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Familias da favela de Jaraguá afirmam não ter para onde ir
Moradores não cadastros estão aflitos; famílias residiam no local a mais de 30 anos
A preocupação de não saber para onde ir preocupa grande parte das famílias despejadas da favela do Jaraguá, nesta quarta-feira (17). De acordo com prefeitura, por enquanto, apenas as famílias cadastradas previamente terão direito a moradias no Residencial Vila dos Pescadores, construído na Praia do Sobral em 2012. Mas esse não é o caso da maioria.
"Isso é um absurdo, não tenho para onde ir. Tenho três filhos e eles vão acabar ficando sem estudar com a mudança", conta dona Maria Cicera, moradora do local a mais de 33 anos.
A prefeitura havia informado inicialmente que as famílias iriam para um abrigo provisório na Escola Municipal Nosso Lar, no bairro da Ponta Grossa. Mas após protesto da comunidade escolar horas após o início da desocupação na praia, a prefeitura mudou o local.
"A prefeitura encaminhará a população sem residência para o abrigo temporário, que só vai funcionar até sábado. São três dias para que a população aponte os locais que podem ser encaminhados para que a gente forneça o transporte", informou a secretária de Assistência Social, Celiany Rocha.
A situação obrigou o executivo a escolher outro local, a Escola Municipal Senador Rui Palmeira, no Vergel do Lago que também enfrenta resistência da comunidade escolar. Além da unidade ainda está em reforma, mesmo que na fase do acabamento. Cerca de 80 homens trabalham no local para tentar concluir a obra ainda hoje.
A diretora da instituição Aparecida Paciência, critica a prefeitura. “É um absurdo. Convoquei os pais [de alunos] porque não tenho nada contra [abrigar], mas caso houvesse condições, e aqui não tem. Isso não foi da noite para o dia. Se a prefeitura não resolveu antes, não dá para colocar aqui", afirma.
O representante da construtora responsável pela obra, Sérgio Almeida, disse que foi comunicado pela prefeitura sobre a situação da escola abrigar as famílias. De acordo com ele, se isso acontecer, serão paralisados 40% da obra. "Vou ter uma reunião nesta tarde na prefeitura. O local será liberado se eles se comprometerem com os riscos e também no ressarcimento de todos os danos", explicou.