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ONU divulga aumento de 42% em casos de casamentos forçados pelo mundo

Maioria das pessoas que relataram as circunstâncias do casamento forçado contam que foram obrigados por seus pais (73%) ou outros parentes (16%)

Por Redação* 13/09/2022 10h10 - Atualizado em 13/09/2022 13h01
ONU divulga aumento de 42% em casos de casamentos forçados pelo mundo
Escravidão Moderna - Foto: ILO/Global Estimates of Modern Slavery

Nesta segunda-feira (12), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou o aumento de 42% em 2021 em relação a 2016, de pessoas, obrigadas a se casar contra suas vontades.

A OIT é ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), e em relatório, mostra a situação de trabalho forçado que é comparada à Escravidão Moderna.

Conforme a OIT, grande parte dos casamentos forçados tendem a ter a obrigação do trabalho, dentro ou fora de casa. "Uma vez que a pessoa é forçada a se casar, há um risco maior de exploração sexual, violência e servidão doméstica, além de outras formas de trabalho forçado dentro e fora do domicílio. A chance de a mulher ser forçada a executar trabalhos para o cônjuge (ou para a família do cônjuge) é maior que a dos homens", diz o texto.

Evolução dos números


Entre 2016, o número de pessoas obrigadas a se casar era de 15,4 milhões; em 2021, esse número chegou a 22,0 milhões. Em números absolutos, foi uma alta de 6,6 milhões.

A entidade estima que 32% das pessoas forçadas a se casar também são obrigadas a trabalhar (sendo que 25% fazem trabalho doméstico; 6,5% trabalham fora de casa, geralmente no domicílio de pessoas da família do cônjuge; e 8% trabalham em empresas do cônjuge ou da família —em alguns casos trabalha-se em mais de um local).

A OIT afirma, no entanto, que essa quantia tende a ser maior, pois muitas das vítimas que se casaram forçadas não afirmam serem obrigadas a trabalhar, mesmo executando tais tarefas depois das cerimônias de casamento.

Mulheres são as principais prejudicadas

Para evitar o casamento forçado, a OIT recomenda adotar políticas que tenham "lentes de gênero", ou seja, que deem atenção especial para mulheres, já que elas são as principais vítimas.

Umas das melhorias que diferenciariam a crescente de casos, seria elevar a idade mínima de 18 anos e tornar crime casar alguém contra seu consentimento, não importando a idade. Sem deixar brechas para quaisquer exceções, evitando assim que menores de idade fossem obrigadas a constituir matrimônios contra a própria vontade.


Segundo o relatório, a ordem da prevalência de casamento forçado nas regiões do mundo é a seguinte:


Países árabes
Ásia e países do Pacífico
Europa e Ásia Central
África
Américas

Quase dois terços de todos os casamentos forçados, cerca de 14,2 milhões de pessoas, ocorrem na Ásia e no Pacífico. Isto é, seguido por 14,5% na África (3,2 milhões) e 10,4% na Europa e Ásia Central (2,3 milhões). Considerando a proporção da população, a prevalência de casamento forçado é mais alta nos países Árabes (4,8 por mil habitantes), seguido por Ásia e Pacífico (3,3 por mil população).

Três em cada cinco pessoas forçadas a se casar estão em países de renda média a baixa. No entanto, as nações mais ricas não estão imunes ao problema: 26% dos casamentos forçados ocorrem em países de renda alta ou média-alta.

Os membros da própria família foram responsáveis ​​pela grande maioria dos casamentos forçados. A maioria das pessoas que relataram as circunstâncias do casamento forçado conta que foram obrigados por seus pais (73%) ou outros parentes (16%).

Metade dos que vivem em casamentos forçados foram coagidos por meio de ameaças emocionais ou abuso verbal. Isso inclui o uso de chantagem emocional – por exemplo, pais ameaçando se automutilar ou afirmando que a reputação da família será arruinada – e ameaças de afastamento de familiares, entre outras coisas. Violência física ou sexual e ameaças de violência foram outros meios de coação muito usados (19% dos casos).

Uma vez que uma pessoa é forçada a se casar, há maior risco de exploração sexual, violência, servidão doméstica e outras formas de trabalho forçado, tanto dentro quanto fora de casa.

Escravidão Moderna


O momento de pandemia pelo covid-19 vivida pelo mundo teve sua parcela de culpa no aumento dos casos em escravidão moderna. Nesta segunda-feira (12), a ONU informou que ainda no ano passado, 50 milhões de pessoas estavam presas a trabalhos ou matrimônios forçados.

A ONU tem a meta de erradicar este mal até 2030, mas, no ano passado, mais 10 milhões de pessoas estavam em situação de escravidão moderna na comparação com as estimativas mundiais de 2016, conforme o relatório publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) - duas agências da ONU - com a ONG Walk Free Foundation.

Dos 50 milhões de afetados, 27,6 milhões são indivíduos submetidos a trabalhos forçados e 22 milhões de pessoas casadas contra sua vontade.

As mulheres e as meninas representam mais de dois terços das pessoas forçadas ao matrimônio, e quase quatro de cada cinco são pessoas que sofrem exploração sexual comercial, segundo o relatório.

*Com informações do G1


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