das despesas.
O empresário Marcio Coelho, da rede Ritz, em Maceió, ficou abismado com o aumento de mais de 10%. “O mercado não aceita essas tarifas. O governo federal diz que os aumentos não podem ultrapassar os 7%, no entanto, os das companhias de energia (20%) e água (10%) sobrepõem à expectativa de reajuste”, afirma.
Ele pondera que os salários não acompanham os reajustes anunciados nas tarifas dos serviços públicos. “Nos últimos dois meses, sentimos uma retração no mercado de 20% a 30% no poder aquisitivo da população. Não posso aumentar o valor da minha diária. Alagoas disputa com destinos internacionais como o Caribe, onde os impostos são bem inferiores aos do País. Querem acabar com os serviços”, reclama Márcio Coelho.
Fontes alternativas
Representantes das indústrias localizadas no Distrito Industrial de Maceió afirmam que o impacto do aumento da tarifa não será relevante para o setor, já que o consumo é baixo.
Contrariando a ideia de que grandes empresas consomem muita água, o presidente da Associação das Empresas do Distrito Industrial (Adedi), Gilvan Leite, explica que como há muitos anos o serviço de abastecimento da Casal era deficiente e trouxe muitos problemas para os industriários, eles resolveram optar por formas alternativas de abastecimento de água. “Algumas empresas tem poços e outras recebem água da Companhia em ‘circuito fechado’, que reaproveita a água utilizada”, explica.
A justificativa da Casal para o reajuste é a necessidade de reposição das perdas financeiras por meio do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), referente ao período de março de 2013 a junho de 2014.
Segundo o presidente da companhia, Álvaro Menezes, o reajuste é insuficiente para a reposição das tarifas refrentes aos custos de operação, manutenção, tributação e energia. Ele afirma que para suprir os gastos totais, a taxa de reajuste chegaria entre 17% e 20%. “Tanto a Casal, como as outras companhias de abastecimento do Brasil, sofrem perdas tarifárias, já que não reajustam a tarifa de acordo com os custos”, explicou. O índice foi aprovado pelo Conselho de Administração da Companhia.