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Defensor Público pede realocação imediata e indenização justa para moradores dos Flexais
População não quer deixar suas casas até que tenham a comprovação de que serão compensados pelas perdas
Ricardo Melro, coordenador do Núcleo de Proteção Coletiva da Defensoria Pública de Alagoas, publicou um texto, em suas redes sociais, nesta sexta-feira (1), alertando e cobrando as autoridades para que uma medida seja tomada, diante do problema das Flexais. Os moradores do local pedem realocação imediata após colapso em mina da Braskem.
Em sua fala, Melro diz que a Defensoria Pública de Alagoas solicitou, na tarde da última quinta-feira (30), que: “a Justiça Federal reaprecie os pleitos liminares antes indeferidos.” Ainda na publicação, o defensor pontuou que as solicitações incluem realocação dos moradores da área com justas indenizações, suspensão de quitação geral, pelo recebimento de 25 mil, “entre outros.”
Passando por um processo de ilhamento social, os habitantes das Flexais vivem um dilema. Ricardo retrata a realidade dos que permanecem na região, fazendo um recorte da magnitude do problema, dizendo que as vítimas estão sendo obrigadas a permanecer no bairro e que os moradores “não merecem continuar em situação de dano diário, seja pelo isolamento, seja, agora, pelo risco e pavor por tudo que está ocorrendo.”
Ao fim do texto, o coordenador cobra das autoridades e critica a gestão municipal, pela maneira que lida com os moradores ilhados, dizendo: “A prefeitura de Maceió, juntamente com a Braskem e a União, insistem, no processo, em manter essas vítimas nos Flexais.”
“Não é exercício de futurologia”, diz Melro sobre a “possibilidade da Defesa Civil ampliar o mapa, para incluir os Flexais na área de risco, a fim de justificar a realocação e, com isso, dar o braço a torcer que já era possível fazê-la há mais de 1 ano com fundamento no ilhamento social, conforme todos os estudos.” e finalizou cobrando: “Então, que faça a atualização do mapa.”
Valdemir Alves dos Santos (54), morador da região conversou com o Jornal de Alagoas e demonstrou indignação com a abordagem das autoridades responsáveis pelo cuidado com as vítimas: “isso não existe, querer tirar a gente da nossa casa para levar pra abrigo? dormir no chão, como se fosse desabrigado, morador de rua? Isso não existe!”
Alves é proprietário de uma casa no Flexal de Baixo e alega ter recebido uma proposta de R$ 25 mil reais pelo imóvel, mas não se sentiu acolhido da maneira correta.
“A gente luta há mais de dois anos para ser realocado, receber o aluguel social, aí um qualquer, um nada, que não representa a gente que mora aqui, é acolhido pela Defesa Civil e pela Prefeitura para representar a gente, mas não representa, de forma alguma.”
Valdemir lembra da noite da última quarta-feira (29), onde, segundo ele: “onze horas da noite vieram sete viaturas aqui, mais três ônibus e mandaram a gente sair das nossas casas e ir para umas escolas, que chamaram de abrigo, mas a gente não sai.”
Ele encerra a fala dizendo que quer até deixar o estado de Alagoas, ´por “desgosto do que fazem com a gente.” Valdemir define o que poderia ter sido feito para resolver a problemática, dizendo que isso acontece por: “falta de responsabilidade de um gestor municipal e da Defesa Civil que estava dentro da situação e negou o direito de cada popular que vive aqui. A gente só queria nossa indenização pra mudar daqui, a gente não tá resistindo, só queremos a compensação financeira pelos três principais pilares, que são danos patrimoniais, extrapatrimoniais e danos morais.”
O risco em sair às pressas, segundo moradores, é de saques e roubos em suas residências. Ronaldo Vicente (50), que é morador da região há mais de 45 anos, fala que é difícil sair de sua casa, já que grande parte dos moradores mais antigos, dependem da atividade pesqueira na lagoa para a subsistência.
O pescador comenta que a Prefeitura de Maceió sabe do que está acontecendo com o bairro, mas não colaborou para melhorar a situação de vida. Ele critica a maneira que foram informados sobre a evacuação e como o processo de abrigo foi realizado
“Tem pelo menos 5 laudos técnicos mostrando que não pode mais morar ninguém nessa região, mas ninguém veio aqui perguntar o que a gente precisa, nem muito menos ajudar a gente a ser reconhecido, para recebermos a realocação do jeito certo, a gestão municipal sabe disso, mas não se mexem pra ajudar, precisa abrir uma cratera pros caras virem pra tentar tirar a gente daqui”