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Sem o Fies, alunos não sabem como pagar mensalidades
Alunos estão trancando cursos ou optando por cursinhos para entrarem nas universidades federais
As suspensão dos contratos do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas têm feito com que estudantes sejam obrigados a apertar os cintos ou, em alguns casos, adiar o sonho de fazer uma faculdade.
Entre representantes do primeiro caso está a estudante do primeiro ano de pedagogia Stefani Caroline da Silva Ribeiro, 17, que criticou a suspensão do financiamento estudantil sem aviso prévio. Ela, que escolheu a PUC entre três universidades, afirma que seguiu todos os trâmites para receber o financiamento, mas não foi sequer informada da suspensão.
"Fiz a inscrição, levei todos os documentos e fiquei esperando. Disseram que enviariam um e-mail para fechar o contato, mas não disseram nada". Ainda segundo ela, muitos dos seus colegas já decidiram trancar o curso.
Stefani conta que mora com a mãe e que, por estar desempregada, não tem condições de pagar a mensalidade de R$ 944, valor que ela conseguiu graças a um desconto - o preço da mensalidade era R$ 1.049. "Irei continuar o curso, mesmo porque meu futuro depende disso. É meu sonho trabalhar para educar pessoas. Mas, para que eu consiga me formar, preciso do Fies", conta a estudante, que não conseguiu pagar a mensalidade de abril. "Esse mês ainda não deu, está atrasado. Vamos ver como vou fazer, mas posso dizer que muita gente que entrou esperando conseguir o Fies já trancou o curso", disse.
Danielle Panta, 17, que ingressou neste ano no curso de jornalismo, foi outra que entregou os documentos para fazer o contrato do Fies e não teve retorno. "Fiz a inscrição duas vezes no site, levei os documentos, e a PUC barrou. Eles disseram que não conseguirem fazer o Fies, já que o aumento da universidade foi superior aos 6,4%", conta.
Ela informou ainda que dois de seus colegas de classe trancaram a matrícula e que, se a situação se resolver até o próximo dia 27, não irá continuar no curso. Se isso ocorrer, ela pretende voltar a fazer cursinho para entrar em uma universidade pública. "Não tenho condições de pagar os R$ 1.500 integralmente. Fiquei chocada com o descaso", conta.
Sonho adiado
Thaisa Tricarico Marques, 20, desistiu do curso de engenharia civil na PUC-Campinas por não conseguir concluir a inscrição para o Fies. Ela cancelou a matrícula por medo de não "dar conta" de efetuar os pagamentos.
"Ficamos muito tempo sem informação. Foi horrível, porque era meu sonho fazer a faculdade. Acabou a esperança. Já estamos num período que não tem vestibular para nenhuma faculdade, não tenho muito o que fazer agora. Perdi um ano porque coloquei todas as expectativas na faculdade", disse. A mensalidade e o serviço de transporte - ela mora em Indaiatuba - iriam custar cerca de R$ 2.000.
A PUC-Campinas decidiu suspender os contratos até que se tenha "um cenário mais seguro em relação ao Fies", diz. O programa anunciou novas regras neste ano. Entre elas, uma das mais contestadas pelas instituições particulares é a impossibilidade de aumentar as mensalidades acima do teto de 6,4% - a PUC, por exemplo, anunciou, em 2015, aumento de 9% no valor das mensalidades.