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Pastoral Carcerária desmente reportagens que disseram não haver tortura em presídios de AL

Entidade se manifestou após circularem notícias de que "Presídios em Alagoas não registram casos de tortura em 2022”

Por Pastoral Carcerária Nacional 27/01/2023 14h02 - Atualizado em 27/01/2023 14h02
Pastoral Carcerária desmente reportagens que disseram não haver tortura em presídios de AL
Nota é emitida pelo Pastoral Carcerária Nacional. - Foto: Reprodução

A Pastoral Carcerária Nacional vem a público se manifestar perante reportagens que têm deturpado os dados e análises do relatório Vozes e Dados da Tortura em Tempos de Encarceramento em Massa 2022, lançado recentemente pela PCr.

*Atualização – 27/01 – 10:30: Ambos os veículos citados foram contatados pela PCr antes da publicação desta nota para que publicassem uma errata nos seus sites. Até o momento, nada foi publicado.

No dia 24 de janeiro, o site Gazetaweb, do Alagoas, publicou a reportagem “Presídios em Alagoas não registram casos de tortura em 2022”, que passa a imagem de que, se a Pastoral não recebeu denúncias do estado, então não há torturas. A matéria entrevista o policial penal Milton Pereira, secretário Executivo de Gestão Penitenciária, que reforça essa narrativa. Na mesma linha, o site Contilnet, do Acre, publicou no dia 21 de janeiro a reportagem “Acre está entre os estados sem denúncias de torturas no sistema prisional, diz Pastoral”.

Importante frisar que a PCr Nacional não foi procurada por nenhum dos veículos em questão para entrevistas e esclarecimentos, como é costumeiro do bom jornalismo. As reportagens também não reproduziram o conteúdo do relatório com precisão.

Mesmo não tendo recebido denúncias do Acre, Alagoas e Rio Grande do Norte no período da elaboração do relatório, não significa que não há tortura nesses estados; pelo contrário, o não recebimento de casos pode indicar um cenário de medo e punição. Tal constatação está presente, com todas as letras, no relatório da Pastoral:

“Cumpre ressaltar, por fim, que o número reduzido de casos abertos em determinados estados não representa a ausência de violações ou a preservação dos direitos das pessoas presas nesses territórios. Pelo contrário, o baixo números de casos pode ser resultado de atmosferas punitivas que circundam o espaço prisional, que ameaçam e alimentam o medo dos/as denunciantes que são coagidos/as a ficarem em silêncio. Esse cenário de medo e punição, dificulta a construção robusta de canais de denúncia na localidade”. (pg. 22)

O sistema prisional é torturante em todo país, e em todas as suas formas. Selecionar uma informação específica de um trabalho que tem como objetivo mostrar a violência e barbárie que existe no cárcere e tirá-la do contexto a fim de corroborar uma narrativa que tenta mostrar justamente o contrário é mau jornalismo e desinforma a sociedade.

Se você for familiar, agente de Pastoral, advogado ou membro de outras organizações que visitem o sistema prisional do Acre, Alagoas ou Rio Grande do Norte e presenciar situações de violações de direitos humanos ou torturas, entre em contato conosco e denuncie, para que essas vozes não continuem caladas.

As denúncias podem ser feitas no site da Pastoral Carcerária Nacional, em anonimato, aqui.