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Sacos de areia para contenção do avanço do mar se rompem na Jatiúca e prefeitura inicia nova obra

Seminfra não informou se as obras foram antecipadas devido ao rompimento das bigbags ou faziam parte do planejamento

Por Isabelle Guedes* e Vinícius Rocha 24/11/2022 12h12 - Atualizado em 24/11/2022 13h01
Sacos de areia para contenção do avanço do mar se rompem na Jatiúca e prefeitura inicia nova obra
O material feito de plástico e areia da praia aparece rasgado e espalhado pela faixa de areia - Foto: Reprodução/Redes sociais

Moradores de Maceió observaram, desde a última segunda-feira (21), o rompimento das "bigbags" - usadas para conter o avanço do mar, localizada na orla de Jatiúca. Nas imagens, é possível ver os materiais, feito de plástico e areia da praia, rasgados e espalhados pela faixa de areia. Para alguns ambientalistas eles são considerados perigosos para a vida marinha, pois, quando desintegrados, despejam microplásticos no oceano.

Veja o vídeo:


Na manhã desta quinta-feira (24), a Prefeitura de Maceió iniciou uma nova obra de contenção no trecho rompido na Jatiúca, ponto crítico da erosão causado pelo avanço do mar. Agora, blocos de concreto serão instalados como medida definitiva para solucionar o problema.

Na orla, é possível ver máquinas fazendo a substituição dos bigbags pelos blocos de concreto. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra). A pasta, no entanto, não informou se as obras foram antecipadas devido ao rompimento das bags ou se já estavam em seu planejamento, bem como os detalhes sobre funcionamento, programação e investimento. O espaço está aberto para atualização. 


Em agosto deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) reuniu-se com a Seminfra e o Instituto do Meio Ambiente (IMA) para discutir sobre intervenções emergenciais que devem ser realizadas em pontos da orla, danificados em razão da erosão causada pelo avanço do mar. Na ocasião, foi apresentado o projeto desenvolvido pela prefeitura para a contenção do mar, o qual terá sua execução monitorada pelo MPF, em razão de sentença proferida nos autos de ação civil pública (ACP).

Ficou definido que o município se compromete a apresentar ao órgão ambiental, protocolo de licenciamento das obras definitivas, bem como informar o feito ao Ministério Público Federal no prazo de dez dias após a efetiva apresentação.

O Jornal de Alagoas procurou a assessoria de comunicação do IMA para saber se o município já apresentou o projeto e se já foi iniciado os estudos ambientais sobre essa questão. Até o momento não obtivemos resposta. O espaço está aberto para esclarecimentos

Questão ambiental

Para o presidente do Instituto Biota de Conservação, Bruno Stefanis, as bigbags não são a medida adequada para conter o avanço da maré e é necessário pensar nesse tema a longo prazo.

“O que realmente segura o avanço do mar é a restinga, o mangue. Isso não vai melhorar enquanto a gente não mudar nosso meio de vida”.

Ele explica que ao colocar entulho na frente da maré a energia dissipada vai para o lado e assim sucessivamente. “É como um balde, nos jogamos uma pedra no balde e a água sai pelas bordas”, exemplifica o biólogo.

O plástico que envolvem os grandes sacos de areia também preocupam. Ao ser rompido pela força da maré, os materiais vão para o oceano, tornando-se uma ameaça ambiental causada pelos microplásticos presentes no material.

‘’Bigbags são feitas de plástico e isso volta para nossa cadeira alimentar, além de voltar para os animais marinhos. Um indicativo que o mar tá ficando contaminado por esse tipo de material.’’

*Estagiária sob supervisão