Geral

Maceioenses relatam transtornos causado por manifestações bolsonaristas: "Foi o pior dia do ano"

Com tendas, alimentação, água e trio elétrico, alguns bolsonaristas acampam na principal avenida

Por Alícia Santos, estagiária sob supervisão 01/11/2022 16h04 - Atualizado em 01/11/2022 18h06
Maceioenses relatam transtornos causado por manifestações bolsonaristas: 'Foi o pior dia do ano'
O protesto está sendo realizada em frente ao frente ao Quartel do Exército, em Maceió. - Foto: Print de vídeo.

Maceioenses enfrentam desde segunda-feira (31) congestionamentos provocados pelas manifestações bolsonaristas que acontecem na principal avenida da cidade, a Avenida Fernandes Lima, em frente ao Quartel do Exército. Em conversa com o Jornal de Alagoas, populares de Maceió, demonstram indignação com a manifestação e os transtornos para se deslocar pela cidade.

Com tendas e e trio elétrico, eleitores de bolsonaram acampam na avenida e afetam diretamente o direito de ir e vir de muitos trabalhadores como Fernanda, estudante da Universidade Federal que precisou pegar dois transportes públicos para somente após mais de três horas conseguir chegar ao seu destino.

“Moro no Tabuleiro e trabalho na Pajuçara, então normalmente já é uma viagem bem desgastante. Ontem foi uma verdadeira tortura para quem já estava cansada de um longo dia de trabalho, onde crianças já estavam impacientes e começavam a chorar no ônibus, a fome começava a bater, o celular a descarregar e a exaustão a se instalar completamente”, disse a universitária, que classificou o dia de ontem como um dos piores do ano.

“Infelizmente a Fernandes Lima é a via central. Inviabilizar o uso dela no horário onde os pobres precisam voltar para casa é uma coisa assim absurda para uma população que já é bem desassistida de tudo", completou.

Ela se diz contra as manifestações e disse ser “deprimente” a cidade inteira perder tempo por conta de uma meia dúzia que não aceitam a vontade da maioria. Segundo ela, os transtornos prejudicam a saúde física e mental da população que vive na parte alta.

Joezia Rodrigues, assistente administrativa de uma empresa localizada no Jaraguá, também foi outra trabalhadora que gastou horas no congestionamento desta segunda. Ela levou 4 horas para sair do trabalho até sua casa, localizada no bairro do Cruzeiro do Sul. “Esse trajeto dura uma hora no máximo”, conta. A demora se deu, pois a assistente levou duas horas para conseguir pegar o ônibus e outras duas horas para chegar ao destino.

"Achei um absurdo, sem lógica nenhuma, até por que [no momento em que ela transitou pela via] tinham poucas pessoas, tinham muitos policiais, mas eu acho que não tinha necessidade nenhuma, até por causa do horário. Nos pontos de ônibus, por exemplo, as pessoas reclamaram que não tinha outras alternativas para chegar em casa. Como no meu caso, que só tinha uma opção para chegar ao Cruzeiro do Sul. O Uber estava dando 62 dois reais para o meu destino, então não era viável. Hoje vim preparada para não voltar para casa”, lamenta.

A estudante de comunicação Joyce Andrea, durante entrevista ao JAL informou que começou seu expediente atrasada também por causa do protesto, afirmando que ficou presa durante 40 minutos, e levou 1 hora e 20 em um percurso que geralmente leva apenas 40 minutos. "E ainda eram só 7h da manhã”.

Em relação ao ato, a comunicadora informou que ficou "chocada" com a duração do protesto. "Como sou moradora de Maceió sei da realidade da cidade, e já testemunhei várias vezes que mobilizações desse tipo não costumam perdurar por tantas horas, já que a Segurança Pública sempre intervém e dispersa a população"..

A estudante deu como exemplo um movimento realizado por vítimas da Braskem no caso Pinheiro no ano passado também na Fernandes Lima, "então a chateação do trânsito nem foi o maior incômodo, e sim, perceber que as forças armadas estão sendo coniventes e parciais nessa mobilização, que é ilegal, já que a reivindicação é intervenção militar, numa clara apologia à Ditadura".