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Governo de AL e CUT perderam fé na ajuda esperada de Dilma

Renan Filho: “Alagoas não pode viver o risco de não poder pagar salários”

Por Assessoria 11/06/2015 11h11
Governo de AL e CUT perderam fé na ajuda esperada de Dilma
Renan Filho discursa ao lado de Dilma, em campanha pela reeleição da petista em Maceió

No dia decisivo em que apresentou uma desanimadora proposta, parcelada, de 4% de reposição para os defasados salários dos servidores estaduais, o governador Renan Filho (PMDB) sinalizou que Alagoas vive riscos de não pagar salários, caso avance na concessão das reivindicações das categorias. A estratégia de sensibilização, iniciada com a publicação de um artigo do secretário da Fazenda, George Santoro, na manhã desta quarta-feira (10), não surtiu efeito algum. E todo o discurso e a movimentação de negociações reforçou com ainda mais clareza a falta de confiança da gestão peemedebista na parceria com a presidente Dilma Rousseff, de quem esperavam algum socorro ao militar pela sua reeleição, em 2014.

O cenário narrado pelo governador Renan Filho, em entrevista à imprensa, era o contrário do que ele e Dilma pregavam no segundo turno das eleições do ano passado, que negava as previsões “pessimistas” do adversário Aécio Neves (PSDB).

“O que eu posso dizer e o que todo mundo sabe é que o ano é muito duro, de pouco recurso, de retração econômica, de PIB caindo, de custo crescendo, de energia alta, de inflação alta... O servidor também sente isso, mas nós temos que articular uma proposta que o Estado possa honrar, cumprir. Nós temos alguns aumentos contratados, como o da Polícia Militar. E eu dizia a eles, lá em janeiro, no começo do ano: ‘Olha, o que eu acertar com vocês, vou cumprir. Não vou acertar aumento para depois não cumprir. E, para cumprir, a gente precisa ser verdadeiro, apresentar os números e a proposta que verdadeiramente o Estado tenha caixa para honrar”, antecipou-se Renan Filho.

A proposta apresentada na noite de ontem foi considerada “vergonhosa” pelos servidores, por dividir o percentual da seguinte forma: “1% para maio, 2% para outubro e 1% em dezembro”. Mas Renan Filho já adiantava pela manhã a gravidade do quadro, ao compará-lo com a situação do Paraná, onde a polêmica greve da educação terminou com aumento de 3% para ser pago em outubro.

“A situação do país é muito difícil e Alagoas não pode viver o risco de não pagar o salário. Porque isso é verdadeiro”, lamentou Renan Filho, que também atribui a crise à herança do governo de Teotonio Vilela Filho (PSDB).

Em seu artigo o secretário George Santoro fez um discurso elogioso aos servidores, reconhecendo sua importância para o serviço público, condenou a atitude do governo anterior de “empurrar com a barriga” os problemas de Alagoas. O gestor carioca ainda ressaltou que o Brasil vive a pior crise econômica dos últimos 27 anos e pintou o cenário aterrorizador:

“Projeções indicam que o PIB deste ano deverá cair pelo menos 2%. O desemprego assombra. O governo federal deixou claro que não socorrerá Estados e Municípios”, assombrou Santoro, ao pedir tempo e parceria aos servidores para construir uma “via sustentável” para os reajustes anuais.

A CUT, cujos dirigentes petistas reforçaram com entusiasmo o único ato de campanha Dilma em Alagoas, ao lado de Renan Filho, há oito meses, já avisou, por meio de sua presidente, Rilda Maris: “Foi colocado um cenário de dificuldades, mas nós não podemos pagar por isso”.

Das bandas do governo federal, nos resta o consolo importante de ter garantido a Renan Filho “regime especial” para a conclusão do trecho 3 da obra do Canal do Sertão (do km 63 ao km 105) e sua adutora. Mas é importante lembrar que nenhuma ajuda dos dois governo chegou em 2015 aos municípios que decretaram emergência por conta da seca.

Mas o tom de revolta e desamparo de gestores e servidores traz a lembrança do velho provérbio: “Em casa onde falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão”.