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Superlotação no IML: corpos que estavam na Capital começam a ser sepultados no interior
Enfrentando uma grave crise de superlotação, o Instituto Médico Legal (IML) de Maceió não tinha mais para receber mais corpos. Após um esforço conjunto que envolveu a Secretaria de Segurança Pública, Ministério Público estadual e prefeituras do interior, 15 corpos que estavam nas câmaras frias do Instituto foram sepultados no município de Rio Largo.
Esses corpos haviam sido recolhidos na área distrital do município entre os anos de 2020 e 2021 e estavam no IML da capital alagoana à espera de familiares para a devida identificação e liberação para o sepultamento. Dados do relatório do IML revelam que há 150 cadáveres estocados, sendo 67 de Maceió e o restante do interior.
“Após a reunião, as autoridades entraram em contato com a Prefeitura Municipal de Rio Largo, segunda cidade com o maior número de corpos acondicionados no IML. De imediato, o secretário de infraestrutura Luís Tavares, responsável pelos cemitérios da cidade se prontificou em ceder as vagas necessárias para inumar os corpos oriundos do município, que foram recolhidos pelo IML, mas que permaneciam na unidade como não reclamados”, explicou Diogo Nilo, chefe do IML de Maceió.
De acordo com o IML, todos os corpos sepultados hoje foram devidamente necropsiados e passaram por exames complementares no departamento de identificação humana do órgão.
Acordo
Nesta quarta-feira, 20, o Ministério Público de Alagoas (MPAL) firmou acordo com prefeitos do interior do estado, para que sejam viabilizadas urnas funerárias, e locais para sepultamentos dos corpos encontrados no interior de Alagoas e que estão lotando o IML. A medida se deu após reunião entre o MP e a Secretaria de Segurança Pública, responsável pelo IML de Maceió e de Arapiraca para discutir medidas no enfrentamento à superlotação.
Até o momento, de acordo com o MP, 27 prefeitos se manifestaram e se comprometeram em ajudar no problema de saúde pública. Ao todo 29 cidades do interior de Alagoas têm corpos nos IMLs do estado.
O Procurador Geral de Justiça de Alagoas, Márcio Roberto, explicou que devido a gravidade do problema e o curto prazo para solucioná-lo, foi realizado contato direto com mais de 50 prefeitos.
“Assim que recebemos todas as informações e nos reunimos com o secretário de Segurança e a promotora Karla Padilha, decidimos que não havia tempo para um cronograma de ações, então optamos pela praticidade na tentativa de evitar uma tragédia. Mantivemos contato com mais de cinquenta prefeitos e cem por cento deles já disponibilizaram urnas funerárias e local para a inumação dos cadáveres provenientes dos seus municípios.”, enfatizou.
Como mais uma alternativa para solucionar a superlotação, a chefia do IML espera agora a formalização do termo de cooperação elaborada pelo MP e que será assinado pela SSP e a Associação dos Municípios Alagoanos (AMA). Quando oficializado, após a realização dos exames cadavéricos e de um prazo estipulado, o termo permitirá aos IML de Maceió e Arapiraca, sepultar o corpo na mesma cidade onde ele foi recolhido.
Desaparecidos
A Polícia Científica de Alagoas implementou ainda o projeto Desaparecidos que coleta material genético de familiares de pessoas que estão desaparecidas para realizar buscas no Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG). Outra novidade implementada pelo estado de Alagoas foi nomear um comitê gestor estadual de política nacional de busca por pessoas desaparecidas.