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Mina de sal semelhante à da Braskem causou danos em casas nos EUA

Em Nova York, a 'Retsof' colapsou há quase três décadas

Por Ylailla Moraes* 17/12/2023 13h01 - Atualizado em 17/12/2023 14h02
Mina de sal semelhante à da Braskem causou danos em casas nos EUA
Mina de sal semelhante à da Braskem nos EUA causou danos em casas - Foto: Foto ilustrativa / Reprodução - internet


O afundamento do solo em Maceió, provocado pela extração de sal-gema pela Braskem, tem ganhado contornos mais preocupantes com o recente rompimento da mina 18, localizada no Mutange. O caso vem sendo acompanhado por autoridades locais, e a situação torna-se ainda mais alarmante ao observarmos o incidente ocorrido em 1994 nos Estados Unidos, na maior mina de sal da América do Norte, a 'Retsof', localizada em Nova York.

Em Nova York, a 'Retsof' colapsou há quase três décadas, desencadeando uma série de eventos catastróficos. O colapso abriu buracos gigantes na região, permitindo que a água subterrânea de aquíferos invadisse as minas de sal a uma vazão impressionante de até 19 mil litros por minuto. Embora não tenha resultado em ferimentos, a tragédia causou danos estruturais em casas e provocou vazamentos de gases metano e sulfeto de hidrogênio na atmosfera.

A mina 'Retsof', que ocupava uma área de 26 quilômetros quadrados, foi palco de uma catástrofe anunciada. Autoridades locais emitiram avisos de precaução na véspera do colapso, alertando para solavancos na rodovia próxima. Além disso, quatro meses antes, a parte da mina que desabou já havia sido fechada devido a riscos potenciais.

O colapso iniciou-se em 12 de março de 1994, resultando em uma cratera com 60 metros de diâmetro e 6 metros de profundidade. O incidente, acompanhado por tremores subsequentes, ampliou a cratera para 180 metros de diâmetro. As atividades de extração foram transferidas para a parte norte da mina, mas em novembro do mesmo ano, a mina já estava totalmente inundada.

O desafio de lidar com as consequências persistiu por anos. Em 2006, a empresa holandesa Akzo Nobel, responsável pela mina, iniciou esforços para dessalinizar a área, bombeando a salmoura para fora da mina. No entanto, em 2010, um acordo com o Departamento de Conservação Ambiental de Nova York e o condado de Livingston foi estabelecido. A Akzo Nobel pagou US$ 20 milhões, destinados a reparos no sistema de água e monitoramento da água subterrânea.

O caso da 'Retsof' serve como um alerta global para os riscos associados à extração de sal-gema e os impactos significativos que podem ser causados, não apenas no solo, mas também nas reservas de água e na estabilidade ambiental.

Em Maceió, o trabalho de extração pela Braskem, interrompido em 2019, continua a afetar os bairros do Pinheiro, Mutange, Bom Parto, Bebedouro e Farol. O colapso em Nova York ressalta a urgência de medidas rigorosas para monitorar e mitigar os riscos relacionados à mineração e exploração de recursos naturais. 

*Estagiária sob supervisão