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ONG propõe discussão de gênero nas escolas para combater o machismo institucional
Desafio da Igualdade, idealizado pela Plan International Brasil, conta com vídeos, documentários, webséries e outros materiais gratuito
Desafio da Igualdade, idealizado pela Plan International Brasil, conta com vídeos, documentários, webséries e outros materiais gratuitos que alertam a sociedade brasileira sobre pequenos hábitos que estimulam a desigualdade entre meninas e meninos; conteúdo oferecido é boa dica para professores que atuam com educação infantil e ensino fundamental e estão montando seus programas para 2017.
Pesquisa recente realizada pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) mostrou que, no Brasil, serão necessários 95 anos para que mulheres e homens se encontrem em situação de plena igualdade. Já um outro estudo, apresentado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontou que mais de meio milhão de mulheres são vítimas de estupro no País por ano.
Segundo dados informados pela Plan International Brasil, organização humanitária internacional de origem inglesa, no mundo há 110 milhões de crianças que não vão à escola, sendo que destas, 2/3 são meninas. No Brasil, 19% dos nascidos vivos são filhos de meninas entre 14 e 19 anos. E, na vida política, menos de 10% dos cargos públicos são ocupados por pessoas do sexo feminino. De acordo com a organização, essa diferença e dificuldade que as mulheres têm para conquistar seu lugar de direito começam na infância e, na maioria das vezes, dentro de casa.
Pensando nisso, a Plan lançou a campanha #Desafio da Igualdade, que integra o movimento “Por Ser Menina”, uma proposta reflexiva sobre a educação que é dada às crianças, principalmente sob a ótica da igualdade de gênero.
Com o questionamento “O que voce? pode fazer pela igualdade de ge?nero na infa?ncia?”, a ONG tem como objetivo alertar a sociedade brasileira para os pequenos hábitos que levam ao machismo institucional. “A igualdade pode ser construída e nos orgulhamos em colaborar para que isso possa acontecer. O desafio é fazer com que aqueles que estão numa posição privilegiada possam abrir mão de certos privilégios para que conquistemos a igualdade”, comenta Flavio Debique, gerente de estratégia da Plan Brasil.
Com o objetivo de minimizar os números acima, a entidade sugere uma série de ações que abordam a igualdade de gênero na educação de crianças e incentiva a comunidade educadora – professores, educadores, pais, familiares – a olhar para o tema como algo importante.
Junto com a campanha, a organização lançou uma página na web que disponibiliza materiais de apoio e que tem como intuito sensibilizar, inspirar e apoiar as pessoas a encararem esse desafio em sua rotina. São vídeos, documentários, webséries e outros materias que podem ser utilizados, inclusive, como proposta de atividades em sala de aula. Veja aqui.
“Um ponto muito importante é saber de onde vem esta discussão, pois muitas coisas que as pessoas falam, comentam e discordam sobre gênero não têm nada a ver com o tema em si”. explica Viviana Santiago, especialista da Plan para gênero e diversidade nas escolas. E completa, “as crianças acham que só há um jeito de ser menino e um de ser menina. É preciso ampliar o olhar e o repertório delas, promover outras vivências que vão além da boneca e do carrinho. A dificuldade de trabalhar gênero na escola é porque acha-se que o gênero não está lá.”
Todos os materiais disponibilizados no site são gratuitos.
A Plan fez uma lista sugerindo o que toda criança deveria saber sobre gênero. Confira:
1. Ninguém deve ser discriminado por ser menina ou ser menino, do mesmo modo que por questões de raça ou classe social. Todas as pessoas merecem respeito.
2. Meninas e meninos têm os mesmos direitos. Em casa, na escola, na quadra, em qualquer lugar.
3. Não existem brinquedos de menino e brinquedos de menina, assim como não existem coisas de menino e de menina. Todo mundo pode brincar do que goste, e isso ajuda as crianças a se desenvolver plenamente.
4. Tanto as meninas quanto os meninos precisam de cuidados. E cuidar – da casa, das crianças, dos animais, por exemplo – é algo para todas as pessoas.
5. Meninas e meninos têm o direito de expressar seus sentimentos livremente. Inclusive chorando.
6. Meninos e meninas têm direitos iguais de usar os espaços públicos, de expressar seus desejos e opiniões.
7. Ninguém tem o direito de tocar o corpo delas sem autorização. Cada criança é dona de seu próprio corpo e precisa ter autonomia sobre ele.
8. O machismo é ruim para as meninas e para os meninos também, pois restringe a liberdade e o potencial das pessoas.