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Alagoana de 78 anos ingressa na escola e se orgulha ao escrever seu nome pela primeira vez: "Pulei de felicidade"

Amara demonstra dedicação aos estudos e diz não gostar de faltar aulas, as quais aguarda com ansiedade

Por Redação* 17/07/2023 12h12
Alagoana de 78 anos ingressa na escola e se orgulha ao escrever seu nome pela primeira vez: 'Pulei de felicidade'
Amara Gomes Andrade da Silva se orgulha ao escrever seu nome pela primeira vez - Foto: Ascom Semed

Dona Amara é uma aluna dedicada da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI), na Escola Municipal Lenilto Alves, localizada no Jacintinho, Maceió.“Falta o resto, mas aos poucos estou conseguindo. Foi uma alegria tão grande quando eu escrevi pela primeira vez, pulei de felicidade”, diz a estudante, relatando a emoção de escrever suas primeiras frases. Ainda quando estava na segunda série do fundamental, teve que abandonar os estudos para ajudar sua família e agora está cada vez mais próxima do sonho da alfabetização.

Amara demonstra dedicação aos estudos e diz não gostar de faltar aulas, as quais aguarda com ansiedade. Ela conta não se lembrar do que aprendeu durante a infância e que não chegou a desenvolver leitura e escrita na época. “Depois de fazer o meu nome, eu consegui escrever ‘Jesus eu te amo’. Foi difícil. Para conseguir eu tive que juntar letra com letra e acabei preenchendo uma folha toda com essa frase, passei a noite toda fazendo isso em casa. E não foi tarefa da escola não, foi eu mesmo que quis. Às vezes nem durmo porque eu faço todas atividades. Estou aprendendo ainda", afirma humildemente.

De volta aos estudos há um ano, dona Amara recorda com tristeza a lembrança de que sua mãe, que era empregada doméstica, chegava cansada em casa e não conseguia ajudá-la com os estudos, “Fiquei nervosa, começava a chorar, porque eu pegava um livro que tinha lá, tentava, mas depois deixava para lá”. Aos poucos ela se ocupou com serviços de casa e acabou abandonando os estudos de vez.

Durante a infância e a adolescência, a estudante ajudava os pais que eram agricultores. Amara lidou com lavouras de mandioca e cana-de-açúcar, foices e enxadas. “No interior, a gente só sabia pegar nas enxadas, hoje a gente pega na caneta” ela relata sorridente. Sandra, filha de dona Amara, foi quem trouxe de volta esse sonho. Sandra estava voltando a estudar, também através do EJAI, e incentivou a mãe a acompanhá-la. A senhorinha de 78 anos relembra que se sentiu inspirada e animada quando soube.

Além da vida difícil a aluna da EJAI relembra que um de seus filhos não aceitou bem seu retorno a escola, mas que seguiu seu sonho e hoje está realizada. Dona Amara que é viúva e mãe onze, é uma das alunas do primeiro período da EJAI na turma da professora Alineide Maria Lima.

“Dona Amara é um presente para a Lenilto [ escola ]. Uma pessoa de 78 anos que não falta um dia de aula, que está sempre disposta, feliz, alegre, satisfeita. Ela consegue fazer com que nós cada dia lutemos pela EJAI, que aconteça dentro da rede municipal, e que se evidencie na Educação. Quando ela chega é um exemplo, quando ela passeia na escola sempre está com um sorriso no rosto, nunca triste, e isso faz a diferença na vida da gente”, diz Renilda Lopes, diretora da escola Escola Lenilto Alves.

Além de dona Amara, cerca de 35 idosos fazem parte da Educação de Jovens, Adultos e Idosos, que integram do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental. “Para a gente é uma grande relevância essa superação desses estudantes, muitas vezes os nossos idosos têm dificuldade de enxergar por causa de alguns problemas na vista, mas quando eles conseguem a gente vê um brilho no olhar. É muita superação, além do cansaço do dia a dia, mas para alguns é uma terapia, porque está todo mundo em conjunto, unido para um propósito”, afirma Ricardo Almeida, coordenador da Coordenadoria de Educação de Jovens, Adultos e Idosos da Semed.

*Com Alagoas Notícia boa