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Defesa Civil de AL diz que não há risco de colapso da Mina 18; Município nega e mantém alerta máximo
As instituições responsáveis por monitorar a mina 18, da Braskem, em Maceió, têm análises diferentes sobre a situação da área
A Defesa Civil Estadual informou, nesta segunda-feira (4), que o deslocamento do solo, da mina 18, está estabilizado há dois dias. O coordenador do órgão, coronel Moisés Melo, deu a declaração à imprensa antes de participar de uma reunião, para apresentar os dados levantados sobre a mina aos geólogos especialistas em desastres que participam da intervenção.
A Defesa Civil do Município, entretanto, não compartilha o mesmo posicionamento sobre o assunto e mantém o alerta de risco de colapso. Em nota, o órgão municipal disse:
"A velocidade vertical reduziu para 0,25 cm por hora, apresentando um movimento de 6 cm nas últimas 24h. O órgão permanece em alerta máximo devido ao risco iminente de colapso."
O alerta de risco é ponto de convergência entre as esferas Estadual e Municipal, devido ao afundamento que chegou a 1,77m até a manhã desta segunda. De acordo com as entidades, ninguém deve trafegar na região, nem sequer navegar embarcações nas redondezas do campo do CSA, no Mutange.
Encontro com geólogos e especialistas
Nesta segunda, um encontro foi realizado entre Defesa Civil Estadual, Instituto do Meio Ambiente (IMA), e Departamento de Recursos Minerais (DRM) do Rio de Janeiro, aconteceu na sede do IMA, no bairro Farol. Os geólogos técnicos, vindos do Rio de Janeiro, colheram informações por meio de gráficos e vão ser direcionados para o Mutange e para as regiões próximas ainda nesta segunda. Um novo sobrevoo também foi agendado para o acompanhamento da situação da mina.
O coordenador Moisés destacou que, apesar da estabilização momentânea, novos tremores de terra devem atingir a capital alagoana. A cada ano, desde 2018, os equipamentos de monitoramento registraram afundamento de milímetros, e agora a mina está afundando centímetros por hora, o que mantém forte preocupação.
"A mina já está estabilizada, a quantidade de massa que desceu é proporcional, chega muito perto do preenchimento da cavidade. Não oferece riscos de dolinamento [...] Mas Maceió vai ter que conviver com esses tremores por um longo tempo", disse em entrevista.
"Ela hoje não corre risco de colapso, até o dia 30 de novembro e o dia 1º de dezembro, havia sim, mas agora está estável. A lagoa praticamente não sofreu nenhum dano. A mina foi preenchida com esse caminho que estava direcionada do subsolo à superfície. Não tem risco de contaminação por sal. Temos o crime ambiental, mas temos que ter muita cautela para os próximos estudos que vão ser apresentados pelo IMA, secretaria do Meio Ambiente, e Defesa Civil do Estado", continuou.
O coordenador da Defesa Civil de Maceió afirmou ainda que, outras minas podem ter o mesmo processo que houve com a de número 18, porém com manutenção da estabilidade e com as devidas medidas de segurança, o preenchimento delas deve ser retomado pela mineradora Braskem.
"Houve subsidência de quase 2 metros, que foi essa área que desceu, ficou abaixo do nível normal, em direção à mina, e isso gerou a estabilidade da mina. Não quer dizer que as outras minas surjam de novo subindo em direção à superfície, mas em relação a mina 18 está estável, e isso é o que aponta os gráficos e a leitura dos equipamentos, e não tem mais risco de colapso".
"Futuramente será liberada [a região], após os novos estudos, com estabilidade, mas vai ser dado um tempo, para que essa estabilidade se concretize, com margem de segurança, isolamento social, distanciamento da população, e aí a empresa deverá retomar o preenchimento", concluiu.
Equipe do Rio de Janeiro
O presidente do Departamento de Recursos Minerais (DRM-RJ), Luiz Cláudio Almeida Magalhães, destacou que os geólogos estão colhendo as primeiras informações, e não há um laudo conclusivo sobre a situação.
"Nós tivemos uma primeira reunião para ter uma noção geral, e começamos hoje uma reunião de trabalhos efetivos, com geólogos técnicos que vieram sob minha coordenação. Vamos ter uma amplitude do problema, e à tarde teremos um sobrevoo, para a gente auxiliar da melhor maneira possível o que o estado de Alagoas nos solicitar".
"Nesse momento, precisamos de informações maiores. Hoje está tendo a apresentação de gráficos, e depois vamos até as regiões in loco. Nós temos que ter tranquilidade nesse momento para passar o que realmente está acontecendo ali. Vamos entregar os estudos, as análises, mas as tomadas de decisão são do executivo", finalizou.
A equipe vai passar a semana toda em Maceió, com o objetivo de fazer o levantamento da situação da mina e das possíveis intervenções que podem ser feitas na área.
*Com informações da Defesa Civil e TNH1