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Semed tapa o sol com a peneira e CMEI no "Biu" recebe apenas reparos pontuais
A reportagem do Jornal de Alagoas foi até o local e encontrou algumas irregularidades
Problemas e solicitações não atendidas. O Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Maria José de Oliveira, localizado no bairro do Benedito Bentes, atende 204 crianças da região. O local é marcado por diversos furtos, foram 9 somente em 2023 e problemas estruturais crônicos.
Ar-condicionado, pano de mesa, panelas, bomba dosadora de cloro e até mesmo as câmeras de segurança estão na lista de objetos furtados da escola, informa o diretor do CMEI, José Reginaldo (57).
A reportagem do Jornal de Alagoas foi até o local e encontrou algumas irregularidades que, segundo os responsáveis, José Reginaldo, diretor da escola e Simone Silva , vice, já foram informadas “trocentas vezes” à Semed e só recebem “ajudas pontuais”, sem a devida atenção aos problemas.
A escola entrou em paralisação por 2 dias, devido à falta da bomba dosadora de cloro, responsável por manter a água do reservatório limpa e própria para consumo. Após notícia do Jornal de Alagoas, publicada no dia 7 de novembro, a Semed encaminhou profissionais à escola. Os reparos da parte hidráulica foram realizados e a bomba, que tinha sido furtada, foi reinstalada.
Reginaldo contou à reportagem que a água enviada pela Semed era certificada pela Vigilância Ambiental, porém, continua dizendo:
“a Semed mandou outra empresa, a Via Ambiental, essa mesma que faz a coleta de resíduos, como faz também a distribuição de água em vários outros lugares e coloca nos canteiros [como o da Av. Fernandes Lima], mas não estou dizendo que é a mesma água”, entretanto ele continua: “o caminhão que trouxe a água não tinha a certificação da Vigilância Ambiental.”
Após a chegada da água, outro teste foi solicitado, a contaminação foi constatada e as aulas paralisadas. A segunda contaminação em menos de um ano.
Em nota, enviada no dia 8 de novembro, a Secretaria disse que realizou, nesta data, a limpeza do reservatório do CMEI Maria José de Oliveira. Além disso, a entidade também informou que iria viabilizar a contratação de uma nova empresa para o fornecimento de água, por caminhão pipa.
Porém, muito há de ser feito, enquanto caminhava pela escola, Simone apontava algumas coisas curiosas. Uma expansão da escola, prometida pela Semed, teve início. Porém, nada além disso. Escavações foram realizadas, onde a estrutura das paredes seriam colocadas, mas, a empreiteira abandonou as obras, deixando somente os buracos no solo.
A secretaria foi informada da situação e enviou pedaços de madeira fofa para tapar as valas que ficaram abertas.
"É porque houve problema lá contratual e a empresa saiu da jogada e a gente pediu pra que eles fizessem o isolamento da área no início do ano letivo. Eles tentaram aqui colocar uma umas coisas aí, mas não deu muito certo principalmente no período de chuva. Na verdade, tinha até porta de guarda-roupa, nisso daí"
"Chega até a um metro e meio de profundidade", diz o diretor da escola. As salas modelo, tem abertura direta para a área externa, dificultando ainda mais o trabalho dos profissionais da educação e trazendo risco aos pequenos.
Como ficam os pais
Maria Cláudia Timóteo (55), é mãe de criança atípica, Maria Helena (2) tem TEA. Ela conversou com a reportagem e se disse indignada com a situação da instituição.
“Aqui é um CMEI esquecido. Né?" É como Maria começa a entrevista.
Ela segue, repudiando a falta de atendimento popular na secretaria.
"Eu mesmo já fui mil vezes lá na secretaria. Nunca encontro a secretária Parece que o gabinete dela não é lá na Secretaria de Educação, é em outro local. Deixe o nome, deixa o telefone pra marcarem pra mim ir lá. Nunca marcam.”
Ela falou sobre a necessidade de existir um olhar mais cuidadoso com a escola municipal.
“Aqui é um CMEI que tem vestiário, bebê, tem crianças atípicas, é esse descaso meu amigo, é esse descaso.”
A mãe diz enxergar a possibilidade de um acidente, quanto aos buracos no local.
“Eu só vejo mídia, mas solução nenhuma.” e permanece dizendo, em tom de cobrança: “ E por parte da SEMED, por exemplo, aqueles buracos ali atrás já teve reportagem, já veio pessoas da secretaria, viu tudo, disse que ia fazer alguma coisa e não faz nada.”
Os perigos dos buracos, próximos ao pátio, onde as crianças brincam é um assunto importante, Maria defende a instituição e os trabalhadores da escola, que “fazem a parte deles, mas ficam de mãos atadas”
“Sabe que criança cega até os pais, né? Imagine um monte de criança pros professores tomar conta, se de repente uma criança cai ali, o pai vai culpar a escola. Mas a escola não tem culpa porque o poder público já veio, já viu e não fez nada.”
E finaliza a conversa, com a voz triste diante do abandono encontrado diariamente.
“E o mais triste é que não vão fazer nada, entendeu? A gente não sabe mais o que fazer”