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Deserto de informação: Semed e empresa de transporte escolar municipal silenciam após denúncias

Órgão do município e terceirizada são alvo de críticas de alunos e profissionais da área

Por Raphael Medeiros 18/12/2023 15h03 - Atualizado em 18/12/2023 16h04
Deserto de informação: Semed e empresa de transporte escolar municipal silenciam após denúncias
Garagem da Localyne em Maceió - Foto: Foto: Paulo Bugarin

A empresa responsável pelo transporte escolar do município de Maceió, Localyne Turismo e Transporte, vem sendo alvo de reclamações e denúncias pela má qualidade do serviço prestado aos alunos da rede de ensino da capital alagoana. O Jornal de Alagoas (JAL) questionou os gestores sobre as denúncias e esteve na sede da companhia nesta segunda-feira (18), mas não foi recebido, mesmo tendo marcado uma entrevista previamente. 

Na última sexta-feira (15), o JAL esteve na garagem da prestadora de serviços e encontrou ônibus em condições precárias para o atendimento às crianças maceioenses. A Secretaria Municipal de Educação (Semed) que possui o contrato com a Localyne também ignora os questionamentos da reportagem. 

Segundo os próprios profissionais da educação de Maceió, alunos são transportados em pé e os ônibus fazem rotas com o dobro de alunos do que o recomendado. Em uma delas, a Escola Municipal Paulo Bandeira, no Benedito Bentes, documentos mostram que a Localyne chega a transportar mais de 80 estudantes de uma só vez. 

Calor, veículos antigos e sujos em condições precárias oferecem risco á "risco à integridade física dos alunos e trabalhadores". Estas informações constam em documentos e relatórios produzidos pelos gestores das unidades escolares maceioenses, que, inclusive, são encaminhados mensalmente à Semed, que não oferece respostas concretas aos problemas. 

Diretores de unidades municipais já afirmaram que a Semed é omissa aos chamados e reclamações abertas. O Atesto de Transporte Escolar de várias unidades impressiona, ao mostrar 70, 80 crianças por rota, sendo que, o ideal para a segurança dos alunos, seria de, no máximo, 40 crianças por veículo.

Na garagem da Localyne, empresa sergipana que possui sede também em Maceió, localizada no bairro do Farol, podem ser vistos ônibus quebrados e parados no pátio, com pneus carecas e desgastados. Outros com o para-choques quebrados, bancos sujos e empoeirados, sem ar-condicionado, ou cinto de segurança para os pequenos.

Ao ser perguntada, na última sexta-feira (15), sobre quantas ordens de serviço foram abertas, em 2023, para o reparo de veículos escolares, a Secretaria Municipal de Educação não respondeu. Em nota, divulgada no dia 8 de novembro, a Secretaria divulgou que a frota de ônibus escolares em Maceió soma 207 veículos, sendo 27 próprios da Secretaria Municipal de Educação. São 235 rotas de transporte, atendendo 13 mil alunos, em 91 escolas.

Em suma, a Secretaria afirmou que: “ A Secretaria Municipal de Educação (Semed) tem trabalhado e vem buscando alternativas para ampliar e modernizar a rota.”, o que não faz juz com a realidade.

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Em entrevista ao JAL, uma funcionária da Escola Municipal Major Bonifácio Silveira, localizada na Gruta De Lourdes, que não quis se identificar por medo de represálias da Secretaria Municipal de Educação, afirmou: “não tem quem não reclame do serviço, seja pai, aluno ou funcionário.”

Em outro momento, a servidora também criticou a posição da Secretária de Educação de Maceió, Jó Pereira. Ela comentou que após o início do mandato da secretária, ainda em maio de 2023, nada melhorou. Em suas palavras, a entrevistada disse: “não tem como defender, depois que ela assumiu, nada se resolve” e afirmou ainda que a secretaria “não colabora como deveria, estamos sozinhos para tudo.”

O Jornal de Alagoas, por solicitação da diretora da Localyne entrou em contato com a assessoria de imprensa da empresa mas, até o fechamento desta matéria, não recebeu respostas. Procurada, a Secretaria Municipal de Educação também não respondeu.