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Cacá Diegues será patrono da Bienal Internacional do Livro de Alagoas

Cineasta alagoano será homenageado por toda sua contribuição às artes e à cultura

Por Assessoria 02/05/2023 13h01 - Atualizado em 02/05/2023 13h01
Cacá Diegues será patrono da Bienal Internacional do Livro de Alagoas
Cineasta será homenageado por toda sua contribuição às artes e à cultura local, nacional e internacional - Foto: Reprodução

O cineasta alagoano Cacá Diegues foi escolhido como patrono da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. O maior evento cultural e literário do estado será realizado entre os dias 11 e 20 de agosto no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, no bairro de Jaraguá, em Maceió. Na ocasião, Diegues, que também é membro da Academia Brasileira de Letras, será homenageado por toda sua contribuição às artes e à cultura local, nacional e internacional.

“Esse ano temos o privilégio de ter o Cacá Diegues como patrono. Aquele que fez Xica da Silva, Deus É Brasileiro e tantos outros. Aquele que é Membro da Cinemateca Francesa de onde tem, inclusive, Ordem do Mérito Cultural, e é um estimulador da leitura, das artes visuais, do cinema e um alagoano que esbanja criatividade e sempre enaltece a sua terra. Vai ser um orgulho muito grande para a nossa Bienal poder contar com Cacá Diegues nesse momento todo especial de sua carreira e de retomada da nossa bienal”, comentou o reitor Josealdo Tonholo.

A fala do reitor sobre o momento atual da carreira do cineasta se soma ao fato de que Diegues está envolto às gravações de seu 20º filme intitulado Deus Ainda É Brasileiro, um spin-off – como ele costuma dizer em suas entrevistas – do sucesso Deus É Brasileiro (2003) que foi inspirado no conto O Santo que não acreditava em Deus, de João Ubaldo Ribeiro.

No primeiro filme, Deus (Fagundes) vem ao país em busca de um substituto para, assim, poder tirar férias de seus afazeres divinos. Já no atual, Deus Ainda É Brasileiro, Diegues diz que o filme busca trazer de volta os valores quase esquecidos, além de recuperar a esperança de que o Brasil pode melhorar e [voltar a] dar certo.

Orçado em R$ 12 milhões, com parte do investimento feito pelo Governo de Alagoas, que é correalizador da bienal, o filme tem produção de Paula Barreto e contou com suas gravações inteiramente feitas em Alagoas – mais precisamente em Maceió (na praia de Ipioca, na Associação Comercial e no bairro de Jaraguá) e também em Piranhas, no Sertão do estado.

A obra ainda não tem data para chegar aos cinemas, mas já tem exibição garantida em salas nacionais e internacionais (como nos Estados Unidos e em países da Europa).

Elenco do filme em Alagoas. Foto: Reprodução


Sobre o cineasta

Cacá Diegues nasceu em Maceió, em 19 de maio de 1940, e sua relação com o mundo do cinema veio de logo cedo, quando ainda era estudante de Direito na Pontifícia Universidade Católica (PUC), no Rio de Janeiro, para onde se mudou quando tinha apenas 6 anos de idade. Foi lá que ele criou um cineclube onde iniciou as primeiras atividades de cineasta amador na companhia de nomes como Arnaldo Jabor e Paulo Perdigão, por exemplo.

Daí em diante foi só produzir. As ideias não paravam de chegar. Tanto que na década de 1960, Diegues produziu seus primeiros longas-metragens: Ganga Zumba (1964), A Grande Cidade (1966) e Os Herdeiros (1969). As três obras representam o período então vigente, com inspiração de utopias para o cinema, para a humanidade e para o Brasil – que, naquele momento, atravessava o período militar.

Em paralelo às produções, Diegues também começou a atuar como jornalista e escrevia críticas, ensaios e manifestos para diferentes publicações do Brasil e de fora. Mesmo tendo deixado o país em 1969, logo retornou e produziu mais dois filmes numa das fases mais complicadas da ditadura: Quando o Carnaval Chegar (1972) e Joanna Francesa (1973).

Mas foi com Xica da Silva (1976), como citou o reitor Tonholo, que ele atingiu sucesso popular no país, já que a obra anunciava, à sua maneira, a volta da alegria democrática e o fim do autoritarismo – Xica, inclusive, viraria novela exibida pela Rede Manchete 20 anos mais tarde com assinatura de Adamo Angel, pseudônimo do autor Walcyr Carrasco.

“A maioria dos filmes de Cacá Diegues foi selecionada por grandes festivais internacionais, como Cannes, Veneza, Berlim, Nova York e Toronto, e exibida comercialmente na Europa, Estados Unidos e América Latina - o que o torna um dos realizadores brasileiros mais conhecidos em todo o mundo”, diz a biografia do autor em sua página oficial.

Homenagem póstuma ao escritor Jorge de Lima


O poeta alagoano Jorge de Lima (1895-1953) também será homenageado na 10ª Bienal. Nascido em União dos Palmares, Lima cursou medicina em Salvador e no Rio de Janeiro, onde se formou em 1914. Foi quando ele retornou à capital alagoana e iniciou sua caminhada pela literatura e pelas artes. Em 1947, publicou Poemas Negros, seu livro mais famoso, mas seis anos depois, veio a falecer no Rio de Janeiro.

De acordo com o reitor Josealdo Tonholo, o homenageado especial desta edição teve importante contribuição no campo da saúde e também no campo das artes e da literatura a partir de seus poemas. Por isso, torna-se importante celebrar Jorge de Lima no ano em que ele completaria seus 130 anos.

“Jorge de Lima teve participação importantíssima tanto na área de saúde com sua tese de doutorado que fala do tratamento de resíduos, recolhimento de lixo e saneamento e a importância disso para a saúde, mas também é o nosso poeta de Alagoas, o príncipe da poesia alagoana com obras como A Reinvenção de Orfeu, Poemas Negros que estão entre as mais estudadas da Literatura Portuguesa. Vai ser um orgulho poder celebrar Jorge de Lima”, disse.

Recentemente, o alagoano também foi homenageado pela Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE-AL) em uma sessão especial proposta pelo deputado Doutor Wanderley (MDB) e aprovada por unanimidade pelos parlamentares. Na ocasião, o secretário de Estado da Comunicação, Joaldo Cavalcante, informou que, em breve, a Imprensa Oficial Graciliano Ramos lançará nova edição da vida e da obra de Lima, de autoria da escritora Povina Cavalcante.

“É uma contribuição que será ofertada à preservação da memória do poeta que, como dizia Carlos Moliterno, sempre teve na sua criatividade poética compromisso de destacar os nossos valores e identidades regionais, as lendas e os costumes”, revelou o secretário.

Sobre a Bienal


Com variada programação, que está sendo capitaneada pelas equipes da Ufal, via Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal), Pró-reitoria de Extensão (Proex), Coordenação de Assuntos Culturais (CAC) e Assessoria de Comunicação (Ascom), e Governo de Alagoas, por meio de suas secretarias, a 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas também contará com apoio do Sebrae, Sesc e outras instituições.

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