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"Tinha medo dele, mas não imaginava violência", diz mulher espancada por colega

O procurador e a vítima são concursados e trabalhavam juntos desde 2013

Por Uol 22/06/2022 11h11 - Atualizado em 22/06/2022 11h11
'Tinha medo dele, mas não imaginava violência', diz mulher espancada por colega
O procurador e a vítima são concursados e trabalhavam juntos desde 2013 - Foto: Reprodução

A procuradora-geral Gabriela Samadello Monteiro de Barros, 39, agredida com socos e chutes por Demétrius Oliveira Macedo, 34, afirmou que tinha medo do colega, que já tinha um "comportamento totalmente antissocial" há pelo menos três anos e hostilizava outras funcionárias mulheres.

O suspeito, que trabalha com a vítima na prefeitura de Registro (SP), desde 2013, apareceu em um vídeo gravado por outra funcionária desferindo vários socos e chutes em Gabriela, que é sua chefe na repartição pública.

"Eu tinha medo [dele], mas não imaginava uma violência física. Eu imaginava que fosse um bate-boca, mas não uma agressão", afirmou Gabriela em entrevista à TV Globo, exibida hoje. "Foi exposta a minha dignidade, né, como mulher. Fui desrespeitada como servidora pública, foi um desrespeito global da minha personalidade".

Ainda com marcas da agressão no rosto, ela explicou que Demétrius se enfureceu depois que ela foi listada como membro de uma comissão que investigaria uma conduta inadequada dele contra outra colega.

"Ele tinha um comportamento totalmente antissocial, não falava com ninguém, não cumprimentava, não tinha um mínimo de urbanidade. Já havia brigado e hostilizado outras funcionárias e me expulsado da sala dele", detalhou a procuradora em entrevista ao jornal carioca O Globo.

As agressões do procurador contra Gabriela aconteceram na segunda-feira (20). Ela já se preparava para ir embora da repartição quando parou na mesa de sua assistente, por volta das 16h50. Demétrius levantou-se de sua mesa e caminhou em direção à colega, querendo tirar satisfação sobre sua participação no processo administrativo contra ele.

Após dar um soco no rosto da colega de trabalho e ela cair no chão, o homem passa a chutá-la e bater em sua cabeça. Uma funcionária tenta segurar o homem e também é empurrada por ele. Em seguida, outra servidora pública entra na sala e arrasta a vítima na tentativa de tirá-la do local. Além das agressões, o procurador xinga a chefe várias vezes.

Dois dias depois do caso, a profissional afirma que pretende entrar com um processo cível contra o agressor, além da investigação já aberta na Polícia Civil, para mostrar a Demétrius "que há limites" e "que as mulheres não podem ficar caladas" diante de casos de agressão.

"O juiz na sentença criminal pode fixar valor de indenização, mas pretendo entrar com processo cível, nem que seja para doar depois. Ele tem que saber que há limites e as mulheres não podem ficar caladas diante de tamanho desrespeito", justificou a procuradora ao Globo.

"Ele veio com tudo para cima de mim, deu uma cotovelada na minha cabeça, e eu fui arremessada na parede. Então ele começou a socar minha cabeça, e os funcionários ficaram em choque. Um ainda conseguiu gravar parte da surra que ele me deu. Ele me chutou inteira, eu fiquei desfalecida e quando estava levantando ele me deu outra. Ainda me chamou de tudo, de puta e vagabunda", acrescentou a vítima.

Para fugir do colega, Gabriela precisou ser levada para outra sala, que teve a porta trancada. Ela teve ferimentos no rosto e passou por atendimento médico, que constatou um corte na cabeça.

O boletim de ocorrência e o exame de corpo de delito foram feitos ontem, já que policiais consideraram que a procuradora não estava em condições de prestar depoimento logo após a agressão. Universa entrou em contato com Demétrius por mensagem, mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação e caso ocorra a matéria será atualizada.