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Cozinha de presídios são consideradas degradantes
No fim de semana, uma agente morreu sob suspeita de leptospirose
"O problema é recorrente", afirmou nesta segunda-feira (6) o diretor do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas (Sindapen), Vitor Leite, sobre as condições precárias na cozinha do Sistema Penitenciário.
A afirmação foi feita durante entrevista ao AL TV 1ª edição, um dia depois da morte de uma servidora do presídio sob suspeita de leptospirose.
A família de Maria Sônia da Silva acredita que ela tenha morrido após comer um pão infectado pela bactéria transmitida pela urina de rato, animais que circulam livremente pelo local.
De acordo com o sindicato, a cozinha do presídio não oferece as condições necessárias para que as pessoas possam trabalhar em segurança.
"A situação é antiga. Já foi denunciada pelo sindicato e nada foi feito. Na cozinha tem ratos, gatos, péssimas condições de higiene. A comida quando chega é jogada no chão", denuncia Leite.O sindicato informou ainda que pretende ainda procurar o Ministério Público para denunciar toda a situação e recorrer à Secretaria de Estado da Defesa Social e Ressocialização (Sedres), que divulgou uma nota informando que a agente morreu em consequência de uma leptospirose.
Maria estava internada desde o sábado (4) no Hospital Dr. Hélvio Auto, o Hospital de Doenças Tropicais (HDT), em Maceió, com suspeita de leptospirose. O corpo dela passou por exames no Serviço de Verificação de Óbito (SVO) da Universidade Estadual de Ciências de Alagoas (Uncisal).No local foi constatado que a causa da morte foi pneumonia, no entanto, a doença pode ter sido motivada pela leptospirose.
Como os exames iniciais não apresentaram sinais da leptospirose, material do corpo da agente foi encaminhado para o Laborátorio Central para se submeter a novos exames que possam detectar sinais da doença transmitida pela urina e fezes de rato.
A suspeita de leptospirose foi levantada por Maria Sônia e os familiares porque ela adoeceu após comer um pão no refeitório do presídio Baldomero Cavalcante, local onde trabalhava.
"Ela trabalhou no plantão do último final de semana de março e lá comeu um pão. Depois, ela mesmo relatou que viu ratos andando próximo da comida. Quando foi na quinta-feira (02) ela chegou em casa mais cedo porque não aguentou trabalhar. Estava com dores por todo o corpo, febre e calafrios", expôs o esposo da agente, José Cícero Vicente Silvestre.
Segundo ele, como o estado de saúde da esposa só piorava ainda na quinta-feira (02) ela foi levada para o Mini-pronto socorro do Tabuleiro, que verificou a gravidade da situação e a encaminhou para o Hospital Geral do Estado (HGE)."Do HGE ela foi mandada para o HDT. Só que não ficou internada porque não havia leito. Após medicada, levamos ela de volta para casa e só retornamos no sábado (04) quando ela já não suportava mais as dores. Horas depois da internação ela morreu", completou Silveste.
Com a hipótese de leptospirose, uma equipe da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) está acompanhando o caso.
Preocupação
O alerta diante da possibilidade de leptospirose ocorre porque segundo os familiares da agente penitenciária há uma infestação de ratos no sistema prisional alagoano.
"As condições de trabalho dentro do sistema penitenciário são muito ruins. Lá há ratos por todos os cantos, muito lixo e esgoto a céu aberto. Tanto, que há alguns presos internados no HDT com os mesmos sintomas da minha esposa esperando a morte", completa Silvestre.
Atuando há 12 anos no sistema prisional alagoano, Maria Sônia da Silva deixa o esposo, três filhos e quatro netos.
HDT
Segundo a assessoria de comunicação do Hospital Dr. Hélvio Auto não há na unidade de saúde, como levantando pela família da agente penirtenciária, pacientes do sistema prisional em tratamento médico contra leptospirose.