Cartão postal de Maceió e de belezas naturais tão grandes que deram nome ao nosso Estado, as lagoas Mundaú e Manguaba sofrem com problemas já muito debatidos, mas que pouco foi feito para serem solucionados: poluição e desmatamento. Além disso, a ação humana acelera o processo de degradação da região e uma soma de fatores está pouco a pouco destruindo um dos maiores patrimônios naturais alagoanos.

Silenciosamente, um antigo problema vem se agravando, e o famoso passeio das 9 ilhas, frequentado por muitos turistas e pela população alagoana, corre o risco de ficar órfão de duas de suas ilhas. Essa "façanha" desastrosa para o ecossistema das lagoas pode estar mais próxima do que se imagina.

Uma das principais atrações do bairro do Pontal, a ilha de Bora­Bora já perdeu um hectare de terra entre 2002 e 2013. Isso corresponde a aproximadamente 10 quilômetros da área total. Mesmo em uma proporção menor, a ilha do Jacaré também enfrenta o mesmo problema de redução de área.

Isso acontece porque a área de manguezal, que tem função essencial de proteger a costa das ilhas, foi desmatada na Bora­Bora e também na Ilha do Jacaré – em menor proporção.
A este triste cenário soma­-se o assoreamento da lagoa, mais o despejo de esgoto in natura e o resultado é a descaracterização de um dos pontos mais tradicionais do cenário turístico alagoano.

IMA alerta

O "sumiço" de metade da ilha, como diz "Seu" Valter, pode até ser história de pescador, mas a redução silenciosa é fato, e confirmado pelo coordenador de gerenciamento costeiro do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Ricardo César Lima. Ele explica que existe uma grande interação entre a laguna e oceano e que há processos naturais de degradação e progradação (quando cresce a faixa de areia).

“Uma série de fatores pode interagir sobre essa dinâmica, modificando-­a. A sedimentação, que é o deposito de sedimentos no fundo da lagoa é um deles. Além disso, há o desmatamento dos mangues, o assoreamento da região e o despejo de resíduos sólidos. Isso implica, numa menor profundidade das águas que se expandem para áreas marginais e atingem com mais velocidade a costa dessas ilhas, num processo de erosão”, detalha Lima.

Os técnicos do IMA que fizeram o mapeamento da redução nos tamanhos da ilhas confirmaram que a Bora­Bora perdeu 1 hectare dos 14 que possuía em 2002.“ O pescador pode ter se enganado. Ele pode ter visto um banco de areia, em determinada época do ano e pensado que haviam desmatado a vegetação, mas ela não perdeu metade do seu tamanho, não”.