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UE do Agreste atendeu este ano 3.400 vítimas de quedas
Depois das fraturas e traumas resultantes dos acidentes com motocicletas, as quedas no ambiente doméstico representam a segunda maior causa de internamentos na Unidade de Emergência do Agreste, em Arapiraca. Conforme relatório divulgado pelo Núcleo de Processamento de Dados (NPD) do hospital, de janeiro a maio deste ano, já foram registrados 3.400 atendimentos de pessoas que sofreram algum tipo de queda, sendo a grande maioria dentro de suas próprias casas.
No ano passado foram contabilizados 8.704 internamentos de pessoas que sofreram algum tipo de queda. Esse tipo de acidente é mais comum entre crianças menores de 12 anos e idosos com idade acima de 60 anos, ainda de acordo com informações divulgadas pelo NPD da Unidade de Emergência do Agreste.
Segundo a clínica geral Adriana Barbosa, as pessoas com idade acima de 60 anos têm maior risco de queda, uma vez que desenvolvem perdas naturais de audição, equilíbrio e visão, em razão do envelhecimento. Ela explica que, além desses fatores de risco, o uso de algumas medicações, diminuição de força muscular e alterações no jeito de caminhar, também contribuem para tropeços, tombos e escorregões entre a população idosa.
Ainda de acordo com Adriana Barbosa, as mulheres caem com mais frequência na cozinha e no banheiro, e os tombos entre os homens ocorrem no banheiro e em outros cômodos das residências e durante caminhadas nas ruas. Para a assistente social Deyse Malba, as quedas que ocorrem na rua estão relacionadas às más condições das vias públicas. “A falta de acessibilidade ainda é um desafio em nossas cidades, uma vez que os acidentes acontecem por conta de calçadas sem nível, danificadas ou mal sinalizadas”, ressalta.
Dentro dos domicílios, explica a assistente social Deyse Malba, as quedas são decorrentes de um ambiente inapropriado para o idoso, com pisos lisos, tapetes soltos e obstáculos colocados no banheiro e na cozinha, principalmente. “De todos os cômodos, o banheiro é o local mais perigoso para os idosos. Isso se deve ao fato de nesse cômodo haver pisos lisos e escorregadios, muitas vezes piorados pela presença de água, além do fato de o idoso ter que abaixar-se e levantar-se do assento sanitário, momento em que há grande risco de desequilíbrio e queda”, afirma.
As psicólogas Mônica Leal e Lúcia Vanda alertam as famílias para estarem mais perto dos idosos. “A cultura brasileira, infelizmente, não valoriza as pessoas mais velhas. É preciso mais respeito aos idosos, que não podem viver isolados e sujeitos não somente a violências físicas, mas também psicológicas, que, em muitos casos, provocam depressão e outras doenças”, esclarece Mônica Leal.
O mesmo sentimento é compartilhado pela enfermeira Elisângela Lira, que defende a co-responsabilidade da família e da sociedade, para que sejam reduzidos os acidentes domésticos com idosos. “As pessoas precisam ter consciência de que também irão envelhecer e estarão sujeitas a esse mesmo tipo de ocorrência, caso não modifiquem os hábitos e garantam mais segurança e acessibilidade nas ruas e em suas casas”, acrescentou a enfermeira, que também faz parte do grupo multidisciplinar de trabalho que acompanha os casos de acidentes e quedas com pacientes na Unidade de Emergência do Agreste, em Arapiraca.
Grupo de Trabalho – Para acompanhar mais de perto os atendimentos, bem como os pacientes e familiares, a gerência do hospital, por meio da médica Regiluce Santos e do assessor técnico Paulo Roberto Pereira, está apoiando novas estratégias das equipes dos profissionais de saúde. O grupo de trabalho é formado pelas psicólogas Mônica Leal e Lúcia Vanda, clínica-geral Adriana Barbosa, assistente social Deyse Malba e a enfermeira Elisângela Lira, coordenadora do Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) e mestranda em Ensino na Saúde pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal)