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Ex-aluno da Ufal do Sertão conquista PhD na Universidade do Arizona: "O esforço vai valer a pena"

Alagoano se formou em engenharia civil em 2017 e após um ano conquistou bolsa para o doutorado na universidade americana

Por Vinícius Rocha 08/07/2023 08h08 - Atualizado em 08/07/2023 12h12
Ex-aluno da Ufal do Sertão conquista PhD na Universidade do Arizona: 'O esforço vai valer a pena'
Tássio Magassy, ao centro, ladeado por seu irmão e mãe, durante formatura nos EUA - Foto: Arquivo pessoal

Acostumado com o tempo seco e árido do Sertão alagoano, a falta de umidade do igualmente seco estado do Arizona, nos Estados Unidos, não foi um desafio para o alagoano Tássio Magassy, que recentemente conquistou o doutorado PhD pela Universidade Estadual do Arizona (Arizona State University).

O engenheiro civil formou-se no Campus do Sertão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em 2017 e, um ano depois, seguiu rumo a terras estadunidenses para continuar a carreira acadêmica.

“O calor feroz daqui em boa parte do ano, que para muitos é uma grande barreira, foi até fácil de se adaptar. Como eu já estava acostumado ao calor de Maceió e de Delmiro Gouveia, o clima árido do Arizona não foi tão desafiador assim”, revela Tássio.

Sua jornada começou ainda na graduação, quando no final do curso começou a buscar programas de pós-graduação no Brasil e no exterior. Ele se preparou por quase dois anos e, em 2018, conseguiu ingressar no mestrado em Engenharia de Transportes da USP, em São Carlos, mas a notícia da aprovação com bolsa para o doutorado na universidade americana o levou a voos mais distantes. Nos Estados Unidos, Tássio ganhou mestrado e doutorado, prática comum, segundo ele, para alunos que vão diretamente para o doutorado sem ter o mestrado, mas que desejam obter ambos os títulos no final da vida acadêmica.

“É um grande privilégio [a conquista do PhD]. Eu tenho boas lembranças dessas raízes e fico feliz por de certa forma representar o nosso estado por aqui, mas eu sempre quis ir pra longe, no sentido literal mesmo. Pelo fato de mais oportunidades disponíveis e potencial de crescimento estarem em grandes centros urbanos como no Sudeste do Brasil e no exterior, eu sempre acreditei que quanto mais longe eu estivesse de casa e da minha zona de conforto, maior seria o retorno. Apesar de estar longe da família e amigos, e da saudade de Maceió e do sertão de Alagoas, era um sacrifício que eu estava disposto a fazer”, conta, orgulhoso, o engenheiro alagoano.

Além do apoio incondicional da família nos momentos difíceis, outro fator determinante que o ajudou na permanência em terras estrangeiras foi a segurança e a infraestrutura encontradas por lá “Isso acaba influenciando positivamente na qualidade de vida. As pessoas sempre foram acolhedoras e amigáveis comigo por aqui”, conta.

Tássio Magassy nasceu em Maceió, mas com avós e tios morando em Delmiro Gouveia, viajava constantemente para o Alto Sertão para rever a família. “Cresci indo para o interior várias vezes por ano, me formei na Ufal do Sertão. Posso me considerar metade da capital e metade do interior”, brinca.

A distância dos laços familiares, principalmente da mãe, Jane Magassy e do irmão Thúlio, que é oficial do Exército Brasileiro, foi o maior desafio para o jovem doutor, mas a vontade de conquistar a carreira falou mais alto e hoje Tássio já deixou até o Arizona, mudando-se para Chicago, também nos EUA, onde trabalha na área de engenharia computacional para um laboratório do Departamento de Energia dos Estados Unidos.

“Em relação ao futuro ainda é difícil prever, eu acabei de começar um ciclo novo aqui em Chicago e estou animado, a curto prazo sei que vou ficar por aqui. A longo prazo ainda não dá pra ter certeza, eu tenho saudades do Brasil e quero voltar um dia, mas hoje quero continuar essa jornada profissional por aqui”, diz Tássio.

O engenheiro conta que sua pesquisa buscou trabalhar com análise comportamental e fatores humanos que influenciam a forma com que as pessoas se locomovem e utilizam diferentes serviços de transportes, explorando fatores psicológicos e sociais que possam afetar essas escolhas.

“A minha pesquisa explora bem essa área, relativamente escassa na literatura acadêmica, principalmente no sentido de novas tecnologias no setor de transportes, por exemplo patinetes elétricos, aplicativos de transportes, veículos autônomos, etc. A partir do momento que a gente consegue explorar quem são as pessoas que vão usar esses serviços, para quais finalidades, em quais momentos, por exemplo, a gente consegue fornecer informações relevantes tanto para desenvolvedores dessas tecnologias, que poderão entender melhor seus clientes e suas demandas, podendo assim melhor servi-los. O poder público (especialmente estados e municípios), também são fortemente beneficiados por esse tipo de pesquisa, tendo em vista que eles têm um papel fundamental de promover diretrizes para a acomodação desses serviços por parte da infraestrutura existente, de uma forma que cause o mínimo de transtorno possível, de forma a servir as necessidades de transporte das pessoas e evitando possíveis efeitos negativos oriundos dessas tecnologias”, detalha.

Tássio manda um recado para os jovens alagoanos que desejam ingressar na academia. “A universidade é uma grande porta para incontáveis oportunidades. O esforço vai valer a pena. Se você tem um sonho e vontade de explorar um leque de opções de carreira profissional dentro de uma área que te interessa, a universidade permite isso. Eu recomendaria sempre ficar atento às oportunidades presentes e explorá-las quando puder. Isso vai permitir que você crie conexões além de colecionar experiências e ensinamentos que serão valiosos no futuro”, aconselha.