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"Desmonte judicial" da Laginha pode deixar credores a "ver navios"
Como o deságio nos leilões realizados até agora chegam a 40%, o valor arrecadado não será suficiente para quitar as dívidas
A julgar pelos resultados dos primeiros leilões, realizados há uma semana, boa parte dos credores da massa falida da Laginha Agroindustrial S/A podem ficar sem nada. Literalmente.
A matemática explica: a dívida original do Grupo JL, avaliada em R$ 2,1 bilhões (preços de 2012) é praticamente o mesmo valor de avaliação do patrimônio.
Como o deságio nos leilões realizados até agora chegam a 40%, o valor arrecadado não será suficiente para quitar as dívidas.
Um caso recente é da venda da revenda de veículos Mapel. A venda da concessionária poderia reverter para a massa falida mais de R$ 40 milhões, mas só entraram no caixa – por conta do modelo de negociação – cerca de R$ 7 milhões.
Não é só. Desde que o Tribunal de Justiça de Alagoas decretou a falência da Laginha Agroindustrial SA, em 2012, as cinco usinas do grupo (três em Alagoas e 2 em Minas Gerais) vem perdendo valor de mercado em função da falta de renovação dos canaviais, invasão de terras e deterioração dos parques industriais, máquinas e equipamentos – além do “desaparecimento” de vários bens.
A exceção fica por conta da usina Uruba, em Atalaia. Arrendada por uma cooperativa (a Coopervales) a indústria começa este mês sua terceira safra, após da decretação de falência, com investimentos no parque industrial e no campo.
Desvalorização de 40%
O leilão realizado no dia 23 de agosto em segunda chamada pela Superbid.net (empresa que não tem sequer cadastro no TJ/AL) resultou na venda de três lotes (um avião, um apartamento e uma sala comercial) por R$ 814 mil. O valor inicial de avaliação era de R$ 1,2 milhão.
A Superbid, que também quer leiloar as duas usinas da Laginha em MG, não conseguiu vender um quarto lote ofertado – a sede da massa falida, em Ipioca, apesar do valor inicial de R$ 15,7 milhões ter sido reduzido para R$ 9,4 milhões.
“O maior prejuízo, com esse tipo de leilão (on line) é para quem espera receber seus direitos. Do jeito que vai, eles vendem tudo e não sobra dinheiro para pagar nem metade das dívidas”, diz o advogado de um grupo de credores.
Além da perda de valor nos bens em leilões, o advogado alerta para outros problemas: “os custos da administração judicial, até agora, são muito altos. Nesse período, mais de R$ 40 milhões foram arrecadados e nada foi pago aos credores. A Justiça de Alagoas precisa evitar que todo o patrimônio seja perdido, causando prejuízos não só para quem tem créditos reconhecidos, mas também para trabalhadores e para a economia de Alagoas e Minas Gerais”.