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Um terço das 272 mulheres assassinadas em SP no 1º semestre foi morta pelo marido

Por G1 22/08/2017 14h02
Um terço das 272 mulheres assassinadas em SP no 1º semestre foi morta pelo marido

De janeiro a junho deste ano, 272 mulheres foram mortas no estado de São Paulo, 93, um terço, foram vítimas dos maridos e companheiros, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública compilados pelo SPTV. Nos últimos dois dias (20 e 21 de agosto), quatro mulheres foram mortas pelos maridos na capital paulista.
(Correção: ao ser publicada, esta reportagem errou ao informar que metade das mulheres foi morta pelo marido, na verdade o número representa cerca de 30% dos casos. O erro foi corrigido às 11h.)

No geral, 83,7% das vítimas de homicídios no estado são homens, 14,1% mulheres e 2,2% não identificados, mas nos casos de homicídios entre casais, 70,1% das vítimas são mulheres, contra 29,9% que são homens. O chamado feminicídio virou qualificadora de crime em 2015 com uma lei sancionada pela então presidente Dilma Rousseff. A prática também entrou no rol dos crimes considerados hediondos.

O SPTV apurou que, só nos últimos três meses, ao menos 19 mulheres foram assassinadas na Grande São Paulo. 11 dos crimes ocorreram na capital e, de acordo com a investigação da polícia, foram motivados por ciúme, traição, disputa pela guarda de filho, gravidez indesejada e porque o parceiro não aceitava a separação. Em um dos casos, um homem alegou que matou duas amigas da esposa porque elas estariam influenciando no relacionamento do casal.

Para a diretora-executiva do Fórum de Segurança Pública de São Paulo, Samira Bueno, os crimes, no geral, são resultados do machismo. "Infelizmente o feminicídio é um crime que está presente em toda sociedade porque tem raízes culturais. Ele está muito ligado ao machismo. A ideia de posse da mulher, como propriedade de um homem."

Quatro casos em dois dias


Um policial militar matou a ex-mulher depois de uma discussão na região central da capital paulista nesta segunda-feira (22). O caso ocorreu no bairro do Canindé, no Centro da cidade. A vítima estava em casa com o filho do casal, de sete anos.

Após o crime, o policial fugiu com a criança. Horas depois, porém, ligou para a ex-sogra avisando que havia matado a filha dela e se entregou à polícia. Ele disse em depoimento que brigava na Justiça pela guarda do filho. O garoto está, agora, sob os cuidados da avó materna.

Também nesta segunda-feira, uma mulher foi morta estrangulada pelo namorado na Zona Sul da cidade. Segundo a Polícia Militar, o crime ocorreu em um barraco na Rua José Alves da Silva, 12, no Jardim Ângela.

O pai do agressor procurou a Guarda Civil Metropolitana para dizer que seu filho havia estrangulado a namorada e fugido. O suspeito foi encontrado, detido e o caso registrado no 47º Distrito Policial, no Capão Redondo.


Ainda nesta segunda-feira, o ajudante de serviços gerais Antônio de Souza, de 62 anos, foi preso após agredir e matar a própria mulher, Maria do Carmo Cândido, de 67, na Vila Brasilândia, Zona Norte de São Paulo.


O crime ocorreu na residência em que o casal vivia, na Rua Joaquim Ferreira da Costa, por volta das 12h. O caso foi descoberto depois que Antônio chegou alcoolizado a um bar e contou aos demais clientes que havia acabado de matar a esposa.
Uma das pessoas que ouviu o relato decidiu chamar a polícia e, quando os agentes chegaram, o suspeito confirmou a história. Ele levou os policiais até a casa e lá o corpo da mulher foi encontrado caído, na sala, já sem vida.

Na madrugada de domingo (20), o delegado Cristian Lanfredi, 42, que atuava na Assembleia Legislativa de São Paulo, matou a mulher, Cláudia Zerati, juíza, titular da 2ª Vara do Trabalho de Franco da Rocha, e depois se suicidou no apartamento do casal, na Zona Oeste.

A Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e a Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 2ª Região (Amatra) divulgaram nota para manifestar "indignação" pela morte da juíza "O machismo mata", diz o texto.

De acordo com a Lei do Femicídio, de março de 2015, considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição de mulher.