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Fantástico mostra escândalo na Assembleia Legislativa de Alagoas

Por Agências 08/06/2015 11h11
Fantástico mostra escândalo na Assembleia Legislativa de Alagoas

As irregularidades na Assembleia Legislativa Estadual, (ALE), foram mostradas no programa Fantástico, da TV Globo, neste domingo (08), fazendo com que Alagoas volte mais uma vez a aparecer no cenário nacional de forma negativa.

Uma equipe do programa foi a ALE e entrevistou o vice-presidente da Casa, Ronaldo Medeiros, (PT) e o deputado Antonio Albuquerque, (PRTB).

Medeiros confirmou que após a nova Mesa assumir, em fevereiro, foram descobertas as primeiras – de uma série – irregularidades a exemplo de uma lista com nomes de diversos servidores que recebiam altos salários sem trabalharem e outros que recebiam Bolsa Família.

As denúncias são objetos de investigações do Ministério Público Estadual, (MPE) e Controladoria Geral da União, (CGU).

Já o deputado Antonio Albuquerque relembrou que ao assumir a Casa, antes da eleição da nova Mesa Diretora, exonerou todos os servidores ‘fantasmas’, mas que na sequencia a maioria dos exonerados foram reintegrados pela nova presidência, que tem a frente o deputado Luiz Dantas. Foram mais, segundo Albuquerque, de 500 admissões de pessoas que foram lotadas nos gabinetes dos parlamentares, que tem direito a 25 assessores.

A equipe do fantástico também procurou informações sobre os salários dos servidores, que tiveram de negociar com a Mesa Diretora para terem direito a receber 50% do décimo terceiro.

Um dos últimos escândalos envolvendo a Assembleia Legislativa de Alagoas aconteceu em dezembro de 2007, quando equipes da Polícia Federal, (PF), cumpriram dezena de mandados de prisão durante a ‘Operação Taturana’, que investigou o desvio de cerca de R$ 300 milhões da ALE. As irregularidades teriam sido praticadas por deputados, prefeitos, contadores, bancários e comerciantes.

Na época foram presos o ex-presidente da Casa deputado Celso Luís (PMN), os deputados estaduais Cícero Ferro (PMN), Antonio Albuquerque, Nelito Gomes de Barros, João Beltrão, Edval Gaia Filho (PSDB) e Cícero Amélio (PMN), o ex-governador Manoel Gomes de Barros, o ex-comandante da PM coronel José Acírio Nascimento, o prefeito de Roteiro, Flávio Jatobá, o ex-deputado Gilberto Gonçalves e outros.

Veja o trecho da reportagem exibida pelo Fantástico:

Em Alagoas, dezenas de funcionários-fantasma foram descobertos, no ano passado, pela Controladoria-Geral da União.

“Pessoas humildes foram utilizadas para serem colocadas na folha de salários da Assembleia Legislativa e receberem esse pagamento. Algumas conheciam, sabiam da irregularidade, outras desconheciam essa irregularidade”, observa José William Gomes da Silva, chefe da Controladoria Regional da União em Alagoas.

É o caso de duas irmãs que ganham um salário mínimo por mês trabalhando honestamente numa lavanderia comunitária de Maceió.

Fantástico: Dona Naudiene, a senhora trabalha na Assembleia Legislativa?
Naudiene da Silva Quintino, lavadeira: Nunca. Não sei nem onde é. A única coisa que a gente sabe fazer é lavar roupa.

Fantástico: Consta aqui nos registros que em dois meses a senhora recebeu mais de R$ 25 mil de salário.
Naudiene: Eita. Queria eu. Nunca vi nem tanto dinheiro assim na minha vida.

“Se eu tivesse recebido eu não estava numa vida dessa, que só Deus aqui pra ajudar a gente”, diz a lavadeira Sandra Maria da Silva.

O Ministério Público de Alagoas investiga fraudes que podem chegar a R$ 150 milhões em cinco anos. E o ex-presidente da Assembleia, principal acusado, atualmente é um dos responsáveis por julgar os desvios de dinheiro público.

“O ex-deputado Fernando Tolêdo, que presidia a Assembleia Legislativa envolvido nesses atos ilícitos comprovadamente, infelizmente foi premiado. Como recompensa, foi nomeado para ser conselheiro do Tribunal de Contas”, conta o procurador-geral de Justiça de Alagoas Sérgio Jucá.

“Eu estando inocente, como tenho a consciência da tramitação, eu vou julgar isso com muita isenção”, declara Fernando Tolêdo, conselheiro do TCE, ex-presidente da Assembleia.