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Em Maceió, funcionários e alunos do Sesc e Senac protestam contra PL que corta verba das entidades
Eles alegam que corte de recursos ocasionaria o fim de serviços gratuitos e demissão de funcionários
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Funcionários e alunos do Serviço Social do Comércio de Alagoas (SESC) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) estão unidos pelas ruas de Maceió, nesta terça-feira, 16, em protesto diante da aprovação do Projeto de Lei de Conversão (PLV) 09/2023, que visa repassar parte da arrecadação destinada às entidades para financiar as atividades da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) na promoção internacional do turismo do Brasil.
Funcionários e alunos do Sesc e Senac protestam contra PL que visa cortar 5% da verba destinada às entidades pic.twitter.com/mZfAA4hX59
— Jornal de Alagoas (@JornaldeAlagoas) May 16, 2023
Ao todo, o Senado Federal quer destinar 5% da arrecadação total das duas entidades para a agência de turismo. O PL segue sendo tramitado no Senado, estando pautada para discussão e votação já nesta quarta-feira, 17 de maio. A mobilização dos funcionários e alunos quer sensibilizar a população alagoana para que compareça às ruas, assim como também garantir o apoio do Governo Federal e do Congresso Nacional contra a proposta do Senado.
A reportagem conversou durante o protesto com Rafael Duda, gestor de infraestrutura do Senac. Para ele, a aprovação dessa PL representaria um ''desastre'', uma vez que "essa verba que é o repasse da Receita Federal pro Senac, do comerciário. Querem tirar essa verba de cinco por cento para Embratur, daí o Sesc e Senac são contra totalmente, pois impactaria bastante e deixaríamos de dar cursos gratuitos. O Sesc deixaria de atender na academia, um serviço gratuito que hoje já é prestado", detalha.
Ainda segundo ele, milhões de alunos seriam prejudicados não só em Alagoas como em todo o Brasil, o que afetaria também a sociedade. ''As entidades oferecem um serviço muito importante de gratuidade, seja o Senac, por exemplo, que presta cursos técnicos gratuitos de capacitações para a sociedade, e o Sesc com o serviço social que alimenta pessoas pelo Mesa Brasil", ressaltou.
Duda também explica que desde o ano passado o PL está em tramitação. "Primeiro foi para câmara e agora está no Senado. A votação será amanhã e a gente precisa de um milhão de votos numa petição pública. Isso é um movimento nacional. A verba seria cortada nacionalmente. Então todos os regionais e em todo o estado do Brasil tem um Sesc e um Senac no mínimo. Então seria para todo o Brasil. A gente quer que o Senado, os senadores alagoanos se mobilizem em relação a barrar essa PL no Senado".
Ele conta que funcionários estão nas ruas desde oito horas da manhã e iniciaram a mobilização no Centro de Maceió, coletando assinaturas para a petição pública e, à tarde, vieram ao bairro do Poço, na sede do Sesc.
Ele concluiu afirmando que continuarão protestando até o fim da votação da proposta.
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Quem também conversou com a reportagem foi Carlos Pessoa, diretor do Sesc Alagoas. Ele lamentou a necessidade de estarem realizando o manifesto. "Infelizmente mais uma vez nós temos que parar nossas atividades, tirar todos os nossos empregados dos seus postos de trabalho e convidar a sociedade para vim defender algo que é legítimo, que é justo, previsto em nossa constituição. Ou seja, mais uma vez, somos ameaçados com o corte dos nossos repasses", frisou.
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Carlos Pessoa segura panfleto sobre o manifesto que foi distribuído durante a ação - Foto: Ruan Teixeira/Jornal de Alagoas.
Pessoa diz que caso a paralisação quer evitar ''algo absurdo'', desde o fechamento de unidades, desemprego de profissionais e a extinção de alguns serviços que o Sesc e o Senac oferecem à população. "O manifesto é nacional, está acontecendo em todo o Brasil, todas as cidades e estados que dispõe de unidades do sistema estão nesse momento, às dezesseis horas, parados afim de sensibilizar os nossos senadores para o não avanço dessa PL".
Carlos faz um apelo ao relatar que Alagoas é um estado pequeno, carente de ações sociais e de educação, contando que o dano seria forte, desde o fechamento de unidades, a diminuição dos postos de trabalho e os serviços que hoje as instituições oferecem de forma gratuita para toda a sociedade.
"Sesc e Senac estão juntos nessa. É um movimento articulado em todo o Brasil em prol do trabalhador, das instituições e de um Brasil melhor", concluiu.
Alunos repudiam corte
Kayky Kerlonn, estudante do Sesc, fez apelo ao conversar com a reportagem, para que não cortem os 5% da verba da entidade. "Estamos aqui sempre nós alegrando e aprendendo. O nosso Sesc é um lazer, ajuda também na cultura de Maceió e pessoas de idades avançadas", disse.
A estudante do Senac de técnico de gastronomia, Gerlândia Simões Pereira também desabafou. "Eu sou contra o corte, pois só sabe o que é fazer um curso de técnico de graça, numa instituição como o Senac, quem está de dentro fazendo. Minhas palavras são sinceras, pois depois que comecei a fazer, tudo melhorou em minha vida".
Pereira ainda disse que pretende fazer outras cursos, e que inclusive, já começará um novo em breve.
Entidades pedem ajuda por meio de petição pública
De acordo com a petição pública feita pelas entidades, a redução do orçamento pode acarretar no encerramento das atividades do Sesc e do Senac em mais de 100 cidades brasileiras e mais de R$ 260 milhões deixariam de ser investidos em atendimentos gratuitos.
"No caso do Sesc, seriam fechadas 36 unidades, com corte de 1.994 empregos, e haveria redução de 2,6 milhões de quilos de alimentos distribuídos pelo premiado Programa Mesa Brasil Sesc. Além disso, haveria a supressão de 2,6 mil exames de saúde e de 37 mil atendimentos em atividades de lazer. Cerca de 2 mil apresentações culturais, com público estimado em 14 milhões de pessoas, deixariam de ser realizadas", diz trecho da petição.
Já no caso do Senac, a petição alega que o desvio seria responsável pelo fechamento de 29 centros de formação profissional, encerramento de 31.115 mil matrículas gratuitas e mais de 7 milhões de horas-aula de cursos reduzidas. Como também, na demissão de 1.623 pessoas e do fim de 23 laboratórios de formação específica para a área do Turismo. O link para assinar a petição é: https://peticaopublica.com.br/....
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