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“Prefeitura nunca ajudou“, diz representante das vítimas da Braskem

Quando questionado, Sampaio disse não haver surpresas em relação à falta de representantes políticos no ato

Por Ylailla Moraes* e Raphael Medeiros 06/12/2023 10h10 - Atualizado em 06/12/2023 14h02
“Prefeitura nunca ajudou“, diz representante das vítimas da Braskem
Manifestantes fecham a Fernandes Lima em protesto - Foto: Raphael Medeiros

Na manhã de hoje, 6, em um dos maiores protestos desde 2019, a população dos bairros afetados pela Braskem saiu às ruas,  liderada pelo presidente da Associação dos Empreendedores Vítimas da Braskem, Alexandre Sampaio. Em uma entrevista ao Jornal de Alagoas, ele ressaltou a urgência da manifestação.

Quando questionado, Sampaio disse não haver surpresas em relação à falta de representantes políticos no ato, afirmando: "Não sinto falta de representatividade, sabe por quê? Porque eles sempre foram ausentes. Vereadores, deputados, o governador anterior e esse, o prefeito anterior e esse, os ministérios públicos, a gente luta sozinho nessa cidade sitiada pela Braskem."

A principal reivindicação da população é a revisão dos acordos com a mineradora, como explicou o presidente do movimento: "A pressão para a revisão dos acordos, para que a gente possa receber os valores corretos”, ele ainda ressaltou que a Braskem apagou menos do que 10% do que deve às vítimas.


Uma das vitimas, Jackson Douglas, de 42 anos, fala sobre o objetivo do ato:  ‘’Lutar por justiça e a indenização justa para todos os afetados, diretos e indiretos. A nossa luta é isso, é mostrar ao mundo que fomos injustiçados, eles nos pisaram, nos massacraram, eles nos assassinaram., disse ele.

Além disso, Jackson ressalta a falta de ajuda da prefeitura: ‘’Ele [JHC], é fato, ele nunca ajudou a população, pelo contrário, ele só mentiu e abandou a população.’’, conclui ele.

Outro ponto cobrado foi a falta de transparência na gestão da crise, em relação a isso, ele critica o posicionamento dos governantes em meio a problemática: "Eu não posso ter dois moleques que são o governador e o prefeito brigando pelos seus interesses políticos e sem nenhum gabinete de técnico de crise."

Sobre a briga entre Estado e município, ele dá ênfase aos riscos enfrentados pela população: "Tem 10 mil pessoas que estão ali nos flexais, no Bom Parto, na José Silveira Camerino, na Vila Saem, que estão angustiadas, adoecendo, porque não sabem o que acontece quando as suas casas tremem."

Sobre a mina 18, Sampaio falou sobre o risco iminente na região, e afirmou que houve uma demora na resposta : "Desde setembro a Braskem, o Ministério Público e a Defesa Civil sabiam do risco de colapso da mina. A Braskem atrasou o tamponamento da mina 18 porque ela já apresentava instabilidade."

Diante da falta de ação do governo federal, Sampaio apelou: "O governo federal precisa intervir no estado de Alagoas. Precisa tirar a Defesa Civil e o prefeito da gestão dessa crise caótica e colocar técnicos para tomarem decisões corretas com base na ciência."

Grande parte dos protestantes afirmam que o tratamento dos moradores do Pinheiro foram realocados com velocidade e com valores mais justos, porém, os moradores das Flexais (baixo e cima), mutange e das quebradas sofrem para receber o valor, que não foi ofertado.

Outro ponto abordado pelos protestantes, foi a realocação, pedido antigo dos moradores das regiões atingidas, que receberam ônibus e viaturas para serem retirados de suas casas, para levá-los para escolas municipais. Em contraponto, os moradores do Pinheiro foram levados à hotéis e pousadas.

Nas ruas da Avenida, Sampaio ainda fez um chamado à população: "Vamos à luta! Hoje à tarde, na Câmara de Vereadores, teremos uma audiência pública sobre a Lagoa, falar sobre as questões dos pescadores e marisqueiros que foram atingidos pela Braskem. Muito obrigada e vamos à luta!".

*Estagiária sob supervisão