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Cerca de 40 crianças desaparecem todo mês em AL

O número está em escala crescente em nível nacional

Por Assessoria 25/05/2015 09h09
Cerca de 40 crianças desaparecem todo mês em AL

Cerca de 40 crianças e adolescentes desaparecem todo mês, em Alagoas, segundo estimativa do Fórum dos Conselhos Tutelares. Nesta segunda (25), membros do Conselho Regional de Medicina (Cremal) vão percorrer consultórios de Maceió e do interior, conscientizando pacientes e funcionários. 

De acordo com os conselheiros, as visitas marcam a passagem do Dia Internacional das Crianças Desaparecidas e buscam reforçar a adesão da categoria ao trabalho de responsabilidade social na prevenção do sumiço dos menores no estado. 

“Nós já desenvolvemos essa caravana pelas crianças e adolescentes, mas convém visitar os colegas, lembrá-los e incentivá-los a ficarem atentos à questão. Muitas vezes, ao questionar sobre a história de vida do paciente, aqueles que se apresentam como pais ou responsáveis deixam dúvidas e suspeitas. Diante desse tipo de situação, o médico pode denunciar e ajudar na elucidação,” argumentou Fernando Pedrosa, presidente do CRM. Não custa nada colaborar, pois é um ato de cidadania que pode contribuir bastante com a redução do índice de menores desaparecidos”, reforça Pedrosa, lembrando que, em Alagoas, segundo estimativa do Fórum dos Conselhos Tutelares, uma média de 40 crianças e adolescentes desaparecem todo mês.

O número está em escala crescente em nível nacional, o que motivou o Conselho Federal de Medicina (CFM) a deflagrar a caravana, com o apoio dos conselhos regionais. Além de visitar clínicas e consultórios, também serão visitadas pelo CRM as alas pediátricas dos Hospitais do Açúcar, Arthur Ramos e Santa Casa de Maceió ainda nesta segunda. Os médicos e pacientes receberão folders e orientações sobre como evitar e proceder em caso de desaparecimento. 

“Estaremos em campo das 8h às 18h, com nossos conselheiros distribuindo material educativo e ajudando a orientar as pessoas a denunciar casos de desaparecimento e, principalmente, a prevenir o problema’’, disse o presidente do Cremal, Fernando Pedrosa, frisando que os médicos serão incentivados a inserir o assunto durante o contato com o paciente, por ocasião da consulta.

Dados nacionais

A pedido do CFM, o tema será abordado também em audiência pública no Senado Federal nesta terça (26). Além do presidente da autarquia, Carlos Vital, foram convidadas para o debate as presidentes da ONG Mães da Sé, Ivanise Esperidião, e do Movimento Humanos de Direitos (Mhud), a atriz Camila Pitanga.

Por ano, estima-se que 50 mil crianças somem no país. No mundo esse número chega a 25 milhões. “Os Conselhos reconhecem a gravidade da situação que afeta a sociedade brasileira, notadamente a parcela mais carente. 

O integrante da Comissão de Ações Sociais do Conselho, Ricardo Paiva, ressalta a importância da participação de médicos e sociedade no debate. “Precisamos urgentemente de uma política pública permanente que nos permita avançar e unir toda a Nação para esse grande enfrentamento. No Senado Federal a realização de Audiências Públicas é um dos principais instrumentos de contato com a sociedade, o que faz com que as decisões dos senadores estejam mais alinhadas com a perspectiva da sociedade”. 

O marco deste processo de conscientização iniciou em março, no estado do Paraná. Na ocasião, os membros da Comissão de Ações Sociais do CFM visitaram o Hospital Pequeno Príncipe e orientaram médicos e profissionais da saúde sobre como ajudar neste esforço. "O número de crianças desaparecidas é muito maior do que as pessoas imaginam. Por isso é tão importante que os profissionais notifiquem qualquer tipo de violência observado", ressaltou o conselheiro do CFM, Donizetti Giambernardino Filho.

A pediatra Milene Meller conta ter passado por uma situação delicada há um ano. Ela recebeu um casal com três crianças com aparências diferentes e relata que os responsáveis pelas crianças desconversavam quanto ao histórico de saúde e endereço da residência. “Achei aquela situação suspeita. Apesar de não perceber maltrato, percebi que as crianças não se sentiam à vontade com aqueles adultos. Foi então que decidi denunciar e chamar a polícia”, relatou a médica do Hospital Pequeno Príncipe, mas ela não recebeu retorno das autoridades sobre o desfecho do caso. No ano passado o CFM publicou uma recomendação (nº 4/2014), alertando os profissionais sobre procedimentos que auxiliam na busca.